Nesta quinta (26), cada companheiro de ofício tinha um momento marcante, uma coleção de lembranças de bastidor que revelam muito sobre o homem por trás dos personagens. Morte de Ney Latorraca provoca manifestações de admiração e respeito de amigos e fãs
Reprodução/TV Globo
Colegas de profissão e dos fãs manifestaram admiração e respeito por Ney Latorraca.
Quem esteve com ele nos palcos, nos estúdios, nos sets de filmagens, garante: Ney Latorraca, para além de gigante na arte, era um grande colega.
“Hoje, nós todos, atores, estamos muito tristes, embora não combine nada com o Ney. O Ney era alegria, era comicidade, era amizade, era tudo de lindo que existe”, diz a atriz Cristina Pereira.
“Desculpa, mas talvez seja egoísta eu falar disso, mas é o respeito. Ele estabelecia um respeito na ligação que ele tinha comigo e dava muito o caminho da coisa. Me dizia o caminho, ele gostava de mim”, conta o ator Diogo Vilela.
Cada companheiro de ofício tinha um momento marcante, uma coleção de lembranças de bastidor que revelam muito sobre o homem por trás dos personagens.
“Eu quero lembrar muito do grande companheiro. Solidário, generoso. Muito generoso. Preocupado com os colegas. Preocupado com a carreira de tantos. Um grande conselheiro”, afirma o ator Tony Ramos.
Alguns tiveram a sorte da longa convivência.
“O Ney participou da minha formação profissional e como pessoa”, diz a atriz Cláudia Raia.
Cláudia Ohana conta que Ney mudou o astral quando entrou na novela “Vamp” e, nos bastidores, nasceu uma deliciosa amizade:
“A primeira cena, eu lembro que foi a cena onde ele me mordia, a primeira vez que era em uma boate, gravamos aqui em São Paulo. Aí, ele me mordia e depois… Eu… A novela estava muito séria. Meu personagem, eu estava levando uma coisa muito séria, de vampiro. E depois que ele me mordeu, ele falou ‘gotoso’”, lembra a atriz.
Divertido, mas também detalhista e super profissional, como conta o produtor Eduardo Barata.
“Ney é um adjetivo, né? Ser Ney Latorraca. Ney Latorraca significa ter qualidade, significa ser profissional, chegar duas ou três ou quatro horas antes no teatro e verificar todo o seu material cênico, verificar luz, som, figurino… Tudo, tudo para ver se está ok”, diz Eduardo de Souza Barata, produtor e presidente da Associação dos Produtores de Teatro.
Foram muitas as repercussões nas redes sociais. O presidente Lula lembrou personagens, expressou sentimentos à família e escreveu:
“O Brasil se despede do grande Ney Latorraca aos 80 anos. Ator e diretor de carisma marcante, nos presenteou com grandes papéis na televisão e no teatro”.
Parceiro de 11 anos na peça “O Mistério de Irma Vap”, Marco Lanini lamentou: “Ator de imenso talento, companheiro de cena generoso e divertido. Deixa saudades”.
Inimigo de morte na novela “Um Sonho a Mais”, Fulvio Stefanini é só carinho para lembrar do colega de cena.
“O Ney era uma pessoa extremamente agradável, humor fantástico, humor inteligente, sarcástico, irreverente, irônico, mas muito inteligente. É uma grande perda. Estar com o Ney era estar feliz”, afirma o ator Fulvio Stefanini.
Autor de “Estúpido Cupido”, a segunda novela de Ney na Globo, Mário Prata lembra o sucesso do personagem que ele não queria fazer.
“Não queria fazer porque ele tinha 32 anos e o papel tinha 18, e eu falei: ‘Ney, faz o papel no olho. O olho que tem que ter 18 anos’. E ele: ‘Estou quase ficando careca’. E eu: ‘Isso aí resolve. Não tem problema’. E ele fez e foi o maior sucesso da novela”, conta o escritor Mário Prata.
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Ney conhecia a força e do alcance do seu trabalho, especialmente na TV. Gostava de imaginar que o que gravou nos estúdios estava sendo visto na TV das praças, nos barracos, nos lares do Brasil. Dizia precisar do aplauso, do carinho do público. Reconhecimento que ele teve e sempre terá.
“Ney Latorraca, o céu está recebendo uma estrela, um grande ator, maravilhoso”, diz a aposentada Fátima Mota.
“O vampiro Vlad. Ele era muito engraçado”, afirma o psicólogo Renato Pordeus.
“’TV Pirata’, eu amava. Amava, amava”, diz a corretora Lucélia Almeida.
“Velhinho, cabelinho branco, né? ‘Barbosa…’”, ri o publicitário Clóvis Munareto.
Sucesso de público e, claro, de crítica também.
“Ney Latorraca é um ator de grande força cênica que ia do drama à comédia com a mesma facilidade. Só que ele enveredou pela comédia, onde tudo deu muito certo. Ele será lembrado por esse humor único, por esse jeito muito pessoal de construir seus personagens. Vai fazer muita falta”, afirma Patrícia Kogut, jornalista.
Uma falta do tamanho da longa história que construiu ao lado de atores e atrizes que militaram pelo teatro, batalharam pelo cinema e foram, como ele, pioneiros da TV.
“O Ney foi um dos atores mais importantes desse país. Fez teatro, televisão, cinema, fez tudo, enfim. E sempre batalhando com muito ardor, com muita vontade, sacrificando tudo em função da sua arte. Vá com Deus, meu amigo”, diz o ator Ary Fontoura.
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