A ousadia estilística de José Saramago: português faria 102 anos por admin | 7 de fevereiro de 2025 - 17:10 |7 de fevereiro de 2025 Sem categoria José Saramago, o primeiro escritor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, é uma figura central na literatura contemporânea. E, no dia 16 de novembro de 2024, teria completado 102 anos. Vamos conferir um pouco sobre sua vida, relembrando algumas de suas principais obras, que transcendem as fronteiras da literatura. Nascido em 16/11/1922, na pequena aldeia de Azinhaga, no Ribatejo, Portugal, Saramago foi criado em uma família humilde de camponeses, o que fez com que, desde cedo, enfrentasse as dificuldades econômicas e tivesse que interromper seus estudos.(Imagem ilustrativa) Passou por várias profissões ao longo de sua vida, sendo serralheiro mecânico, desenhista, editor, jornalista e funcionário público, entre outras atividades. Durante esses anos, sua relação com a literatura foi apenas um reflexo das suas inquietações internas, até que, em 1976, tomou a decisão de viver exclusivamente da escrita. Falando um pouco sobre suas características, sua escrita é marcada pela ousadia estilística. Ele se distanciou da pontuação convencional, o que pode causar estranhamento a quem não está acostumado ao seu estilo, mas ao mesmo tempo oferece uma leitura mais fluida. Ele frequentemente usava longos parágrafos sem pontuação tradicional, excluindo travessões e optando por uma estrutura de frases que mesclava discurso direto com reflexões do narrador. A crítica social e política permeia quase toda a sua obra, refletindo seu engajamento com as questões de seu tempo. Saramago foi um comunista declarado, e seus textos frequentemente abordam a opressão, a desigualdade e as falhas das instituições sociais e políticas. O livro causou grande repercussão por retratar Jesus Cristo de uma forma mais humana, com falhas e fraquezas, o que incomodou profundamente os setores religiosos. Como consequência, ele e sua esposa, Pilar Del Río, se exilaram em Lanzarote (na Espanha), onde viveriam o restante de suas vidas. Saramago foi um defensor do protagonismo humano e da solidariedade como solução para os problemas sociais, muitas vezes oferecendo um olhar crítico sobre o individualismo e a passividade. A cegueira, nesse contexto, é uma metáfora para a perda de humanidade e para a falta de visão crítica da sociedade. A obra recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, destacando a relevância internacional de Saramago. Sua capacidade de combinar o realismo com o fantástico, de forma a ilustrar as distorções da realidade e da condição humana, foi um dos elementos que lhe garantiu reconhecimento mundial. Sua obra é profunda e multifacetada, abrangendo desde a crítica política e social até a exploração das complexidades da condição humana. Saramago sempre utilizou a literatura como uma ferramenta de reflexão sobre o papel do indivíduo na sociedade, questionando instituições e normas. Ao longo de sua vida, José Saramago não apenas se tornou um ícone da literatura portuguesa, mas também uma figura respeitada no cenário literário global. Seu legado continua a inspirar escritores, leitores e pensadores. Suas obras permanecem atuais, desafiando as convenções e provocando reflexões sobre o mundo em que vivemos. A criação da Fundação José Saramago, em 2007, foi uma das maneiras pelas quais ele consolidou seu legado, permitindo que sua obra e suas ideias continuassem a influenciar futuras gerações. Em 18 de junho de 2010, Saramago faleceu de leucemia, mas sua contribuição para a literatura e para o pensamento crítico permanece viva. Adicionar aos favoritos o Link permanente.