Angélica Aparecida Magalhães, de 31 anos, levava a filha bebê Kariny, de apenas um ano, a um hospital em Igaratá (SP). Os outros dois filhos, João Miguel, de 9, e Anthony, de 4 anos, foram juntos com a mãe ao hospital, pois estavam com saudade dela, segundo o pai. Angélica e os filhos João Miguel, Anthony e Kariny morreram em acidente de trânsito na Dom Pedro na última sexta-feira (11)
Arquivo pessoal
A mãe e os três filhos que morreram em um acidente de carro na última semana na Rodovia Dom Pedro I, no interior de São Paulo, estavam a caminho de um hospital para levar a filha caçula ao médico quando aconteceu o acidente, segundo o pai. Em entrevista ao g1 nesta quarta-feira (16), ele lamentou a perda da família e falou sobre o luto: “Está sendo muito difícil”.
Angélica Magalhães, de 31 anos, trabalhava como faxineira, era casada há dez anos com Farlley Ribeiro e tinha quatro filhos. A família morava em Jacareí (SP), onde há poucos meses haviam conseguido comprar a casa própria.
No acidente, morreram Angélica e os três filhos pequenos, João Miguel, de 9 anos; Anthony, de 4 anos e a bebê Kariny, de apenas um ano de vida. Os quatro estavam indo para um hospital na cidade vizinha Igaratá, para levar a filha caçula doente ao médico, quando o trágico acidente ocorreu.
“A Angélica saiu de casa por volta das 21h após buscar a Kariny na casa da babá, que fica na rua de cima. Ela viu que a filha estava doente e resolveu levá-la a um hospital em Igaratá, pois achava que o local tinha atendimento mais rápido”, contou Farlley Ribeiro, viúvo de Angélica e pai das crianças.
Ainda segundo Farlley, a companheira disse que pediria carona a uma amiga, mas acabou indo por conta própria, antes que Farlley terminasse o corte de cabelo de seu último cliente e levou junto os filhos João Miguel e Anthony, que quiseram acompanhá-la.
Mulher que morreu em acidente na Dom Pedro em Jacareí levava filha ao hospital em Igaratá
Arquivo pessoal
“Como eu estava de costas cortando, não vi, mas os dois meninos saíram atrás dela, eles estavam com saudade dela, tinham perguntado por ela antes. Acho que eles pediram pra ir junto e ela deixou. Eles iam em Igaratá, porque geralmente o atendimento é mais rápido e se pegar a Dom Pedro, que geralmente não tem trânsito, chega rápido lá”, lembrou.
Farlley disse que percebeu a demora da família em voltar para a casa e tentou contato de várias formas, mas não conseguiu falar com a esposa. Foi somente de madrugada que uma viatura da Polícia Miliar esteve na casa dele e comunicou a tragédia.
“Eles começaram a demorar, eu ligava, mandava mensagem, ligava no telefone do meu filho e não atendiam. Quando era cerca de 1h da manhã chegou uma viatura da polícia em casa. O policial chegou, pediu para que eu sentasse e disse ‘cara, senta aí que a notícia que eu vou te dar eu não consigo nem falar direito. Eu vim orando dentro da viatura para que eu não achasse sua casa’. Ele deu a notícia e até pensei que era uma brincadeira de mau gosto. Foi só na entrada no velório que a minha ficha caiu”, disse Farlley.
Farlley e a filha Kariny
Arquivo pessoal
O acidente foi uma batida frontal entre dois carros por volta das 21h50 no km 17 da rodovia. Segundo o Corpo de Bombeiros, o carro de Angélica, que seguia sentido Igaratá, perdeu o controle, atravessou o canteiro central e bateu em outro veículo que vinha no sentido contrário.
A corporação informou que as quatro vítimas fatais estavam no carro que causou o acidente. Angélica e os filhos não resistiram aos múltiplos ferimentos e morreram no local. O enterro aconteceu no último domingo, data em que é celebrado o Dia dos Pais.
“Está sendo muito difícil, foi uma perda tremenda. Era ela uma mãe muito preocupada com os filhos. Eu e a Angélica batalhamos muito para conquistar nossas coisas. Tínhamos comprado a nossa casa não fazia nem um ano. Compramos moto e carro, juntos. Eu trabalhava em dois empregos, tinha saído de um e tínhamos saído pra comemorar isso, que agora eu descansaria mais”, disse.
“Ela trabalhava muito também. Eu quis fazer uma festa de aniversário pra ela agora em julho e ela disse ‘não, vamos guardar pra comprar a minha geladeira, os móveis par a nossa casa’. Vivíamos em um ambiente de amor”, relatou o viúvo.
Angélica, Kariny e Farlley
Arquivo pessoal
O filho mais velho do casal, João Miguel, seguia os passos do pai e estava aprendendo a cortar cabelo. Horas antes do acidente, ele e o irmão Anthony deram os desenhos que fizeram para o pai em comemoração ao Dia dos Pais assim que chegaram da escola. Depois, eles decidiram acompanhar a mãe no hospital com a bebê, por estarem com saudade, já que segundo Farlley, Angélica estava trabalhando muito nos últimos dias.
“Os dois chegaram da escola e me deram os desenhos que tinham feito de Dia dos Pais. Eles perguntaram da mamãe e eu tinha dito que ela ia chegar um pouco mais tarde. Eles estavam com saudade dela, nos últimos dias ela estava trabalhando mais, estava ficando pouco em casa”, contou.
Angélica também deixa um filho de 13 anos, enteado de Farlley, que segundo o barbeiro também é como um filho do casal.
Enfrentando o luto, Farlley disse que o que o consola é saber que fez o melhor que conseguiu para os filhos enquanto eles estavam vivos. “Eu agradeço a Deus pelo privilégio de poder cuidar dos meus filhos. Agora é Deus quem está cuidando deles”, disse.
João Miguel estava aprendendo a cortar cabelo
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