Rogério Faria, morador de Paraibuna (SP), contou ao g1 como foi a experiência com o religioso e deu detalhes de como o projeto tomou forma. Após vivência com Padre Júlio Lancellotti, roteirista do interior de SP lança quadrinhos sobre pessoas em situação de rua: ‘Desconstruir preconceitos’.
Divulgação/Arquivo pessoal
A experiência vivida por pessoas em situação de rua, acompanhada pelo Padre Júlio Lancellotti, se transformou em histórias em quadrinhos. O responsável por levar, em forma de arte, o drama vivido por essas pessoas é o roteirista Rogério Faria, morador de Paraibuna, no interior de São Paulo.
Atualmente em pré-venda, o quadrinho ‘Pobrefobia – Vivências das ruas com Padre Júlio Lancelloti’ foi um projeto idealizado entre Rogério e o próprio padre, ainda no primeiro semestre do ano passado. O convite partiu do religioso, após conhecer o trabalho do roteirista.
▶️O termo ‘Pobrefobia’ deriva de ‘Aporofobia’, que descreve o medo, aversão e hostilidade direcionados às pessoas pobres e à pobreza.
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“Em 2022 eu lancei o ‘Paulo Freire Presente’, que é uma biografia. Fui até à Paróquia de São Miguel Arcanjo, em São Paulo, para convidar o Padre Júlio para escrever o prefácio, pois ele conhecia o Paulo Freire. Ele topou fazer o prefácio e, na hora, entreguei uma material em quadrinhos que eu tinha. Ele me convidou para fazer uma história em quadrinhos contra a ‘pobrefobia’, a partir das experiências das pessoas em situação de rua. Topei na hora, fiquei encantado”, contou.
Padre Júlio Lancellotti durante roda de conversa com pessoas em situação de rua em SP
Arquivo pessoal/Rogério Faria
A partir do convite, Rogério passou a conviver mais de perto com o Padre Júlio e a frequentar, durante o segundo semestre de 2022, a Paróquia de São Miguel Arcanjo, na Mooca. Durante cerca de quatro meses, entre agosto e novembro, o editor e roteirista escutava as histórias dessas pessoas semanalmente. De novembro para cá, as visitas diminuíram, mas continuaram acontecendo.
Foi então que o projeto ‘Pobrefobia’ tomou forma, com quatro narrativas originais de 10 páginas cada uma. As histórias abordam experiências como preconceito, marginalização e as diversas formas de violência sofrida pelas pessoas em situação de rua.
O projeto prevê que 500 exemplares serão distribuídos gratuitamente pela Paróquia de São Miguel Arcanjo às pessoas em situação de rua.
História em quadrinhos fala sobre a ‘Pobrefobia’, com experiências vividas juntas ao padre Júlio Lancellotti
Divulgação
Além disso, os exemplares serão vendidos por R$ 5 através da internet. Além do roteirista, o projeto contou com a participação dos artistas Laura Athayde, Lila Cruz, Luiza Lemos, Raphael Salimena e Wagner Loud.
De acordo com Rogério, o objetivo do livro, cujo público são os moradores em situação de rua e as pessoas em geral, é desconstruir preconceitos carregados na sociedade.
“O que eu espero é desconstruir certos mitos e preconceitos que a gente carrega. A ideia não é endeusar ninguém, mas que as pessoas possam ver as pessoas em situação de rua como seres humanos com características, qualidades e defeitos”, explicou.
“O objetivo é que eles sejam lidos pelas pessoas em situação de rua, para que elas se vejam dentro desse debate. Desconstruindo alguns preconceitos na roda, as próprias pessoas vão entendendo os preconceitos que elas vivem. A gente naturaliza esse comportamento e a vítima mesmo naturaliza os comportamentos que elas sofrem”, completou.
Padre Júlio Lancellotti e o quadrinho Pobrefobia
Arquivo pessoal/Rogério Faria
Experiência com o Padre Júlio
Engajado em causas sociais, o Padre Júlio Lancellotti acumula milhões de seguidores nas redes sociais. Uma das pessoas que acompanhava o trabalho do religioso era o próprio roteirista. Segundo Rogério, foi uma experiência única observar de perto o trabalho do padre.
“Eu acompanhava a luta do Padre Júlio de longe, nas redes sociais, pela imprensa. Ter esse contato com ele, ver o ser humano que ele é. Essa resistência e essa força que ele tem me impressionaram bastante. Não só essa força, mas esse amor que ele sente pelas pessoas e pelas causas dele”, revelou.
Durante o período, Rogério conta que escutou histórias reais, de pessoas reais, juntamente com o padre. Nas conversas, ele observava como o religioso lidava com essas pessoas.
“Durante essas semanas, eu ficava observando. O padre Júlio perguntava sobre experiências, preconceitos que essas pessoas sofriam, e eu ia conversando com ele também nesse período. Eu ficava observando bastante ele. Era impressionante perceber que o olhar dele era para todas as pessoas. Achei muito interessante esse cuidado e amor dele”, finalizou.
Rogério (à direita) e o Padre Júlio Lancellotti, com o quadrinho Pobrefobia
Arquivo pessoal
Imagem de arquivo – Padre Júlio Lancellotti viralizou ao tentar quebrar pedras sob viaduto
Reprodução
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