Caso Marco Aurélio: como é o trabalho de escavações em buscas por escoteiro desaparecido há quase 40 anos


Operação de buscas pelo escoteiro que está desaparecido há 38 anos foram retomadas na segunda-feira (18) e se concentram no Pico dos Marins, última vez onde ele foi visto. Caso Marco Aurélio: Buscas onde cabelo foi encontrado contam com coleta do solo para análise
Rauston Naves/g1
As buscas por Marco Aurélio Simon, escoteiro que está desaparecido há 38 anos, entram no terceiro dia da nova fase da operação nesta quarta-feira (20) com foco nas escavações de possíveis covas. Na época com 15 anos, o jovem sumiu durante uma trilha no Pico dos Marins, em Piquete, a 200 quilômetros da capital paulista.
A retomada da operação aconteceu após drones identificarem cinco pontos onde ossos podem estar enterrados na região. O equipamento tem tecnologia capaz de fazer detecção de materiais mesmo em uma grande profundidade.
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De acordo com a Polícia Civil, a perícia tem se concentrado na escavação dos pontos indicados pelo drone em busca de indícios. Isso envolve a coleta de amostras do solo a cada 30 centímetros de profundidade.
“É uma atividade muito demorada e lenta, que depende da escavação e de uma análise do material. Passamos o dia inteiro fazendo toda a varredura dessa primeira área”, explica o delegado Marcelo Cavalcante, responsável pela investigação.
Caso Marco Aurélio: Buscas onde cabelo foi encontrado contam com coleta do solo para análise
Reprodução/TV Vanguarda
Depois do recolhimento, esse material é levado para análise em laboratório em busca de traços genéticos. Até terça-feira (19), esse trabalho aconteceu no primeiro ponto apontado pelos drones.
“Esse primeiro ponto apresenta alguns resultados, e aí precisamos avaliar esses resultados com as informações iniciais que indicavam a área como uma cova com ossos. Ainda não conseguimos encontrar nenhum osso”, completa.
De acordo com os peritos da polícia científica, materiais com DNA podem estar misturados à terra. Para evitar contaminação na área, o acesso é restrito e só pode ser feito com equipamentos de proteção.
Caso Marco Aurélio
Rauston Naves/g1
O mesmo processo será repetido nos outros quatro pontos na região do Pico dos Marins que serão periciados. A área foi mapeada a partir de uma nova tecnologia: um drone equipado com radar, que consegue identificar vestígios humanos embaixo da terra. O aparelho indicou pontos que podem ter sido usados como covas.
Segundo o delegado, um material encontrado em novembro do ano passado levou a polícia a manter o trabalho no caso. Na ocasião, o relatório da perícia apontou para um cabelo humano no local. Apesar disso, não foi possível identificar DNA na amostra.
“Em 2021 aconteceu a reabertura das investigações e em uma das escovações, no ano passado, foi encontrado um cabelo humano, o que levou a sequência de investigação”, afirma.
Assista o vídeo abaixo e entenda como funciona o drone usado nas buscas
Como funciona o drone usado nas buscas pelo escoteiro que sumiu há quase 40 anos
Por que as buscas foram retomadas?
Desde 1985 que a polícia e a família buscam por Marco Aurélio, que desapareceu quando fazia uma trilha ao cume do Pico dos Marins acompanhado de três amigos de mesma idade, 15 anos, e o líder de escotismo do grupo.
Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
Já foram feitos interrogatórios, escavações, o desaparecimento ganhou repercussão nacional, o caso foi arquivado, desarquivado, retratos de como o escoteiro estaria atualmente foram divulgados, novas buscas e escavações foram realizadas, mas nenhuma pista concreta sobre o que aconteceu com Marco foi encontrada ao longo desses anos.
Segundo a Polícia Civil, o motivo da retomada repentina do caso é que surgiram novas pistas de que o corpo de Marco Aurélio pode estar enterrado no Pico dos Marins.
Drones que têm capacidade de fazer detecção de materiais mesmo em uma grande profundidade, sobrevoaram o Pico dos Marins e identificaram ao menos cinco pontos do terreno onde ossos estariam enterrados. A polícia acredita que esses locais podem ser covas e que o corpo de Marco pode estar no local.
Como funciona o drone usado nas buscas pelo escoteiro que sumiu há quase 40 anos
Caso desarquivado
O caso foi desarquivado em 2021, após novos indícios abrirem duas linhas de investigação da polícia. A primeira delas é a de que ele pode ter sido morto e enterrado em uma área próxima ao acampamento.
Caso Marco Aurélio
Rauston Naves/g1
Em novembro do ano passado e em julho de 2021, escavações chegaram a serem feitas pela Polícia Civil em uma casa e terrenos na área rural de Piquete (SP), mas nos dois casos a ação terminou sem o encontro de novas evidências sobre o caso Marco Aurélio.
Cães farejadores participaram da última busca em 2022, mas apenas um material orgânico, sem relação com o escoteiro, foi localizado na época.
Local onde as buscas pelo escoteiro Marco Aurélio, desaparecido há 38 anos, se concentrarão.
Arte/g1
Segunda linha de investigação
A outra possibilidade que será investigada pela Polícia Civil é a de que Marco Aurélio possa estar vivo e hoje esteja em situação de rua. Há depoimentos de que ele foi visto em Taubaté em mendicância.
Escoteiro Marco Aurélio Simon desapareceu aos 15 anos em 1985 no Pico dos Marins em Piquete (SP)
Arquivo pessoal
A família encomendou de peritos uma imagem envelhecida do escoteiro, com características de morador de rua e usa para tentar encontrá-lo (veja abaixo). Para esta linha de investigação, a polícia acionou as penitenciárias da cidade, equipes da Polícia Civil e Militar.
Esta linha é também o que acredita a delegada Sandra Vergal, responsável pela investigação do caso à época.
Família fez imagem de como Marco Aurélio estaria hoje; hipótese é de que ele viva como andarilho
Arquivo Pessoal
Desaparecimento e histórico
Marco Aurélio Simon desapareceu na manhã do dia 8 de junho de 1985. Ele e outros três amigos, todos com 15 anos à época, acompanhados de um líder dos escoteiros faziam uma trilha ao cume do Pico dos Marins, o mais alto do estado de São Paulo, que fica na cidade de Piquete.
À época, polícia, bombeiros e equipes de inteligência fizeram buscas por 28 dias na área. Um inquérito foi aberto na Polícia Civil para investigar seu desaparecimento, mas terminou arquivado e sem resposta. Mais de 30 anos depois, com um novo depoimento, a polícia decidiu pela reabertura e investigação do caso.
A primeira linha já foi executada em parte, com uma escavação, que terminou sem o encontro de novos indícios. Ainda há uma área a ser escavada, mas é classificada como de preservação ambiental e, por isso, foi necessária uma série de autorizações.
A segunda aponta suspeita de que estaria em Taubaté, depois de terem visto um morador de rua com os mesmos traços dele. À época do desaparecimento, havia depoimento de um motorista de ônibus que disse ter visto Marco Aurélio e ter dado a ele carona para ele.
A polícia tem ouvido pessoas que estavam com o menino à época, pessoas que disseram ter visto Marco Aurélio e mapeado penitenciárias e espaços de acolhida de pessoas em situação de rua em busca de informações.
Reportagem da época lembrava desaparecimento de Marco Aurélio no Pico dos Marins
Reprodução/ TV Vanguarda
Veja abaixo reportagem de quando o caso completou 20 anos:
Veja reportagem de quando caso do escoteiro desaparecido Marco Aurélio completou 20 anos
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