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Isadora Rezende, de 21 anos, estuda sozinha engenharia de produção na Universidade Federal de Lavras, no campus de São Sebastião do Paraíso (MG). ‘Criei vínculos de amizade com os professores’, conta. Estudante é a única aluna do curso de Engenharia de Produção de universidade em MG
✍️Você costumava “matar” aula na faculdade, pedindo para alguém assinar seu nome na lista de presença? “Colava” muito em provas? Ou fazia parte do time dos mais estudiosos, que sofriam com a ineficiência (para sermos educados) dos amiguinhos nos trabalhos em grupo?
Pois bem. Isadora Rezende, aprovada em 2022 na Universidade Federal de Lavras (Ufla), não tem nem opção. Não pode matar aula. É impossível colar. E não faz nenhum trabalho em grupo. Simplesmente porque ela é a única estudante do 3º ano de engenharia de produção, no campus de São Sebastião do Paraíso (MG).
“Meus professores nunca imprimiram uma folha de chamada na minha classe. Sou só eu. Ou estou, ou não estou”, brinca Isa, de 21 anos, ao dividir com o g1 suas experiências de “aluna particular”. Quando ela postou um vídeo sobre isso no TikTok, alcançou mais de 3 milhões de visualizações.
Mais abaixo, veja o TOP 5 de momentos inusitados listados pela jovem (envolvem idas ao banheiro e confissões de uma estudante em crise).
👩🎓Por que ela é a única? Na Ufla, os interessados em cursar qualquer uma das engenharias estudam juntos no 1º ano: é um ciclo básico, formado por disciplinas gerais, como física, química e cálculo. É só no 2º ano que cada um opta por uma área de especialização.
“No primeiro dia de aula, já fui a única [dos 12 da turma] a falar de engenharia de produção. Todo mundo só queria engenharia de software, que é a mais queridinha. Ali, eu já imaginava que, em algum momento, passaria a estudar sozinha”, conta.
Pressentimento correto: em 2023, no 3º semestre da graduação, Isadora foi obrigada a seguir “carreira solo”. Não havia sequer veteranos, porque a inauguração do campus de São Sebastião do Paraíso ocorreu justamente no ano de aprovação da jovem.
Pode parecer uma experiência solitária, mas está felicíssima com suas aulas (particulares).
“Consigo socializar e interagir com os meus amigos em outros momentos, como em eventos e nos núcleos de estudo dos quais faço parte. Participo de várias atividades extracurriculares também. Mas na parte de disciplinas, aí faço sozinha mesmo. Em nenhum momento, achei constrangedor. Só os professores que às vezes estranham”, diz.
Confira um compilado de 5 experiências vividas por Isadora:
1- 💛BFF dos professores
Isadora Rezende é a única aluna da classe
Arquivo pessoal
Isadora é comunicativa (pensava até em fazer artes cênicas ou jornalismo). Não tem jeito: virou melhor amiga dos professores, já que passa mais tempo sozinha com eles do que com qualquer outro colega da universidade.
“A gente cria vínculos de amizade mesmo. As aulas rendem muito, mas também rolam momentos de descontração. E eles se preocupam comigo”, diz a aluna.
“Em setembro de 2024, tive cólica renal e não pude ir à aula. Obviamente, todos os meus professores ficaram sabendo. Quando voltei, eles ficaram no meu pé, perguntando sem parar: ‘bebeu água, Isa?’, ‘não precisa ir ao banheiro?’”
2- 🚽’Posso ir ao banheiro?’
Por falar em toaletes, não há como a única aluna da turma simplesmente levantar e sair da sala sem avisar ao docente, certo? Isadora retoma uma prática um tanto “escolar”: pede autorização até para fazer xixi.
“O professor vai sempre estar olhando para mim. Fico constrangida até de ver a hora no celular. É falta de educação, né? A pessoa está ali, me dando toda a atenção”, conta.
A mesma saia-justa acontece quando Isadora está com sono. Em uma sala de 30 estudantes, um bocejo até pode passar despercebido — mas definitivamente não é o caso da nossa “aluna única”.
“Fico totalmente centrada em não cochilar, principalmente depois do almoço. Sempre tenho comigo uma bala ou água gelada. Em alguns dias, tenho aula das 8h às 17h, aí preciso estar mais preparada ainda. Dependendo, peço para ir ao banheiro e lavo o rosto”, conta.
3- 🤯’Não entendi nada do que você falou’
Experiência de ser a única da sala torna qualquer aula ‘particular’
Arquivo pessoal
Isadora não tem nem a chance de cometer um “pecado acadêmico” e “colar” na prova — não só por ninguém sentar ao seu lado, mas também por ser impossível espiar um livro sem o professor perceber.
Mas isso não é um problema, garante a jovem.
“Prefiro admitir quando não sei a matéria. Principalmente nas disciplinas mais difíceis, como cálculo e física, tento sanar todas as dúvidas durante as aulas. Falo ‘nossa, professor, não entendi nada do que você falou, pode repetir tudo, desde o começo?’ O bom de estar sozinha é que não preciso ter vergonha de fazer perguntas bobas”, afirma.
Nas áreas mais relacionadas à engenharia de produção, como estatística e economia, Isadora brilha.
“Acho tão, tão interessante, que aprendo realmente o que está sendo ensinado. Não sinto necessidade de colar, podem ficar tranquilos!”, diz Isadora, para acalmar os leitores do g1 e seus seguidores do TikTok.
4- 🫥Apresentações sem plateia
Obviamente, todos os trabalhos de Isadora na faculdade são individuais. Mas isso não significa que ela seja poupada da apresentação de seminários (ainda que sem plateia).
“De vez em quando, até rola de chamarem outros professores para me ouvir também”, ri (talvez de desespero).
5- 📱‘Zaps’ para avisar de faltas
Quando Isadora precisa faltar à aula, já manda uma mensagem de Whatsapp para os professores das disciplinas daquele dia. E, mesmo nessas ocasiões, ela jamais perde o conteúdo.
“A gente consegue remarcar para algum outro dia ou horário. Acaba não sendo uma relação muito hierárquica ou formal — e essa liberdade deixa tudo mais flexível. No fim das contas, eu prefiro ter aula sozinha mesmo. Claro que quero que mais gente se interesse pelo meu curso, mas me sinto privilegiada de viver essa experiência”, afirma.
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