Santuário de Nossa Senhora de Lourdes pode remover mosaicos feitos por Marko Rupnik em 2008. Situação dos mosaicos no Santuário Nacional de Aparecida segue indefinida. Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, na França
Divulgação/Centro Aletti
Enquanto a Basílica de Aparecida (SP) afirma aguardar orientação do Vaticano para decidir quais medidas adotar sobre o mosaico gigante idealizado pelo padre Marko Rupnik, expulso pelos jesuítas após denúncias de abusos sexuais, um santuário francês estuda remover obras feitas pelo esloveno.
Localizado no sul da França, o Santuário de Nossa Senhora de Lourdes, construído em 1850, reúne mosaicos ilustrativos feitos por Rupnik. A arte foi aplicada na Basílica do Rosário em 2008, em comemoração ao aniversário de 150 anos do Santuário.
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Divulgação/Centro Aletti
Com as denúncias contra Rupnik, o bispo francês Jean-Marc Micas criou em abril uma comissão para decidir o que fazer com os mosaicos feitos por Rupnik há 15 anos. Em comunicado, ele cita a dor das vítimas que visitam o santuário.
“A questão geral do estatuto das obras dos artistas envolvidos em situações de abuso assume aqui um caráter consideravelmente mais sensível. Lourdes é um lugar onde muitas vítimas vêm à Imaculada Conceição em busca de consolo e cura. A angústia deles é grande diante dos mosaicos do senhor Rupnik, neste mesmo lugar: não podemos ignorá-la”, escreveu a igreja.
Ao criar a comissão, o bispo afirmou ainda que o grupo iria contar também com o reitor do santuário, um especialista em arte sacra, um psicoterapeuta, além de uma vítima.
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Reprodução/Youtube
Rumo incerto em Aparecida
Em Aparecida, a situação segue indefinida. Rupnik é o idealizador pelas obras das fachadas com mosaicos gigantes no Santuário Nacional.
Durante as investigações de abuso sexual, em fevereiro de 2023, o padre já havia sido proibido pela Companhia de Jesus de realizar qualquer obra pública. Em julho, ele foi expulso pelos Jesuítas.
Santuário Nacional de Aparecida tem fachada com mosaico gigante que retrata cenas bíblicas
Gustavo Marcelino
O padre esloveno é o artista principal do trabalho que está em andamento desde 2019 e prevê quatro mosaicos para enfeitar as fachadas do maior templo católico do Brasil.
Uma parte, que fica na principal entrada do Santuário Nacional, já foi concluída e inaugurada em 2022. São quatro mil metros quadrados de mosaico com cerca de 50 metros de altura que retratam cenas bíblicas. As pedras usadas no mosaico são do Brasil, França, Grécia e Afeganistão.
A Fachada Sul também foi concluída, mas não foi inaugurada pois há obras na Arcada dos Apóstolos, que fica exatamente ao lado. As outras duas estão programadas para sequência.
Santuário Nacional de Aparecida tem mosaico gigante que retrata cenas bíblicas
Thiago Leon/Santuário Nacional de Aparecida
O g1 questionou o Santuário Nacional de Aparecida sobre as medidas que devem ser tomadas a respeito de Rupnik e as obras dos mosaicos no local, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Antes, a Basílica havia informado que as obras são “uma concepção e execução de mosaicistas do Centro Aletti. Como o padre é membro desta instituição, o Santuário Nacional acompanha com atenção o caso e aguarda orientações da Igreja para suas definições”.
A reportagem também acionou o Vaticano e não obteve retorno até a publicação.
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Denúncias de abusos contra freiras
Na semana passada, o padre foi oficialmente expulso da Companhia de Jesus, ordem religiosa a qual ele integrava. A decisão ocorreu após investigação dos jesuítas sobre casos ocorridos em um período de mais de trinta anos.
Os jesuítas determinaram que Rupnik mudasse de comunidade e aceitasse uma nova missão, mas ele se recusou. Depois da demissão, o esloveno tinha um mês para contestar a decisão, o que não aconteceu.
Em nota publicada à época, o Centro Aletti, ateliê fundado por Rupnik, afirmou que a demissão do padre esloveno era baseada em campanha midiática baseada em acusações difamatórias e não comprovadas.
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