Envelhecer sem limites


Organização britânica faz campanha contra o etarismo com o slogan: ‘Fique atento, desafie, mude’. Isso tem nome: entenda o que é o etarismo, a discriminação por idade
A organização britânica Centre for Ageing Better (Centro para um Envelhecimento Melhor) acabou de lançar a campanha Age without limits (Envelhecer sem limites). A proposta é combater o preconceito contra os idosos presente nas experiências mais comuns. Estudos mostram que dois terços das pessoas relatam que receberam algum tipo de tratamento ou comentário negativo depois de completarem 50 anos.
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Age without limits
A entidade dispõe de uma pesquisa com dados chocantes: 24% acham no mínimo embaraçoso que cinquentões e sessentões queiram ir a concertos de estrelas da música pop como Taylor Swift; o mesmo percentual acredita que não faz sentido contratar trabalhadores mais velhos, porque são lentos e não conseguirão se adaptar às necessidades da empresa.
O lema da campanha é não relativizar ou suavizar a situação: em inglês, “Notice it, challenge it, change it” equivale a “Fique atento, desafie, mude”. Como o preconceito está entranhado na sociedade, às vezes temos até dificuldade de perceber quando ocorre, mas não podemos fingir que não existe.
Ficar atento: o primeiro passo para lutar contra o idadismo é não ignorar quando ele acontece. Veja alguns exemplos:
Na linguagem: os exemplos se multiplicam, como “isso não é para a sua idade”; ou “na sua época devia ser diferente” (como assim, se nossa época é justamente o momento que vivemos?). O pior comentário de todos: “você está ótimo/a para a sua idade!”, como se o simples fato de envelhecer tornasse impossível estar bem e apresentável.
Nas suposições que alimentam estereótipos: partir do princípio de que idosos e tecnologia não combinam; ou que eles não se adaptam a mudanças. “Você usa e-mail?” chega a ser ofensivo – afinal, quem tem 60 anos usa computadores há décadas!
Na área da saúde: subestimar uma queixa de desconforto como se fosse “normal para a faixa etária” é preconceito. Envelhecer não precisa ser sinônimo e dor e mal-estar.
Na mídia: com que frequência idosos aparecem em anúncios? São retratados em atividades e papéis dinâmicos ou apenas reproduzem clichês como indivíduos frágeis, desmemoriados e objeto de piadas? Estão associados somente a artigos geriátricos?
Desafie: se você se deparou com uma situação dessas, não minimize. Cada ação que enfrenta o etarismo é um passo para acabar com seu impacto negativo, que traz dor e derruba a autoestima.
Fale abertamente sobre o envelhecimento e o preconceito em casa, no trabalho, em seu círculo social – compartilhar histórias pessoais é um instrumento poderoso de mudança.
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Age without limits
Confronte os estereótipos: se insurja toda vez que escutar uma observação relacionada a algo não combinar com sua idade. De levantar peso e andar de moto; de se produzir para uma festa a namorar. Jovens vivem esquecendo coisas, mas ninguém acha que seus problemas de memória decorrem de declínio cognitivo! Desencoraje e critique piadas que depreciem os velhos.
Combata a condescendência: tratar um idoso de forma tatibitate, como se ele fosse uma criança pequena, ou usar expressões como vovozinho, vovozinha, senhorinha ou outras do tipo são manifestações de preconceito.
Denuncie casos de exclusão: em eventos sociais ou profissionais nos quais os mais velhos são negligenciados ou excluídos, se posicione claramente para exigir um ambiente amigável.
No site, há uma galeria de fotos que podem ser utilizadas por todos que quiserem abordar o tema. São elas que ilustram a coluna.
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