Localizado em São José dos Campos (SP), o instituto divulgou nesta quinta-feira (17) um levantamento sobre as altas das temperaturas máximas entre 1961 e 2020. Homem se refresca do calor carioca em chuveiro no meio da calçada na Avenida Brasil
Marcos Serra Lima/g1
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nesta quinta-feira (17), mostrou que as temperaturas máximas aumentaram em até 3°C em algumas regiões do Brasil em um período de 60 anos.
A análise feita por pesquisadores do instituto, localizado em São José dos Campos, no interior de São Paulo, levou em consideração dados das estações meteorológicas espalhadas pelo país entre 1961 e 2020.
Um mapa foi montado para ajudar a entender onde ocorreram as maiores altas médias. Confira:
Temperaturas aumentaram em até 3ºC em algumas regiões do Brasil em 60 anos, diz INPE
Divulgação/INPE
De acordo com o INPE, foram observadas alterações de até 1,5°C na maior parte do território nacional. Elas estão sinalizadas nas cores amarelo claro e escuro.
As manchas vermelhas mais escuras indicam aumento das temperaturas máximas entre 2,5°C e 3°C. Esse índice atinge principalmente o interior do Nordeste e no noroeste da região Norte.
Centro-Oeste e Sudeste são regiões com aumento acima de 1,5°C.
Na região do Vale do Paraíba, o aumento está em até 1,5°C.
Os números preocupam
De acordo com Lincoln Alves, um dos pesquisadores responsáveis pelo levantamento, o aumento de até 3°C nas temperaturas máximas é significativo.
“Parece pouco, mas é bastante expressivo. Quem trabalha ao ar livre, como por exemplo o setor da construção civil, sente esse estresse térmico no dia a dia. A agricultura também sente muito impacto na produção dos alimentos”, explica.
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Além disso, o número é também considerado preocupante. Segundo o instituto, a média global da alta das temperaturas máximas é de 1,2°C no mesmo período. Ou seja, em nível nacional, o aquecimento é por vezes muito maior que a média global.
Agricultura no Brasil
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)
O pesquisador explica também que os três principais motivos para esse aumento no país são a mudança global do clima, a organização e alterações no uso e na cobertura da terra, que é prejudicada com os desmatamentos, por exemplo.
Os resultados da pesquisa e um inverno com temperaturas acima da média histórica levantam uma preocupação em relação ao verão, que começa no dia 22 de dezembro. Lincoln ressalta que é possível que o país registre recordes durante a estação.
“Temos acompanhado recordes atrás de recordes frequentemente, em todo o mundo. Em geral e seguindo essa tendência, é possível, sim, que tenhamos registros recordes”, ressalta.
Calor pelo mundo
Julho registrou recordes nos índices no mundo. No dia 5, a temperatura no planeta Terra foi de 17,18°C, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Antes disso, o maior registro era de 16,92°C, em 2016.
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A onda de calor no meio deste ano foi sentida principalmente na Europa e na América do Norte, que teve diversas consequências nos EUA e no México, onde mortes foram registradas.
Segundo o pesquisador do INPE, os impactos de dias quentes como esses seriam menores nos brasileiros, o que não deixa de ser alarmante.
“Estamos em um país tropical, onde as pessoas estão mais adaptadas ao calor. Mas há vários setores preocupados com isso, como agricultura e construção, que vão precisar de uma adaptação maior para não terem prejuízos”, afirma.
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