Trump e o aço: governo brasileiro vai negociar primeiro, mas não pode ficar passivo e já deve preparar retaliação


Empresários brasileiros confiam em recuo por parte do governo americano porque siderurgia dos EUA depende do Brasil. Trump assinou decreto que impõe tarifas de 25% para importações de aço e alumínio. Trump e Lula
Reuters
A decisão do governo brasileiro é de negociar primeiro com os Estados Unidos, sem confrontos, mas a avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é que o Brasil não pode ficar passivo.
Portanto, já deve preparar uma reação à decisão do presidente americano, Donald Trump, de taxar em 25% a importação de aço e alumínio caso ele não recue.
Governo segue estudando respostas possíveis à taxação do aço e do alumínio pelos EUA
Empresários brasileiros do setor confiam, porém, que haverá recuo. Motivo: a siderurgia dos Estados Unidos depende da brasileira. Ou seja, se Trump busca proteção para o setor siderúrgico americano, taxar o brasileiro seria um erro.
A maior parte das exportações de aço do Brasil para os EUA é de produto semiacabado, que é usado exatamente pelas siderúrgicas americanas, que não têm produção própria suficiente.
Além disso, em troca, o Brasil importa carvão mineral para o setor siderúrgico. Se a produção de aço no país cair, a importação deste produto dos EUA também será reduzida.
Um empresário envolvido nas negociações destaca, então, que os empresários americanos e brasileiros do setor de aço dependem um do outro. E isso deve acabar pesando numa decisão de Trump antes que o aumento da taxa de importação entre em vigor.
Enquanto isso, a ordem dentro do governo é preparar medidas de retaliação caso a adoção delas seja necessária. Segundo assessores, Lula não descarta que, desta vez, Donald Trump não recue, como fez em 2018.
O temor é que Trump cumpra sua palavra e não abra exceções, como disse na segunda-feira (10) quando anunciou a medida.
Um negociador do governo brasileiro diz que o momento é de sangue frio e cautela. O confronto pode ser bem-visto politicamente, mas comercialmente e diplomaticamente pode ser desastroso.
O Brasil só teria a perder se resolver entrar numa guerra comercial com os Estados Unidos, finaliza esse assessor presidencial.
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