‘Me salvou da depressão’, diz empreendedora com peças inclusivas sensoriais na Expofeira do AP


Josi Gonçalves contou que a ideia surgiu por se deparar que o maior índice de suicídio e pela falta de inclusão. Peças com relevos são montadas para deficientes visuais e para pessoas com deficiência em geral (PCD), inspirada pelo filho. Empreendedora levou optou pela inclusão durante exposição na Expofeira.
Isadora Pereira/g1
A Josiane Gonçalves, professora de 47 anos, é uma da empreendedoras que levaram o trabalho aos estandes da 53ª Expofeira do Amapá, mas com um toque de inclusão, a artista levou para o público as cêramicas com relevo, para pessoas com baixa visão ou deficiente visuais, ou mesmo deficientes que preferem tatear objetos.
✅ Clique aqui para seguir o novo canal do g1 AP no WhatsApp
Ao g1, Josi contou que a ideia surgiu após um estudo onde percebeu que a maior taxa de suicídio de forma geral, se dá pela pessoa não sentir pertencer à lugar algum, principalmente pessoas com deficiência (PcD).
Arte com relevo para PcDs
Isadora Pereira/g1
Família como inspiração
Josi contou que outro fator essencial para o projeto, foi o filho de 25 anos, que por conta de sofrimento e fortes agressões do ex-marido durante a gravidez, a criança nasceu com inúmeras deficiências que ainda estão sendo investigadas.
“Meu filho sofria bullying na escola e acabava sendo excluído. Ele tem 25 anos mas os médicos falaram que a mentalidade dele é de 12 anos. Meu filho, o Victor, ele tem muitas limitações. Mas também sempre vi a força dele, sempre vi o esforço dele para querer mostrar que conseguia”, contou.
A partir disso, ela decidiu que trabalharia com esta temática na expofeira, destacando o setembro verde e amarelo, que fala sobre inclusão e prevenção ao suicídio. O que para a empreendedora se tornou uma questão pessoal para que saísse de um quadro de depressão após a morte da mãe por Covid-19.
“Eu comecei a pintar e uma das últimas palavras da minha mãe foram: ‘minha filha, você tem força. ‘Você não conhece a sua força’, hoje eu conheço, a minha força vem do barro. E quanto mais eu mexia com o barro, quanto mais eu via a arte saindo, era como se eu tivesse ligada à minha mãe”, contou.
Artes tateáveis estão expostas na Expofeira
Isadora Pereira/g1
A artesã conheceu quando lecionando como professora, a acadêmica Alice Brito de 21 anos, que é deficiente visual, ela contou que nunca tinha conhecido uma pessoa com uma força tão inspiradora quanto a dela.
“Aquela menina tem uma força que não tem como explicar, ela é PcD, mas a deficiência dela não a impede de viajar na cabeça, no espaço”, disse.
Alice se emocionou ao tatear os objetos expostos na Expofeira.
Alice, deficiente visual, se emocionou ao sentir a cerâmica com relevo
Gabriel Maciel/Gea
Surge o amor pela cerâmica
A artista contou que após sofrer inúmeras agressões por parte do ex-companheiro e mesmo após o relacionamento acabar, ainda sofria perseguições. Foi quando após um tempo encontrou seu atual marido, que já a conhecia desde a adolescência.
O marido sempre foi apaixonado pela cerâmica e a fazia há muitos anos. A princípio, Josi fazia apenas pequenas contribuições para o hobby e empreendimento do amado.
Durante a pandemia, o marido confeccionava as cerâmicas e ela pintava, como forma de entreter e passar o tempo. Após a morte da mãe, com o quadro grave de depressão, o marido continuou a incentivá-la a finalizar as obras com pintura.
“Quando entrei em depressão, pintar as cerâmicas virou uma terapia por incentivo dele. O que tinha antes começado só com a pintura agora eram noites acordada fazendo cerâmica, a ponto dele ter que me tirar de lá para ir dormir. A cerâmica me salvou da depressão com a ajuda do meu marido Marcídio, o nome dele significa uma pessoa rara, o que ele é”, disse bem humorada.
Protagonismo da inclusão
Evangélica e com uma forte crença em Deus, a artesã contou que muitos dos seus clientes se surpreendem com a mente aberta que passam as barreiras. Josi contou que além da inclusão de PcDs, o projeto é voltado à inclusão em geral.
Com cerâmicas que levam temáticas umbandistas e marabaixeiras, figuras católicas, temáticas como LGBTQIA+, e muitas outras, Josi contou que o estande foi montado para que todos se sentissem confortáveis e incluidos.
Obras buscam protagonismo da inclusão
Isadora Pereira/g1
A ideia partiu do papel para o físico com a contribuição de amigos professores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap). Josi contou que o grupo que montou o projeto também é completamente diversificado, resultando numa sensibilidade real nos produtos.
A arista teve a contribuição dos docentes da Ueap Larissa de Arruda e Julyana Carvalho da engenharia da produção, do Pedro Simon, Erika Danielly, Karolline Levy e Gabrielly Del Carlo de tecnologia em design.
“Meu recado para mães atípicas, é se você tem filho com uma deficiência, não fecha os olhos para ele, abre os olhos, o coração e entenda o seu filho. Entenda o mundo dele para que ele possa voar”, finalizou.
📲 Siga as redes sociais do g1 Amapá e Rede Amazônica: Instagram, X (Twitter) e Facebook
📲 Receba no WhatsApp as notícias do g1 Amapá
Veja o plantão de últimas notícias do g1 Amapá
VÍDEOS com as notícias do Amapá:
Adicionar aos favoritos o Link permanente.