Caso Marco Aurélio: Pai de escoteiro que sumiu há 38 anos diz manter esperança de que o filho esteja vivo: ‘Tudo é um mistério’


A Polícia Civil vai retomar, nesta segunda-feira (18), as escavações em uma área onde o corpo de Marco Aurélio Simon pode estar enterrado, após drones identificarem possíveis covas. Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
A notícia de que a polícia vai retomar as buscas pelo escoteiro Marco Aurélio, desaparecido há 38 anos ao sumir durante uma trilha no Pico dos Marins, em Piquete (SP), deu um novo capítulo ao caso, que é um dos maiores mistérios do país.
Além disso, a retomada anima a família de Marco Aurélio, que torce para que a história tenha um ponto final. Embora sejam quase quatro décadas desde o sumiço do garoto (na época ele tinha 15 anos), o pai dele, Ivo Simon, mantém as esperanças de que o filho esteja vivo.
“No que eu posso acreditar? Eu não tenho nada de concreto para acreditar que ele está morto. Então vou acreditar que ele está vivo. É difícil, muito difícil acreditar nisso, mas eu prefiro.”
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Ivo Simon, pai do escoteiro Marco Aurélio
Reprodução/TV Vanguarda
A Polícia Civil decidiu iniciar uma nova operação de busca, que começa nesta segunda-feira (18), após drones identificarem possíveis covas – leia mais detalhes abaixo.
De acordo com a apuração do g1, foram utilizados pela polícia drones brasileiros, mas com tecnologia alemã, que identificou ao menos cinco pontos onde ossos estariam enterrados no Pico dos Marins. O drone é capaz de fazer detecção de materiais, mesmo que estejam em uma grande profundidade.
“Ele encontrou indícios. Então vão fazer uma operação que ainda não foi feita. Teve uma reunião entre Polícia Civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Ambiental. Todos vão estar envolvidos na busca na mata. Vão levar cães farejadores, peritos da USP e gente de vários outros lugares para ajudar. Vamos ficar de três a cinco dias nesses locais, onde há indícios de movimentações. Quem sabe seja alguma coisa”, explica Ivo Simon.
“Os drones conseguiram fazer uma detecção que nos dá uma esperança. Pode ser algo triste, mas que coloque um ponto final nessa história. Uma história tem que ter começo, meio e fim. Eu estou diante de uma história que teve um começo, no erro de um chefe, um meio, que já dura 38 anos, mas que não teve um fim até agora. Eu preciso que ela chegue a um fim. Estou torcendo”, completa.
Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
De acordo com ele, que é aposentado como jornalista, Marco Aurélio se perdeu dos outros escoteiros após receber a missão – de um líder do grupo – de procurar ajuda para um outro jovem que havia se machucado.
“Foi um erro gravíssimo do líder escoteiro. Ele não podia deixar deixado meu filho, um garoto de 15 anos, sozinho, buscar socorro. O local é só pedra. Vai pedir socorro para quem? Eu estive no local onde ele desapareceu e é só pedra. Você realmente fica meio perdido ali. Eu não saberia sair de lá. Imagina um garoto de 15 anos, que tinha um amigo machucado e recebeu a missão de buscar socorro?”, questiona.
A polícia vai retomar as buscas pelo escoteiro que desapareceu há 38 anos em Piquete
Desde o episódio, a vida de Ivo Simon mudou completamente. Até hoje procurando pelo filho, o jornalista já viajou a diversas cidades do Brasil, onde pessoas afirmaram ter encontrado indícios da passagem de Marco Aurélio, e pediu ajuda a autoridades, grupos e líderes.
“Nesses 38 anos nós já tivemos notícias do Brasil inteiro. Eu viajei a diversos lugares. Fui falar até com o Chico Xavier, que me recebeu na casa dele, para ver se tinha alguma informação. Ele me falou que não conseguiu nenhum contato e minha esposa até perguntou: ‘Então ele está vivo?’. Ele respondeu: ‘Não disse isso, mas que não consegui contato com ele. Eu só me comunico com seres desencarnados’.”
“Parece ser muita utopia pensar como eu penso, que Marco Aurélio pode estar vivo. Sei que também pode estar morto. Mas eu, como jornalista, acredito só em fatos. E o fato é que nós não temos um fio de cabelo como pista. Tudo é um mistério.”
