Enfermeira realizou procedimento em casa e com ‘bisturi inadequado’; vítima está na UTI. Polícia investiga e diz que caso está ‘em sigilo’. Idosa, de 103 anos, teve pé amputado por enfermeira
Imagem cedida pelo portal Metrópoles
A idosa de 103 anos que teve o pé amputado por uma enfermeira em casa e sem anestesia, em Brasília, está internada na UTI de um hospital particular. O caso foi comunicado à Polícia Civil do Distrito Federal(PCDF) na segunda-feira (27), mas a amputação teria ocorrido em 13 de dezembro.
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De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), o médico Armando Lobato, uma amputação deve, em geral, ser realizada sob anestesia. Segundo o médico, em situações excepcionais, de necrose avançada, extremidades como dedos, podem ter uma amputação espontânea, ou seja, se desprenderem naturalmente, sem necessidade de procedimento cirúrgico.
“Mas, mesmo nesses casos, qualquer intervenção para remoção de tecido desvitalizado deve ser feita com anestesia adequada e por um profissional habilitado. […] A amputação é um procedimento exclusivamente médico”, diz Armando Lobato.
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-DF) diz que enfermeiros podem usar anestésicos locais injetáveis nos casos de lesões simples, mas não têm autorização para realizar amputações. Conforme o Coren, a cirurgia na idosa também foi feita “com um bisturi inadequado”.
Segundo a polícia, como a investigação corre em sigilo, a corporação não pode dar detalhes sobre o caso. A delegada Ângela Maria dos Santos, da delegacia Especial de Repressão aos Crimes Contra a Pessoa Idosa (Decrin), informou que a família da idosa tinha indicação médica para a amputação. Mas, por causa da idade da paciente, optou por tratar o ferimento com cuidados paliativos, o que poderia gerar uma amputação natural.
A vítima era atendida em casa por uma equipe com enfermeiros. No entanto, o Coren-DF destaca que “o profissional enfermeiro pode atuar apenas na reabilitação de pessoas amputadas”.
A idosa – que segundo a polícia é acompanhada desde 2023 por uma equipe médica e de enfermagem – tinha uma ferida no pé que aumentou a ponto de ter uma indicação médica para amputação.
Enfermeira pretendia descartar pé de idosa em hospital onde trabalha
Trocas de mensagens mostram que enfermeira suspeita de amputar pé de idosa em casa teve dificuldade para descartar membro
Reprodução
Trocas de mensagens em um aplicativo de conversa mostram que a enfermeira suspeita de amputar o pé de uma idosa teve dificuldade para descartar o membro retirado. As capturas de tela foram obtidas pelo portal Metrópoles, e o g1 confirmou que se trata de um diálogo entre a mulher e um familiar da idosa (veja acima).
Em uma conversa, a enfermeira disse que estava enfrentando problemas para descartar o pé amputado no hospital privado onde ela trabalha. A mulher afirmou que estava dando um “BO”, gíria para problema, e riu.
Nas mensagens, a enfermeira perguntou ainda se havia alguém da família que pudesse a ajudar com o descarte do membro amputado. Segundo ela, o hospital exigia a “PCT” (procalcitonina – exame de diagnóstico de infecções bacterianas). Depois, ela afirmou que faria o descarte em um hospital público.
“Resolvi. Vou descartar em um hospital público”, escreveu logo em seguida.
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