Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida

Irmãs de diferentes locais do Brasil saíram juntas de Caçapava, no interior de São Paulo, e devem chegar a Aparecida nesta sexta-feira (6), por devoção à Padroeira do Brasil. Chuva, barro e traje religioso: freiras caminham 75 km até o Santuário de Aparecida
Chuva, sol, frio, calor, cansaço e desgaste físico. Tudo isso acompanha de perto os peregrinos que todo ano caminham quilômetros para visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida e se sentir próximo da Padroeira do Brasil.
Em outubro, o volume de romeiros nas estradas que dão acesso à cidade de Aparecida, no interior de São Paulo, aumenta consideravelmente por conta do feriado oficial do dia 12 de outubro. E, neste ano, um novo grupo quis provar essa experiência: quase 30 freiras, entre 30 e 65 anos de idade, que estão percorrendo 75 quilômetros no total.
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O grupo de exatamente 26 mulheres partiu de Caçapava na manhã da última quarta-feira (4) e tem como meta chegar ao Santuário Nacional na próxima sexta (6).
Irmãs de Maria, de Atibaia (SP), fazem caminhada rumo ao Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria
A caminhada tem sido a primeira romaria de todas elas e, portanto, as dificuldades são ainda maiores. Além disso, não deixam de andar com o hábito religioso, como é chamada a veste que usam em santuários e institutos seculares. O traje, porém, foi adaptado e agora conta com bonés, viseiras e óculos de sol.
“A ideia é caminhar o tempo todo de traje, com o vestido e o véu, mas colocamos alguns acessórios. Não tem atrapalhado. Estamos tão ansiosas e animadas por essa experiência que tem sido sensacional e passado muito rápido”, explica a Irmã Eliza Maria.
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria de Schoenstatt
De acordo com ela, o principal percalço até aqui foi a chuva que atinge a região do Vale do Paraíba durante a semana. Mesmo com bastante barro no caminho, nenhum problema é suficiente para diminuir a motivação em concluir o trajeto e encontrar Nossa Senhora.
“Com cinco minutos de caminhada, enfrentamos um lamaçal complicado. Algumas irmãs até escorregaram. Mas entendemos e passamos muito bem pois é como se fosse a vida. De vez em quando enfrentamos obstáculos que precisamos superar”, lembra.
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria de Schoenstatt
O trajeto
A romaria começou oficialmente na manhã de quarta-feira (4), quando o grupo de religiosas deixou Caçapava e seguiu rumo a Tremembé. Foram cerca de 17 quilômetros de caminhada.
“Acordamos com aquela sensação de que teríamos um passeio para fazer no dia. Foi incrível sentir essa expectativa. Todas estavam muito ansiosas. O primeiro dia foi tranquilo, nem sentimos o corpo cansado. É um sinal de Deus e presença de Maria”, comemora Irmã Eliza Maria.
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Juliana Dorigo
Com o trajeto do primeiro dia concluído, o grupo dormiu em uma escola da cidade. Após o descanso, participaram de uma missa e deixaram Tremembé com destino a Pindamonhangaba na manhã desta quinta-feira (5).
O dia será o mais dificultoso, já que serão 30 quilômetros no total. “O físico começa a sentir um pouco, mas o coração está cada vez mais quente. Todo devoto que passa por nós nos dá força e a motivação é renovada.”
A romaria tem sido acompanhada de rezas e cantos, costumes que as irmãs já têm a praticam todos os dias. “Temos seguido tudo, mas de outra maneira. Tem sido diferente, mas uma experiência incrível”, afirma.
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria de Schoenstatt
O objetivo do grupo é descansar e dormir em Pindamonhangaba, para acordar por volta das 4h30 de sexta-feira (6) e partir para Aparecida. Serão mais 18 quilômetros e a ideia é chegar ao santuário por volta das 12h.
Como a ideia surgiu?
A Irmã Eliza Maria faz parte do Santuário da Mãe e Rainha de Schoenstatt, de Poços de Caldas. Em outubro de 2021, ela visitou o Santuário Nacional de Aparecida e, durante o trajeto de carro, as diversas romarias pela estrada chamaram sua atenção.
“Encheu meu coração ver tantas pessoas caminhando e me deu muita vontade de fazer também. Tive um contato muito forte com as pessoas que caminhavam.”
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria de Schoenstatt
Com o sonho de um dia participar de uma romaria, ela voltou à cidade mineira e comentou com outras irmãs, inclusive com as Irmãs de Maria de Schoenstatt, de Atibaia, que também gostaram da ideia.
Desde então, um projeto foi criado para concretizar o plano. No início deste ano, o grupo abriu inscrições para diversos outros santuários e institutos seculares do país.
No total, 34 irmãs se inscreveram. Elas são de Poços de Caldas, Atibaia, Londrina, Araraquara, Curitiba e Brasília. 26 começaram o trajeto em Caçapava e outras oito se encontrarão com o grupo em Pindamonhangaba.
Chuva, barro e traje religioso: freiras peregrinam 75 km até o Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria de Schoenstatt
Além disso, mais cerca de 70 irmãs tem feito parte do projeto. A maior parte delas é formada por idosas que, sem condições físicas para uma caminhada tão longa, tem participado com rezas. Essa parte do grupo vai de ônibus para Aparecida na sexta-feira, quando todas se encontrarão na chegada ao santuário. São 110 no total.
“Estou muito ansiosa e emocionada. Esse encontro vai ser maravilhoso, a realização de um sonho. É uma experiência de Deus, de família. Me emociono de imaginar a chegada e isso nos dá muitas forças”, conta Irmã Eliza Maria.
Veja fotos do trajeto
Irmãs de Maria, de Atibaia (SP), fazem caminhada rumo ao Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria
Irmãs de Maria, de Atibaia (SP), fazem caminhada rumo ao Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria
Irmãs de Maria, de Atibaia (SP), fazem caminhada rumo ao Santuário Nacional de Aparecida
Divulgação/Irmãs de Maria
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