Operação Boate Azul teve início em 2016. No esquema, foi identificada a participação de policiais civis que recebiam pagamento de propina para deixar de fiscalizar o tráfico na região. Tráfico de drogas no Campo dos Alemães em São José
Reprodução/ TV Vanguarda
A Justiça condenou mais cinco pessoas por lavagem de dinheiro, acusadas de ter envolvimento com esquema de tráfico de drogas na zona sul de São José dos Campos. A decisão é da última quinta-feira (21). A investigação faz parte da ação batizada pelo Ministério Público de ‘Operação Boate Azul’.
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De acordo com o MP, a denúncia foi apresentada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na decisão, a Justiça estabeleceu penas que variam de 4 a 8 anos de prisão em regime fechado, semiaberto e aberto.
Ainda na condenação, segundo o MP, houve um ‘decreto de perdimento’ dos imóveis listados na denúncia, em favor do Estado de SP. A identidade dos réus não foi divulgada pelo órgão.
MP apreende R$ 2 milhões em ação contra tráfico na zona sul de São José
Arquivo Pessoal
Operação ‘Boate Azul’
A primeira fase da operação, iniciada em outubro de 2016, tinha como alvo a cúpula do tráfico ligada à uma facção criminosa. Nela foram apreendidos R$ 2 milhões em dinheiro, 500 quilos de drogas, armas, munições e anotações da contabilidade do tráfico em Jacareí. Na ocasião foram presas 23 pessoas.
A investigação do MP apontou que um grupo de policiais teria usado o conhecimento da contabilidade do tráfico para extorquir os criminosos. Em troca do pagamento de propina, teriam deixado de combater o tráfico na região.
Nessas anotações foram encontradas referências ao pagamento de propina à policiais e delegacias. São citadas nas anotações o 3º e 7º DPs, delegacias que ficam na zona sul da cidade, e também as especializadas DIG (que investiga crimes de autoria desconhecida) e Dise (narcóticos).
Relatório aponta que DIG recebeu R$ 20 mil de criminosos em um mês
Reprodução
Esse material deu origem à segunda fase da operação, que investigou a estrutura do tráfico de drogas na zona sul de São José.
Todo o material apreendido foi cruzado com informações oficiais da polícia, como relatórios de deslocamento de viaturas, registro de armamento e escala de trabalho dos policiais.
Com isso, os investigadores descobriram que a munição apreendida na primeira operação do MP, em Jacareí, era de propriedade da Polícia Civil, e não há registro de furto ou roubo – o que significaria desvio de dentro da própria polícia para favorecer os traficantes. Nesse caso específico, o Ministério Público não conseguiu concluir quem teria desviado a munição.
Na segunda fase da operação, em outubro de 2017, o MP denunciou 30 policiais civis em São José dos Campos, além de um ex-policial civil, uma advogada e outras quatro pessoas pela prática de crimes como organização criminosa, tráfico de drogas, extorsão e corrupção.
Entre 2018 e 2019, a Justiça condenou 19 policiais civis, a advogada envolvida na operação e dois traficantes.
Dentre os 31 policiais civis processados, 26 foram condenados por improbidade administrativa, com a aplicação de penas de multa civil equivalente a 30 vezes o valor da remuneração, suspensão dos direitos políticos que variam de três a oito anos, proibição de contratar com o Poder Público por dez anos e perda da função pública.
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