Especialistas explicaram os motivos das diferenças entre a população calculada pelo IBGE e o número de eleitores cadastrados nos municípios pelo TSE. Arapeí
Reprodução/ Câmara de Arapeí
Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ), mostram que duas cidades do Vale do Paraíba possuem mais eleitores do que habitantes. Os números foram cruzados com os dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pelo g1.
De acordo com o levantamento, as cidades que têm mais eleitores do que habitantes são Arapeí e Lagoinha.
Segundo o balanço, Arapeí tem 2.330 moradores, mas conta com 2.485 eleitores cadastrados. Ou seja, 155 eleitores a mais do que habitantes. A cidade é a que conta com menor número de moradores no Vale.
Lagoinha, por sua vez, tem 5.083 habitantes e 5.309 eleitores. Uma diferença ainda maior entre eleitores e moradores: 226.
VEJA TAMBÉM:
Censo do IBGE: confira população atualizada dos municípios do Vale do Paraíba
Maior condomínio de São José tem mais unidades habitacionais do que 148 cidades do Brasil
Gráfico mostra evolução populacional entre as 10 maiores cidades do Vale nos últimos 50 anos
N° de imóveis sem moradores em São José é seis vezes maior que o de famílias inscritas na fila da habitação
Entenda os motivos
Para entender a diferença entre os números, o g1 procurou especialistas para explicar a situação. Para o cientista político e professor da Unitau (Universidade de Taubaté), Moacir dos Santos, essa situação ocorre principalmente em municípios pequenos, onde pessoas se mudam para outras cidades, na tentativa de novas oportunidades profissionais e pessoais.
“Essa situação ocorre em razão da migração de pessoas que saem de seu município de origem em busca de oportunidades em outros municípios, mas, por razões familiares ou afetivas, ou mesmo por conveniência, não querem, não transferem o título para o município que, de fato, vivem”, explicou o especialista.
“Isso causa essa discrepância e ela ocorre principalmente em municípios pequenos, que apresentam essa característica de migração de uma parte da população em busca de oportunidades em outras cidades”, completou.
Urna eletrônica eleitoral
Divulgação/TSE
Procurado pela reportagem, o IBGE explicou que os critérios adotados pelo Censo são diferentes dos que são utilizados pelo TSE para definir o domicílio eleitoral dos cidadãos.
“Para o IBGE, domicílio é o local estruturalmente separado e independente que se destina a servir de habitação a uma ou mais pessoas ou que seja utilizado como tal e morador é a pessoa que tem o domicílio como local habitual de residência na data de referência”, explicou Bruno Garkauskas, coordenador regional do IBGE.
Já o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) explicou que o domicílio eleitoral tem um conceito mais amplo do que o domicílio civil.
“O que pode ocorrer nessas situações é que muitos eleitores mudam de residência, mas não transferem o domicílio eleitoral. Destacamos que o domicílio eleitoral tem conceito mais amplo do que o domicílio civil. O vínculo com o município para que seja caracterizado o domicílio eleitoral pode ser familiar, social, patrimonial, profissional, afetivo, econômico, entre outros. Assim, é totalmente possível que o local onde efetivamente o eleitor e eleitora vota, não necessariamente seja onde mora”, disse.
Veja mais notícias do Vale do Paraíba e região bragantina
Duas cidades da região têm mais eleitores do que moradores; saiba quais são e entenda motivos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.