Devota que teve perna amputada após acidente caminha 92 km até o Santuário de Aparecida: ‘Foi na fé’

Moradora foi vítima de um acidente de moto aos 21 anos de idade e realizou romaria pela primeira vez. Ao g1, ela contou a motivação e as dificuldades durante a caminhada que durou três dias. Moradora de Ubatuba percorre 92 km com perna mecânica até o Santuário de Aparecida
Arquivo pessoal/Elaine Cristina
Quais os limites da fé? Para uma moradora de Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo, as duas palavras não se encaixam na mesma frase. Vítima de um acidente de moto aos 21 anos de idade, que resultou na amputação da perna esquerda, Elaine Cristina Marcílio Costa da Silva, de 47 anos, testou todos os limites possíveis neste mês.
Nesta semana, a gestora administrativa completou uma romaria até o Santuário Nacional de Aparecida, caminhando um percurso de 92 km. A caminhada de fé, no entanto, teve um desafio diferente: fazer todo o trajeto do litoral ao Vale Histórico com uma perna mecânica.
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“As pessoas me perguntavam se eu iria conseguir, mas, se eu fosse pensar se eu iria conseguir, eu nunca iria me inscrever para fazer a romaria. As pessoas que têm as duas pernas já se questionam, se eu fosse pensar nisso, eu nunca iria fazer”, disse a ubatubense em entrevista ao g1.
Moradora de Ubatuba percorre 92 km com perna mecânica até o Santuário de Aparecida
Arquivo pessoal/Elaine Cristina
Segundo ela, a iniciativa de participar pela primeira vez da romaria surgiu após a concretização de duas situações que ela considera milagrosas e atribui à Nossa Senhora Aparecida: a cirurgia bem-sucedida do sobrinho e o resultado de um exame que ela aguardava.
“Há cerca de 3 meses, meu sobrinho precisou fazer uma cirurgia de urgência e, em oração, pedi muito à Nossa Senhora Aparecida. Foi uma coisa tão grave e fiz o pedido para que ele sobrevivesse e disse que eu iria até lá para agradecer. Foi por essa causa e também por um exame que precisava que desse negativo”, explicou.
Moradora de Ubatuba percorre 92 km com perna mecânica até o Santuário de Aparecida
Percurso e superação
Todo o trajeto teve início na madrugada do último dia 23, à meia-noite, quando ela, o marido e outras pessoas iniciaram o percurso rumo à Basílica. No caminho, as dificuldades encontradas não foram poucas, mas Elaine conta que tudo foi superado graças à fé.
“Foi na fé mesmo. Houve alguns pontos em que haviam morros muito íngremes, com muitos buracos. Esses pedaços eu não consegui fazer, mas, de um total de 110 km, eu caminhei 92 km. Foi na fé”.
Pelo caminho, o grupo fez paradas em Catuçaba e em Lagoinha, antes de chegarem à Aparecida. A chegada aconteceu na noite do último sábado (25). Elaine e o marido dormiram em Aparecida e assistiram à missa do domingo (26).
“Foi incrível. A romaria já existe há muitos anos aqui, mas para uma pessoa que usa prótese, foi um desafio. Eu sou católica desde quando nasci. Nunca pensei em fazer [a romaria], não sei porque. Mas chegou uma hora que eu falei: vou fazer”, revelou.
Segundo Elaine, a prática de exercícios e esportes no dia a dia ajudaram a superar o trajeto. Ao g1, ela contou que já pratica natação e musculação e que agora está começando a praticar novos esportes, mesmo com a prótese.
“Eu sou bem ativa. Faço esporte desde criança. A deficiência não me parou. Eu nado, faço musculação. Estou conhecendo beach tênis e estou adorando também. Gosto bastante de esporte”, disse.
Moradora de Ubatuba percorre 92 km com perna mecânica até o Santuário de Aparecida
Arquivo pessoal/Elaine Cristina
A prática de atividades esportivas contribuiu para que Elaine concluísse o trajeto juntamente com o grupo. No caminho, apoio não faltou.
“As pessoas me deram apoio, mas, ao mesmo tempo, outras pessoas se espelhavam em mim. Eles me viam e falavam: ‘Força. Vamos lá, você vai conseguir’. Eu sofri o acidente, tive um câncer e sofri uma parada cardíaca. As pessoas sempre me perguntam: ‘Como você é tão para frente?’”, disse.
“O que me faz ir para frente é que eu penso que Deus me usou e me escolheu para eu ser assim. Ele permitiu que acontecesse tudo isso comigo para que os outros se espelhassem”, finalizou.
Devota que teve perna amputada após acidente caminha 92 km até o Santuário de Aparecida: ‘Foi na fé’.
Arquivo pessoal
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