As imagens mostram que os sindicalistas e policiais trocaram ofensas e chegaram a entrar em luta corporal. Os dois homens detidos já foram soltos. Um vídeo divulgado pelo Sindicato dos Metalúrgicos, na tarde desta quinta-feira (5), mostra a confusão entre policiais militares e sindicalistas, durante uma assembleia realizada nesta semana na Embraer, em São José dos Campos (SP).
O vídeo, gravado por um sindicalista, mostra uma confusão após um policial militar pedir que os manifestantes retirassem um carro e uma kombi do sindicato que estavam bloqueando uma das portarias da Embraer.
O PM explicou que o grupo não poderia bloquear o acesso da fábrica e foi questionado pelos sindicalistas, que afirmaram estarem sendo impedidos de realizar a greve.
Na sequência, o policial rebateu, afirmando que eles poderiam realizar a greve, mas não era permitido o bloqueio da entrada.
A confusão teve início com um bate-boca entre os policiais militares e os manifestantes ligados ao sindicato, que trocaram ofensas.
O vídeo mostra que em determinado momento um policial entrou em luta corporal com ao menos dois manifestantes. Também houve uso de spray de pimenta.
Os manifestantes tentaram se desvencilhar dos policiais e alguns chegaram a correr. Ederlando Carlos da Silva, que foi alvo de agressões e do spray de pimenta, chegou a ter a camiseta rasgada pelos policiais na ação.
As imagens mostram Ederlando sendo algemado e colocado no carro da Polícia Militar.
Enquanto Ederlando era colocado no camburão, um policial, identificado como cabo Silva, disse: “Leva esse também”, se referindo ao sindicalista José Dantas Sobrinho, que fez a filmagem de toda a confusão.
Dantas questionou os agentes, afirmando que não tinha feito nada e estava apenas filmando, mas também foi preso pela Polícia Militar.
Os dois detidos foram soltos nesta quarta-feira (4), após uma decisão da Justiça. Eles ficaram presos por pouco mais de 24 horas.
O que diz o Sindicato
De acordo com o Sindicato, as imagens “comprovam o uso de agressão física e abuso de autoridade pela Polícia Militar, revelando que nenhum dos ativistas cometeu qualquer crime que justificasse a prisão”.
Ainda segundo o órgão, “diante da gravidade dos fatos, o Sindicato dos Metalúrgicos vai tomar todas as medidas judiciais cabíveis”.
O vídeo divulgado pelo sindicato tem pouco mais de 5 minutos. Alguns diálogos são incompreensíveis e não é possível saber o que ocorreu antes da gravação. Os quatro policiais que participaram da ação usavam câmera no uniforme.
O que diz a PM
No dia da prisão, a Secretaria de Segurança Pública informou que durante o acompanhamento da manifestação, uma equipe da PM foi hostilizada por duas pessoas que foram detidas e conduzidas para a delegacia.
O g1 voltou a acionar a pasta após a divulgação do vídeo pelo sindicato, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
José Dantas Sobrinho, que é diretor do sindicato, foi preso.
Divulgação/Sindicato dos Metalúrgicos
O caso
José Dantas Sobrinho, diretor do sindicato, e Ederlando Carlos da Silva, um apoiador, foram presos pela Polícia Militar na tarde da última terça-feira (3) por crime contra organização do trabalho, lesão corporal e resistência. A defesa dos dois alega que eles foram agredidos pelos policiais.
O caso aconteceu pouco depois das 15h, na segunda assembleia do dia na Embraer, na qual foi aprovada em votação uma paralisação de uma hora. Os funcionários acabaram entrando na fábrica e a paralisação foi suspensa.
A movimentação foi acompanhada por equipes da polícia e, logo após a votação, houve confusão em uma entrada da fábrica. José Dantas, diretor do sindicato, e Ederlando Carlos da Silva, um apoiador, foram presos.
Polícia interveio após confusão em assembleia realizada na Embraer nesta terça (3)
Divulgação/Sindmetal
Segundo o Sindicato, o diretor e o apoiador faziam um cordão de isolamento em um outro portão da empresa, quando foram abordados pelos policiais, onde houve a confusão.
Depois de passarem pela Central de Flagrantes da Polícia Civil, eles foram levados à Delegacia da Polícia Federal, onde prestaram depoimento.
Os dois foram soltos na tarde desta quarta-feira (4), após decisão da Justiça. Na decisão, o juiz José Loureiro Sobrinho justifica que os dois foram apresentados à Justiça Federal na quarta-feira e que a apresentação foi distribuída à Vara do Plantão após o horário destinado às audiências de custódia.
“Verifica-se que o lapso temporal entre a prisão e a apresentação ao magistrado extrapolou o permitido em lei, o que justifica o relaxamento da prisão”, diz trecho da decisão.
O documento ainda cita que o auto de prisão “contém vício que não permite a manutenção do indiciado na prisão” e que, acusados no processo de terem resistido à prisão e agredido policiais, “não há elementos que indiquem que, soltos, [eles] voltem a delinquir”.
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VÍDEO mostra confusão entre policiais e sindicalistas durante assembleia na Embraer em São José dos Campos, SP
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