Geralmente encontrados no verão, chegada repentina deles representa alerta climático. Siriris, popularmente conhecidos como aleluias, são cupins com asas
Tiago Carrijo/Arquivo Pessoal
Uma revoada de bichinhos de luz tem incomodado os moradores de Belo Horizonte nos últimos dias. Mas estes insetos geralmente são encontrados no verão e, por isso, a chegada repentina deles representa um alerta climático.
Atualmente, a capital mineira completa 138 dias sem chuva e está sob uma onda de calor, com índices críticos de umidade, além de uma série de focos de incêndio. De acordo com a ciência, as altas temperaturas podem contribuir para uma infestação antecipada (entenda abaixo).
Afinal, o que são ‘bichos de luz’?
Segundo a bióloga Fernanda Raggi, professora do Centro Universitário UniBH, os bichos de luz, também conhecidos como aleluias ou siriris, são um tipo de cupim alado — ou seja, com asas.
Eles se deslocam em revoadas ao longo da fase reprodutiva, sobretudo em dias quentes e úmidos, como na primavera e no verão, após períodos de chuva. Durante a reprodução, os machos e as fêmeas deixam a colônia anterior para formar uma nova.
Como o próprio nome sugere, os insetos se guiam pela luz natural, da Lua, para encontrar um parceiro. No entanto, a luz artificial os atrai pelo calor e faz com que eles se desorientem.
Ao entardecer, devido ao contraste entre a iluminação interna e a escuridão exterior, as aleluias então entram nas casas com lâmpadas acesas ou ficam voando, desnorteadas, abaixo de postes.
Alerta climático
Com as temperaturas acima da média para o inverno, o calorão acaba confundindo os insetos, que adiantam o período de reprodução.
“Essas ondas de calor aceleram o metabolismo dos bichos de luz e proporcionam a antecipação do processo reprodutivo, por isso estamos vendo um tanto deles. Ao mesmo tempo, o calor excessivo proporciona a perda das asas em outros, o que faz com que eles não se reproduzam e morram”, diz Raggi.
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Eles oferecem algum risco?
De acordo com a bióloga, os bichos de luz não oferecerem riscos à saúde humana ou aos animais domésticos, mas podem causar problemas em móveis depois de perderem as próprias asas.
“Quando acasalam, eles perdem as asas e caem no chão. E aí que é o perigo, porque eles não são cupins de terra, são cupins de madeira. Se o ambiente estiver escuro e, de certa forma, úmido, eles acabam se alimentando da madeira dos nossos móveis. Isso pode causar alguns transtornos, provocados por uma formação de colônias muito grande, que possa comprometer a integridade desses objetos de madeira dentro da casa”, explica Raggi.
Como combater?
A bióloga explica que, como esses cupins se guiam pela iluminação, o ideal é fechar as janelas e apagar as luzes, para evitar que entrem em casa ou permitir que voltem a se orientar pelo luar.
Outra opção é segurar uma bacia logo abaixo das lâmpadas, fazendo com que eles sejam atraídos pelo reflexo da luz e caiam na água.
“Além disso, manter os móveis afastados da parede e limpá-los periodicamente pode prevenir a proliferação dessas colônias”, afirma.
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