Marco Antônio Chamon recebeu posse durante cerimônia recente em Brasília. Dias depois, ele concedeu uma entrevista ao g1 em que falou sobre dificuldades e investimentos no setor. Marco Antônio Chamon assume a presidência da Agência Espacial Brasileira
Divulgação/AEB
Novo presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), o engenheiro Marco Antônio Chamon tem como principal desafio em sua gestão a produção do Cbers-6, sétimo satélite em parceria entre o Brasil e a China.
🚀 Criada em 1994, a AEB é responsável por formular, coordenar e executar a Política Espacial Brasileira. Nesse intuito, Chamon ainda se propõe a aproximar e conectar a sociedade ao programa espacial.
“O programa espacial é muito importante e está aí para trazer benefícios. Nossa grande ambição é gerar benefício às pessoas, que precisam saber disso”, afirma Chamon.
“Há muita desigualdade social no país, algo que o programa espacial pode ajudar a reduzir. O programa também traz tecnologia de ponta que a indústrias precisam para desenvolver. Ele tem impactos na área econômica, pois pode gerar desenvolvimento e emprego, na área ambiental, já que podemos monitorar queimadas, desmatamento e oceanos. O programa é capaz de ajudar e faz muitas coisas que as pessoas usam no dia a dia”, completa.
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Em entrevista ao g1, Chamon falou sobre seus principais objetivos no cargo e a necessidade de investimentos no setor. Veja abaixo os principais trechos:
Satélite em parceria com a China
Com previsão de entrar em órbita em 2028, o Cbers-6, satélite em parceria entre o Brasil e a China, terá sua produção coordenada pela agência. O acordo, que prevê custo de mais de 100 milhões de dólares, foi assinado neste ano.
O equipamento fornecerá dados importantes da superfície da Terra, em especial do território brasileiro e chinês. Apesar disso, há duas importantes diferenças entre o novo aparelho e os que estão em órbita atualmente: o tamanho e as imagens geradas.
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O Cbers-6 deve ser um satélite menor, mais enxuto e com mais tecnologia. “É um satélite radar. Até hoje tivemos como se fossem máquinas fotográficas colocadas no espaço. A grande vantagem do radar é que ele funciona à noite e através das nuvens, coisa que as imagens ópticas não têm”.
Com isso, o aparelho poderá fazer imagens de regiões brasileiras que estão sempre cobertas pelas nuvens e, por isso, impossível de serem registradas pelas câmeras ópticas que atualmente operam.
“Para se ter uma ideia: a todo o momento ao menos 30% do mundo está coberto por nuvens. As câmeras ópticas não atravessam as nuvens. Acabam fotografando superfície da nuvem. Com o radar, você consegue atravessá-las”, explica.
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Investimento e quadro de funcionários
O nível de investimento e o quadro de funcionários enxuto na AEB são temas de preocupação para Chamon. Apesar disso, ele vê que o governo tem sinalizado retomar investimentos na área espacial.
Durante um encontro no Cemaden em maio, em São José dos Campos, a ministra Luciana Santos anunciou que o governo irá investir R$ 360 milhões no setor aeroespacial e em inovação e tecnologia. O montante, segundo a ministra, é 10 vezes a mais do que já se investiu no setor.
“Se eu disser que estou satisfeito, a ministra vai ver decidir não dar mais dinheiro à Agência Espacial Brasileira. Então vou dizer que é um bom começo. Ele será perfeitamente utilizado nesse início do programa com a China, o Cbers (Programa de Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, na tradução do inglês). É suficiente? Não, pois ainda temos um lançador e uma base de lançamentos para manter e ampliar. São objetos caros. Mas, se você considerar que o orçamento da AEB tem caído nos últimos anos – está perto de R$ 100 milhões -, temos um salto grande e isso é muito bem-vindo. Sinaliza muito positivamente a intenção do governo de investir fortemente em alta tecnologia. Sinaliza para a retomada de investimento na indústria brasileira, algo que precisa ser feito”, avalia o presidente.
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Preocupado com o número considerado baixo de funcionários servindo a AEB, o pesquisador dá detalhes do quadro e afirma que espera ao menos a contratação de mais 30 pessoas.
“A agência tem servidores, que são funcionários públicos, tem pessoas que são comissionadas, ou seja, convidados para trabalhar em um cargo de confiança, e colaboradores. Somando tudo isso, temos pouco mais de 150 pessoas. Em relação aos servidores, temos menos de 50. Para recompor o quadro inicial, que já era pequeno, precisamos de no mínimo 30 pessoas.”
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Carreira no Inpe
Marco Antônio Chamon chegou ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em 1984 e, apesar continuar ligado ao Inpe, vai se afastar das atividades que exercia no instituto enquanto estiver à frente da Agência Espacial Brasileira.
De acordo com ele, a função não seguirá sendo exercida nos próximos anos, mas segue sendo funcionário do Inpe e retornará ao órgão quando sua passagem pela AEB for encerrada.
Chamon se considera alguém privilegiado por quase 40 anos no instituto e afirma que é justamente essa bagagem tão longa a responsável por lhe garantir experiência suficiente para agora comandar um novo desafio.
“Entrei no Inpe para trabalhar na área de satélites. Durante 35 anos, trabalhei com engenharia de satélites e tenho uma trajetória que é essencialmente nessa área. Em 2019, fui transferido para gestão para trabalhar com orçamento e planejamento. Fui privilegiado. Tive uma oportunidade aprender, tanto na teoria quanto na prática, o trabalho com satélites, além de ver como se faz gestão de algo com tanta importância. É com isso que eu quero ajudar a Agência Espacial Brasileira”
Inpe
Divulgação/INPE
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