Lula manda quatro recados sobre economia durante entrevista no Palácio do Planalto


O presidente Lula concedeu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira (30) no Palácio do Planalto, em Brasília
Ricardo Stuckert/PR
O presidente Lula convocou uma entrevista nesta quinta-feira (30) para mandar quatro recados sobre o que pensa sobre os rumos econômicos do país.
Em uma hora e 20 minutos de conversa com jornalistas que cobrem o dia a dia do Palácio do Planalto, o petista:
fortaleceu Fernando Haddad, após as críticas de Gilberto Kassab
disse que o aumento de juros estava decidido pela direção anterior e poupou Gabriel Galípolo
reiterou que seu governo terá responsabilidade fiscal
disse não achar necessário aprovar novas medidas fiscais
Lula menciona déficit primário de 0,1% em 2024 e diz ter ‘muita responsabilidade’ fiscal
A entrevista fez parte da nova estratégia de comunicação do governo adotada pelo ministro Sidônio Palmeira.
Colocar o próprio presidente, sempre que possível, falando sobre temas quentes, buscando esvaziar crises e mandando seus recados para que seu governo não fique na defensiva.
O objetivo da entrevista era claramente afastar questões que não interessam ao Palácio do Planalto, como o caso das críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, ao seu governo e, em particular, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Lula disse, inclusive, que riu das declarações de Kassab de que, hoje, o petista não ganharia uma eleição presidencial.
Lula diz que Kassab foi injusto na fala sobre Haddad
O petista lembrou que a eleição não é agora e disse que não é o momento de falar disso. Só que, na reunião ministerial no início de janeiro, ele afirmou aos presentes que “2026 já começou”, sinalizando para sua equipe que o momento é de fazer entregas visando a disputa presidencial no próximo ano.
Sobre Fernando Haddad, afirmou que Kassab foi injusto com seu ministro da Fazenda, garantiu que ele vai cumprir as metas fiscais, mas, indagado sobre se pode adotar novas medidas fiscais, afirmou que, se depender ele, não haverá um novo pacote para equilíbrio das contas públicas.
Em relação à decisão do Copom, de subir os juros de 12,25% para 13,25% ao ano, Lula buscou, mais uma vez, transferir a responsabilidade para o ex-presidente do Banco Central Roberto Campos Neto.
“O aumento já estava definido pelo outro presidente”, acrescentando que Gabriel Galípolo não podia dar um “cavalo de pau”.
Galípolo não pode dar ‘cavalo de pau’, e alta dos juros já estava ‘praticamente demarcada’, diz Lula
No entanto, o petista se esqueceu de falar que, apesar de o aumento ter sido decidido em dezembro, Galípolo participou do encontro do Copom e teve papel decisivo na definição da estratégia do Comitê de Política Monetária no início deste ano.
Ou seja, Lula transfere a responsabilidade para Campos Neto, mas Galípolo também é responsável pelo aumento de ontem e de março, na segundo reunião do Copom.
Sobre combustíveis, o presidente assegurou que não vai interferir na decisão sobre preços. Mas reconheceu que, se o litro do diesel subir, vai ficar praticamente com o mesmo valor praticado em dezembro de 2022.
‘Quem autoriza o aumento do petróleo e dos derivados de petróleo é a Petrobras’, diz Lula
Este foi exatamente o argumento usado pela presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante reunião nesta semana quando a comandante da estatal avisou que o preço do combustível deve subir nos próximos dias.
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