![](https://s2-g1.glbimg.com/av-fbQ8ovkwoz06L72-xKb-dqaQ=/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/T/S/aAeHFZShGAVqLYVCF2xQ/globo-canal-4-20250210-2000-frame-110440.jpeg)
Pesquisadores da USP de São Carlos e dos EUA analisaram 17.972 poços em todo o Brasil: 55% deles estavam com nível de água abaixo da superfície dos riachos mais próximos. Mais da metade dos rios do Brasil está com vazão em risco
Mais da metade dos rios do Brasil está sob risco de sofrer uma redução do nível das águas.
O nível do Rio Jacaré Pepira em Brotas, no interior de São Paulo, é um indicador da atividade econômica do município. O turismo por lá depende das atividades esportivas como o rafting. E sempre que a água baixa muito, o setor sofre. Isso pode virar um problema cada vez mais frequente porque um trecho dele está em uma zona crítica, com diminuição da quantidade de água.
O fenômeno afeta também grandes rios em outras regiões do país. O alerta vem de um estudo feito por pesquisadores da USP de São Carlos, no interior paulista, e dos Estados Unidos. Os pesquisadores analisaram 17.972 poços em todo o país: 55% deles estavam com nível de água abaixo da superfície dos riachos mais próximos. Isso indica que a água do rio está se infiltrando no subsolo.
Mais da metade dos rios do Brasil está sob ‘pressão’ e com vazão em risco, aponta estudo sobre nível de poços
A movimentação de água entre os rios e os reservatórios subterrâneos é normal. Mas quando a exploração dos poços é excessiva, a tendência é que a água dos rios seja drenada para o subsolo, reduzindo a sua vazão e até secando pequenos cursos d’água.
“A grande dificuldade da gestão de recursos hídricos no Brasil é a integração entre águas superficiais e subterrâneas. A água é uma só. Então, se você vai ali e explora muito a água subterrânea, você pode diluir a vazão dos rios”, explica José Gescilam Uchoa, engenheiro e doutorando da Escola de Engenharia de São Carlos/ USP.
Isso já vem acontecendo em várias regiões do Brasil, sobretudo em áreas mais áridas e aquelas com intensa atividade agrícola. A Bacia do São Francisco é um dos exemplos mais preocupantes: 61% dos rios da região estão em risco. No Rio Verde Grande, afluente do São Francisco, a situação é ainda mais crítica: até 74% dos cursos d’água podem ser afetados.
Superexploração das águas subterrâneas ameaça mais da metade dos rios brasileiros
Jornal Nacional/ Reprodução
A diminuição do volume de água dos rios pode afetar diretamente a nossa vida. Os impactos mais preocupantes são a dificuldade no abastecimento de água e a morte dos animais que vivem nesses ambientes. E o uso excessivo da água do lençol subterrâneo pode provocar afundamento do solo, com danos às cidades e o surgimento de rachaduras e crateras.
O estudo revelou que, mesmo o Brasil sendo um dos países mais ricos em recursos hídricos, é urgente criar um sistema de monitoramento constante dos poços e do nível dos rios para que a retirada de água subterrânea não ultrapasse os limites sustentáveis.
“A gente precisa conhecer eles bastante bem e comparar essa disponibilidade com as diferentes demandas. Como geração de energia, produção agrícola, produção industrial, consumo humano, dessedentação animal. E ai chegar em uma relação que garanta uma sustentabilidade de longo prazo para que nenhum desses setores acabe ficando sem água”, afirma Edson Wendland, professor de hidráulica e recursos hídricos na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo .