É #FAKE que piloto do helicóptero militar que colidiu com avião em Washington era uma mulher trans


Publicações falsas surgiram nas redes sociais após o presidente Donald Trump ter sugerido que políticas de inclusão do setor aéreo eram as culpadas pelo acidente. É #FAKE que piloto do helicóptero militar que colidiu com avião em Washington era uma mulher trans
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Circula nas redes sociais uma alegação falsa de que uma mulher trans era o piloto do helicóptero que colidiu com um avião da American Airlines em Washington, nos Estados Unidos, em 29 de janeiro. É #FAKE.
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As publicações mentirosas
🛑 O que dizem as mensagens falsas? Elas passaram a circular logo após o pior acidente aéreo dos Estados Unidos em mais de 20 anos: foram 67 mortos, sendo três delas tripulares miliares de um helicóptero Black Hawk. Alguns conteúdos citavam especificamente que o helicóptero tinha no comando o piloto Joe Ellis. Veja abaixo dois exemplos publicados a partir de 30 de janeiro:
“US Mídia: O piloto do helicóptero militar Black Hawk que colidiu com um avião de passageiros em Washington era um transgênero anti-Trumpista. A mídia relata que o piloto Joe Ellis se manifestou contra a ordem executiva de Trump que proíbe pessoas transgênero de servir nas Forças Armadas depois que o presidente dos EUA anunciou sua intenção de fortalecer os padrões de voo e abandonar a política inclusiva”.
“Aparentemente o piloto do helicóptero era trans”.
“O que sabemos: O piloto do helicóptero era uma mulher asiática trans deficiente”.
🛑 O que Trump afirmou sobre a tragédia? Horas depois do acidente, em um pronunciamento concedido em 30 de janeiro de 2025, o presidente partiu para o ataque político. Sem evidências, acusou Barack Obama e Joe Biden de terem prejudicado padrões de segurança do setor de aviação americano ao promoverem políticas de diversidade.
Sobre Obama, a quem sucedeu na Casa Branca no mandato anterior, afirmou falsamente que o democrata contratou “pessoas com deficiências intelectuais” para postos decisivos nessa área.
Sobre Biden, culpou-o por repetir a conduta de Obama e “piorá-la ainda mais”.
Ao colocar a culpa do desastre nas iniciativas para inclusão de pessoas com deficiência da Agência Federal de Aviação, declarou que o órgão “recruta pessoas que sofrem de deficiências intelectuais graves, problemas psiquiátricos e outras condições mentais e físicas”.
Fato ou Fake: a checagem passo a passo
▶️ Havia três pessoas no helicóptero, nenhuma das quais se chamava Joe Ellis, como citam mensagens mentirosas. Veja quem eram elas:
A capitã Rebecca M. Lobach, de 28 anos – Inicialmente, as Forças Armadas dos Estados Unidos não divulgaram o nome de quem estava pilotando o helicóptero militar. O sigilo atendia a um a pedido feito pela família, que depois voltou atrás e, em 1º de fevereiro de 2025, emitiu uma declaração.
O suboficial Andrew Loyd Eaves, de 39 anos – Atuava como avaliador do voo da capitã Rebecca M. Lobach. Seu nome foi confirmado pelo governador do Mississippi, Tate Reeves.
O sargento Ryan Austin O’Hara, de 28 anos – Era o chefe da tripulação do helicóptero.
▶️Já a militar Jo Ellis, falsamente apontada como piloto do helicóptero, publicou em 31 de janeiro um vídeo em sua conta do Facebook para desmentir seu envolvimento com o acidente e dizer que está viva:
“Sou Jo Ellis, piloto de Black Hawk da Guarda Nacional do Exército da Virgínia. Entendo que algumas pessoas me associaram ao acidente em [Washington] DC, e isso é falso. É um insulto às famílias tentar vincular isso a algum tipo de agenda política. Elas não merecem isso”️.
▶️ No mesmo dia 31 de janeiro, o jornal “The New York Times” publicou uma reportagem sobre ela. Veja dois trechos do texto:
“Jo Ellis, uma piloto de helicóptero da Guarda Nacional do Exército da Virgínia, foi falsamente identificada como capitã do helicóptero Black Hawk […] em milhares de postagens nas redes sociais nesta semana. A onda de falsidades foi tão extrema, que a Srta. Ellis, que é transgênero, postou um vídeo de ‘prova de vida’ no Facebook esclarecendo que está viva e não havia pilotado o helicóptero envolvido no acidente”.
“As falsidades, que tentaram vincular a identidade transgênero da Srta. Ellis à tragédia, se espalharam on-line logo após o presidente Trump e seus aliados tentarem vincular o acidente em Washington aos chamados programas D.E.I., uma série de iniciativas destinadas a impulsionar a diversidade, a equidade e a inclusão no local de trabalho. Não há evidências de que tais programas tenham desempenhado qualquer papel no acidente”.
▶️ Embora Trump tenha associado o desastre aéreo a campanhas de diversidade dos ex-presidentes Barack Obama e Joe Biden, ações de inclusão antecedem os governos dos dois democratas.
A política de estímulo de contratação de pessoas com deficiência teve início na gestão de George W. Bush, em 2003. A medida teve como base uma lei de 1973, que protegia veteranos de guerra da discriminação em programas do governo.
Trump também disse durante o pronunciamento de 30 de janeiro que derrubou essas políticas em seu primeiro mandato, iniciado em 2017, mas os padrões de contratação não sofreram qualquer mudança.
É #FAKE que piloto do helicóptero militar que colidiu com avião em Washington era uma mulher trans
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