Iguarias com recheios diferentes dos convencionais vêm se popularizando ao longo dos anos. Tem de brócolis, chocolate e até camarão! 🥦🍫🦐 Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
Arquivo pessoal
Quitute típico de cidades do Vale do Paraíba, sobretudo em épocas de festas juninas, o quase centenário bolinho caipira é uma tradição para quem vive na região.
Em suas maiorias, as receitas levam, além da farinha (que pode ser branca ou amarela), recheio de carne moída ou linguiça feita de carne de porco.
Porém, se engana quem ainda pensa que o bolinho caipira não passou por modificações e ganhou o popular termo de “gourmet”.
Dentre os recheios diferentes, sabores como calabresa com queijo, brócolis com bacon, mussarela e até bolinhos doces podem ser encontrados em São José dos Campos e Jacareí.
Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
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“Sempre tive uma receita boa e fazia para os amigos. Um dia pensei ‘se pizza e lanches vendem o ano inteiro, por que o bolinho caipira não venderia?’. Mas se uma pizzaria tivesse só o sabor de mussarela e o lanche tivesse só o x-burguer, uma hora as pessoas iriam enjoar, eles tinham outros sabores. Então comecei a fazer uma pesquisa nas pizzarias perto da minha casa. Os sabores que mais se repetiam eu escolhi para fazer”.
A frase acima é de Pedro Eras, um dos proprietários de uma empresa de São José que produz os bolinhos “diferentões” há cerca de dez anos. Ele conta que na época, ficou desempregado e começou a aceitar encomendas do quitute. Na ocasião, um mês de junho, mas não demorou para que ele tivesse a ideia de manter o empreendimento para o ano todo.
“No início eram 20, diminuí para 12 e hoje temos 18. São sabores como calabresa com queijo, frango com requeijão, brócolis com bacon. Já fizemos de x-bacon, carne de panela, camarão com parmesão, banana com canela. Fazemos os doces também, o de chocolate e de churros são os que mais saem”, contou.
Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
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Caso parecido, Alexandre Momilli, de Jacareí, que produz os bolinhos gourmets junto de sua mãe há cerca de três meses. Ele relembra que também faziam bolinhos para amigos e familiares e tiveram a ideia de criar novas receitas. Os parentes foram cobaias e à medida que aprovavam, a ideia de um empreendimento crescia.
“Dentro da nossa família existe uma tradição que nos aniversários de maio, junho e julho, nós fazemos bolinho caipira para as comemorações, em vez da tradicional coxinha, por exemplo. Temos uma receita diferenciada do que já experimentamos por aí e pensamos ‘temos o dom de fazer diferente. Vamos elaborar novos sabores e ver o que a família acha’. A família foi elogiando, eles gostaram. Fizemos de carne seca com queijo, calabresa, marguerita, três queijos. Tudo começou por meio das festinhas de aniversário e fomos expandindo, até que levamos ao mercado”, conta Alexandre.
Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
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Alguns pontos em comum entre as duas empresas, que ambos contaram ao g1, são de que a quebra do tradicional impressiona algumas pessoas e que mesmo com um cardápio variado, os bolinhos de carne e linguiça ainda são os mais procurados.
“O sabor de carne ainda é o que mais sai, mas é através dele que conseguimos levar os gourmets para os clientes e assim eles se fidelizam. O sabor gourmet que mais sai é o três queijos. Os clientes sugerem sabores, o de alho com queijo foi sugestão. Antes o de três queijos fazíamos com requeijão e por sugestões mudamos para gorgonzola e provolone. Um que nos sugeriram foi o de costelinha com barbecue. Meu primo disse ‘já pensou como ficaria bom?’, é algo que estamos vendo ainda como produzir e adaptar para se tornar recheio de bolinho””, disse Momilli.
Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
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Outro consenso é de que a época de tempo mais frio, principalmente no mês de junho, a procura pelo bolinho caipira fica maior e é neste período que produção e lucro aumentam.
“Hoje contamos com cerca de 20 colaboradores na época junina – normalmente são seis – para uma produção em dois turnos. Nossa renda triplica, quadruplica nesta época, é como 40% da minha renda mensal”, conta Eras.
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Muda a receita, mas não perde a tradição
Mesmo com recheios diferentes, para Alexandre, o bolinho caipira vai além de uma receita. A ligação da iguaria com as cidades do Vale do Paraíba e das festas juninas está ligada mais com fatores culturais e afetivos do que com seus ingredientes em si.
“Acredito que o bolinho caipira não é só uma questão de ser caipira. O alimento sofreu alterações naturais. Quando experimentamos novas receitas elas acabam ficando. Ele se torna bolinho caipira por ser feito artesanalmente, manualmente. Não existe máquina de fazer bolinho caipira”, declarou o empreendedor de Jacareí.
Bolinhos caipira “diferentões” ganham espaço na mesa dos moradores do Vale do Paraíba
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Já Pedro, acredita que os bolinhos gourmets também poderão ser chamados de tradicionais com o passar dos anos e que essas mudanças também são importantes para que o bolinho caipira continue figurando pelas próximas gerações.
“Hoje em dia, uma nova geração, de gente mais nova, nem sabe que o bolinho caipira há dez anos atrás era somente de linguiça ou de carne. Profissionalizamos o bolinho, mas não necessariamente ele perdeu a sua tradição”, concluiu.
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