Falta de mão de obra qualificada gera gargalo de 1,5 mil abertas na indústria metal mecânica de Piracicaba, diz sindicato; entenda


Segundo presidente do Simespi, cenário ocorre devido à aceleração da automatização dos processos e tem levado as empresas a acelerarem a qualificação de aprendizes. Indústria metalúrgica em Piracicaba
Ronaldo de Oliveira/ EPTV
A indústria metal mecânica de Piracicaba (SP) tem um gargalo de 1,5 mil vagas abertas porque falta mão de obra qualificada para o setor na cidade. Isso tem ocorrido devido ao processo rápido de automatização dos processos e está levando as empresas a realizarem busca ativa de jovens profissionais para, depois, acelerar o processo de qualificação deles.
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As informações são de Erick Gomes, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico, Eletrônico, Siderúrgicas e Fundições de Piracicaba (Simespi), entidade patronal do setor.
“Um exemplo bem simples: no passado você cortava a chapa com um maçarico. Vinte anos para frente, você passou ao oxicorte, ao plasma e, agora, você está nas máquinas a laser. Ou seja, uma mudança de tecnologia muito drástica e muito rápida. E aí você precisa de um conhecimento de implementação de software na máquina, de aproveitamento de chapa”, explica Erick.
O gargalo já vinha sendo apontado em anos anteriores pelo setor e mutirões chegaram a ser realizados para captação de novos profissionais.
ARQUIVO: Com vagas abertas, força-tarefa de sindicatos industriais recebe currículos em Piracicaba, em 2022
Captação de mão de obra 🔎
Para buscar mão de obra, há dois anos é mantido o projeto “Indústria do Amanhã”, uma parceria entre os sindicatos dos metalúrgicos patronal e dos trabalhadores, a Diocese de Piracicaba, o Senai e a entidade Exército das Formiguinhas.
“Nós buscamos adolescentes nas comunidades, treinamos no Senai, tudo gratuito. O Senai nos dá as vagas gratuitas, nós damos o uniforme, o transporte, alimentação e uma cesta básica de ajuda, para poder trazer mão de obra para o setor metal mecânico. E isso, em dois anos, já formamos mais de 300 adolescente. E desses 300, são quase 150 adolescentes que estão trabalhando”, afirma Erick.
Indústria do Amanhã durante processo de capacitação de jovens
Simespi
‘Sempre tem alguém que vai sair’ 📝
Apesar da captação de mão de obra, o presidente da entidade afirma que o mercado de vagas não se equilibra pela rotatividade dos profissionais.
Em 2024, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, o setor da metalurgia teve um saldo negativo de 26 vagas. Foram 506 contratações e 532 demissões.
Para Erick, o número de desligamentos está relacionado à saída de profissionais por decisão própria, seja para conseguirem receber fundo de garantia ou mesmo para cargos que pagam mais em outras empresas, e também devido a aposentadorias.
“O grande problema hoje é o quê? Você traz pessoas, mas sempre tem alguém que vai sair […] Essas vagas negativas, muito provavelmente, são mais por conta de pessoas pedindo demissão por conta de fundo de garantia. O endividamento da população está muito grande […] Obviamente que tem a troca de emprego, porque daí você tem R$ 1 a mais ali, R$ 2, e o pessoal migra muito por conta disso”, afirma.
ARQUIVO: Força-tarefa dos sindicatos industriais durante captação de currículos em Piracicaba, em 2022
Gabriela Ferraz/EPTV
À espera de taxa de juros mais baixa 📉
Erick afirma que o setor metal mecânico em Piracicaba está aquecido e que, inclusive, uma multinacional que estava no ABC Paulista está vindo para Piracicaba. Mas faz uma ponderação em relação à capacidade de investimentos.
“Obviamente, você tem que ter capacidade de investimentos, o que no cenário econômico atual está um pouquinho difícil porque a taxa de juros está um pouco alta. Mas você pode ter certeza que a hora que essa taxa de juros der uma resfriada, abaixar um pouquinho, você vai ver os investimentos das indústrias [aumentarem]”.
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