Após a enchente de maio de 2024,Porto Alegre iniciou a operação de um serviço de monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico exclusivo para a cidade. O serviço funciona no Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil e tem como objetivo fornecer informações sobreeventos climáticos extremos e possíveis impactos na capital.
A equipe responsável pelo monitoramento é composta por oito profissionais, incluindo meteorologistas, hidrólogos e geólogos. Eles realizam a análise de dados obtidos por estações hidrometeorológicas, radares e satélites, além de outros meios técnicos disponíveis.
A previsão do tempo e as condições dos rios serão acompanhadas continuamente, com funcionamento ininterrupto, durante 24 horas por dia, sete dias por semana.
Os técnicos responsáveis pelo serviço emitirão boletins diários, semanais e mensais com informações atualizadas sobre o clima e o nível das águas na cidade.
Além disso, a população terá acesso aos dados por meio do Cemadec e do Centro de Monitoramento e Contingência Climática, que opera na sede da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade.
A apresentação do novo sistema ocorreu no Centro de Monitoramento e Contingência Climática e contou com a presença do prefeito Sebastião Melo, da vice-prefeita Betina Worm e de gestores municipais. Durante o evento, foram detalhados os protocolos de atuação do monitoramento e os modelos de alerta que serão utilizados.
“É um trabalho contínuo e progressivo de monitoramento das ocorrências climáticas. Buscamos cada vez mais precisão e consistência, para que as autoridades possam tomar decisões acertadas com previsibilidade e a população tenha a segurança garantida”, afirmou o prefeito.
Novo sistema de monitoramento
O novo sistema de monitoramento inclui a emissão de avisos meteorológicos para eventos climáticos menos severos e alertas para situações de maior gravidade e risco à população.
Os avisos seguem uma categorização que define o grau de perigo representado pelo evento climático:
- Monitoramento (Verde): condições normais, sem risco imediato.
- Atenção (Amarelo): necessidade de cuidados preventivos.
- Perigo (Vermelho): risco elevado de impactos climáticos severos.
- Crítico (Preto): iminência de eventos extremos com grande potencial destrutivo.
Para a comunicação com a população, a Defesa Civil adotará canais de divulgação, incluindo redes sociais, mensagens SMS, e-mails e veículos de imprensa.
Em áreas de risco, poderão ser realizadas visitas presenciais e acionados totens de monitoramento, que terão informações em tempo real e avisos sonoros sobre mudanças no tempo.
O novo sistema integra o programa Porto Alegre Forte, que reúne um conjunto de ações para recuperação da cidade após o desastre climático de 2024.
O programa é dividido em cinco eixos: infraestrutura, adaptação climática, habitação, transformação urbana e financeiro e econômico.
Dentro do eixo de adaptação climática, há 17 iniciativas em andamento, sendo 11 já em execução, com um investimento total de R$ 25,8 milhões.
Entre as ações planejadas, está o desenvolvimento de um plano de contingência para gestão de riscos. O plano inclui medidas de prevenção e preparação da população para momentos de desastre.
Centro de Monitoramento e Contingência Climática
Além disso, a cidade implantou o Centro de Monitoramento e Contingência Climática, localizado na sede da Smamus, que conta com salas de acompanhamento de dados, salas de reuniões e auditório.
O Cemadec também passou por melhorias, incluindo a instalação de novos equipamentos e a divisão do espaço para operação do sistema de monitoramento. Para o reforço na comunicação de risco, dez totens eletrônicos foram instalados em áreas vulneráveis da cidade.
O sistema de monitoramento ainda prevê a recuperação do Posto de Comando Móvel da Defesa Civil, com desmontagem, higienização, descontaminação e remontagem do veículo utilizado pela equipe.
Entre outras medidas, está a realização de um estudo para revisão do sistema de proteção contra cheias, implantado na década de 1960. O projeto inclui a renovação do Plano Diretor de drenagem urbana da Bacia do Arroio Passo das Pedras e do Arroio Passo da Mangueira.
Além disso, a prefeitura dará início à instalação de equipamentos para medição da qualidade do ar, com a geração de relatórios mensais e anuais.
Enchentes de 2024
Em 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma série de enchentes que causaram grandes danos à população e infraestrutura. As chuvas intensas, ocorridas entre 27 de abril e 2 de maio, resultaram em 183 mortes e 27 desaparecimentos.
Mais de 806 pessoas ficaram feridas e cerca de 2,4 milhões de pessoas foram afetadas diretamente. Aproximadamente 442 mil pessoas ficaram desalojadas, com 18 mil buscando abrigo em centros de acolhimento temporário.
A precipitação variou entre 300 e 700 mm em diferentes cidades, e o Lago Guaíba recebeu mais de 14 trilhões de litros de água, o que intensificou o impacto das inundações.
Diante da magnitude dos danos, o governo do Rio Grande do Sul e o governo federal declararam estado de calamidade pública e começaram a tomar medidas para mitigar os efeitos das enchentes.
Foram liberados recursos financeiros para contenção de encostas, compra de cestas de alimentos e saque emergencial do FGTS.
Além disso, foi criada a Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, com a missão de coordenar os esforços de recuperação.
Também foi disponibilizado auxílio financeiro para famílias de baixa renda e a inclusão de famílias vulneráveis no programa Bolsa Família.
Os especialistas associam as enchentes a uma tendência de aumento de chuvas no Sul do Brasil, conforme apontado em um relatório científico de 2013 sobre os impactos das mudanças climáticas.
A falta de políticas públicas consistentes para prevenção de desastres e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas tem sido apontada como um fator que agravou os danos.