Retoma das buscas
A Polícia Civil vai retomar nesta segunda-feira (18) as escavações em uma área onde o corpo de Marco Aurélio Simon pode estar enterrado, após drones identificarem possíveis covas. O escoteiro está desaparecido há 38 anos, ao sumir durante uma trilha no Pico dos Marins, em Piquete, a 200 quilômetros da capital paulista.
A reportagem apurou que foram utilizados pela polícia drones brasileiros, mas com tecnologia alemã, que identificou pelo menos cinco pontos onde ossos estariam enterrados no Pico dos Marins. O drone tem tecnologia capaz de fazer detecção de materiais mesmo em uma grande profundidade.
Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
A operação vai interditar uma parte do Picos dos Marins para as buscas, que podem durar até cinco dias. Além de policiais do Vale do Paraíba, peritos do Instituto de Criminalística do setor de arqueologia de São Paulo e equipes do Corpo de Bombeiros também vão participar do processo.
Ao todo, cinco pontos do pico já definidos serão vistoriados. A reportagem apurou que os peritos de São Paulo vão inclusive peneirar a terra nestes pontos, já que os ossos podem estar em migalhas devido ao processo de decomposição ao longo dos anos.
A retomada das buscas foi acordada em uma reunião realizada na Delegacia Seccional de Guaratinguetá nesta semana.
Caso desarquivado
O caso foi desarquivado em 2021, após novos indícios abrirem duas linhas de investigação da polícia. A primeira é a de que ele pode ter sido morto e enterrado em uma área próxima ao acampamento.
Em novembro do ano passado e em julho de 2021, escavações chegaram a serem feitas pela Polícia Civil em uma casa e terrenos na área rural de Piquete (SP), mas nos dois casos a ação terminou sem o encontro de novas evidências sobre o caso Marco Aurélio.
Cães farejadores participaram da última busca em 2022, mas apenas um material orgânico, sem relação com o escoteiro, foi localizado na época.
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Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
Segunda linha de investigação
A outra possibilidade que será investigada pela Polícia Civil é a de que Marco Aurélio possa estar vivo e hoje esteja em situação de rua. Há depoimentos de que ele foi visto em Taubaté em mendicância.
A família encomendou de peritos uma imagem envelhecida do escoteiro, com características de morador de rua e usa para tentar encontrá-lo (veja abaixo). Para esta linha de investigação, a polícia acionou as penitenciárias da cidade, equipes da Polícia Civil e Militar.
Esta linha é também o que acredita a delegada Sandra Vergal, responsável pela investigação do caso à época.
Família fez imagem de como Marco Aurélio estaria hoje; hipótese é de que ele viva como andarilho
Arquivo Pessoal
Histórico
Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, faziam uma trilha como escoteiros ao cume do Pico dos Marins, o mais alto do estado de São Paulo, que fica na cidade de Piquete.
À época, polícia, bombeiros e equipes de inteligência fizeram buscas por 28 dias na área. Um inquérito foi aberto na Polícia Civil para investigar seu desaparecimento, mas terminou arquivado e sem resposta. Mais de 30 anos depois, com um novo depoimento, a polícia decidiu pela reabertura e investigação do caso.
A primeira linha já foi executada em parte, com uma escavação, que terminou sem o encontro de novos indícios. Ainda há uma área a ser escavada, mas é classificada como de preservação ambiental e, por isso, foi necessária uma série de autorizações.
A segunda aponta suspeita de que estaria em Taubaté, depois de terem visto um morador de rua com os mesmos traços dele. À época do desaparecimento, havia depoimento de um motorista de ônibus que disse ter visto Marco Aurélio e ter dado a ele carona para ele.
A polícia tem ouvido pessoas que estavam com o menino à época, pessoas que disseram ter visto Marco Aurélio e mapeado penitenciárias e espaços de acolhida de pessoas em situação de rua em busca de informações.
Reportagem da época lembrava desaparecimento de Marco Aurélio no Pico dos Marins
Reprodução/ TV Vanguarda
Veja abaixo reportagem de quando o caso completou 20 anos:
Veja reportagem de quando caso do escoteiro desaparecido Marco Aurélio completou 20 anos
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