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35º filme da Marvel faz bom trabalho em apresentar versão de Anthony Mackie do herói e se beneficia de baixas expectativas da fase instável do estúdio. Como uma história pensada para introduzir a nova versão do herói mais emblemático da Marvel, “Capitão América: Admirável mundo novo” faz um ótimo trabalho. De resto, pode não ser dos mais admiráveis, tampouco dos mais novos, mas é bem ok.
O 35º filme da Marvel – o primeiro com Anthony Mackie com o uniforme e o escudo com as listras e as estrelas – estreia nesta quinta-feira (13) nos cinemas brasileiros como um recomeço para o personagem, mas também para o estúdio de certa forma.
“Deadpool e Wolverine” (2024) foi um sucesso inegável, claro, mas pecava exatamente por habitar apenas tangencialmente o Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês). “Admirável mundo novo” é, então, o retorno à narrativa central depois do fiasco de um (também bem ok) “As Marvels” (2023).
Por causa disso, este quarto “Capitão América” se beneficia e é vítima das expectativas de um público frustrado com a aparente arrogância passada de um estúdio que não acreditava na possibilidade de fracassos.
Há quem se surpreenda por não ser ruim. Ainda mais considerando os problemas de bastidores, que envolveram extensas regravações e mudanças no roteiro.
Assista ao trailer de ‘Capitão América: Admirável mundo novo’
Estes talvez acabem até por se divertir com as boas cenas de ação e o mais puro suco de um Harrison Ford dos mais Harrison Fords dos últimos anos, gigante, musculoso, de peito cabeludo e vermelho. Muito vermelho.
Mas é inevitável também a existência daqueles que já querem não gostar do filme – um abismo que o novo “Capitão América” simplesmente não tem forças para superar, não importa quantos Hulks multicoloridos tenha.
De zero a herói
Em seu sétimo filme do MCU, Mackie não é exatamente um novato – mas, em “Admirável mundo novo”, ele finalmente deixa para trás a persona de ajudante de super-herói principal de suas primeiras aparições, e de protagonista relutante da esquecível série “Falcão e o Soldado Invernal”, para assumir de vez seu novo papel.
Para libertar um mentor (Isaiah Bradley) preso injustamente após a tentativa contra vida do novo presidente americano (Ford), o Capitão de Mackie precisa encontrar o verdadeiro autor do atentado.
Harrison Ford e Anthony Mackie em cena de ‘Capitão América: Admirável mundo novo’
Eli Adé/Marvel Studios
A sinopse simples – e meio cansada – funciona para dar a plataforma necessária ao protagonista, que, com a troca de alter ego e de intérprete, ganha força maior como símbolo além do espectro físico.
O êxito na passagem inédita de bastão (ou de escudo, se preferir) serve para provar que, mais do que um super-soldado, o Capitão América deve ser um ideal – por mais piegas isso seja, ainda mais para um personagem que veste a bandeira dos Estados Unidos.
Do nada a lugar algum
Por outro lado, passar o fiapo de trama por oito roteiristas diferentes tem um preço claro. Mais do que um (monstro de) Frankenstein meio desconjuntado em alguns momentos, “Admirável mundo novo” nunca sabe exatamente para onde ir entre o ponto A do começo e o B do final.
Para ser justo, até o ponto B parece bem aberto a discussão, já que a conclusão tão anunciada e aguardada chega e se vai sem grandes abalos. É uma história que parte do nada e vai para lugar algum – com algumas pausas pelo caminho.
Anthony Mackie em cena de ‘Capitão América: Admirável mundo novo’
Divulgação
Tais paradas pelo menos têm o valor de sempre da Marvel, com lutas que se aproveitam muito bem das habilidades distintas do novo Capitão alado. Uma pena que a trama nunca acompanhe essa qualidade.
Por vezes, parece que o próprio filme ri de suas inconsistências, com uma autoconsciência bem-vinda, que o alça muito acima dos diálogos atrapalhados de um “Thor: Amor e Trovão” (2022) ou de um “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania” (2023).
Liderança
O elenco de certa forma funciona como maior contraponto a tais fraquezas. Mackie se segura bem e prova que pode ajudar a sustentar o futuro do MCU, mas, como não poderia deixar de ser, Ford mais que do rouba a cena – ele a sequestra.
Harrison Ford em cena de ‘Capitão América: Admirável mundo novo’
Divulgação
Com a missão impossível de substituir o gigantesco William Hurt (1950-2022) como o personagem recém-eleito presidente dos EUA, veterano nem tenta. Há anos interpretando diferentes versões de si mesmo, o ator entrega um Ford um pouco mais sereno – e isso já é mais do que o filme merecia.
Por outro lado, uma visão mais clara e concisa entenderia que não se pode desperdiçar alguém do calibre de um Tim Blake Nelson, um dos nomes mais subestimados de Hollywood.
“Admirável mundo novo” comete o mesmo erro de “O incrível Hulk” (2008) e o mantém afastado dos holofotes a maior parte do tempo – mesmo com a vantagem de não precisar repetir sua origem.
Mackie pode liderar os próximos capítulos do MCU, mas Nelson é o Líder que merecemos. Tomara que a Marvel entenda isso.
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