Foram anunciados cortes neste sábado (21) nas unidades de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes. ‘Sem chão’: Trabalhadores falam sobre choque ao saber de demissão por telegrama da General Motors.
André Bias/TV Vanguarda
Um dia após saber das demissões anunciadas pela General Motors (GM) em três fábricas da montadora no Brasil, trabalhadores que foram surpreendidos pelo comunicado de demissão por telegrama e e-mail se reuniram em uma assembleia neste domingo (22), em São José dos Campos, no interior de São Paulo.
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A reportagem conversou com alguns metalúrgicos que foram demitidos e que relataram o choque ao saber dos cortes durante o final de semana. Entre eles estão uma trabalhadora grávida de seis meses, um funcionário que tem um filho deficiente e um metalúrgico que está à espera da esposa dar à luz.
Michele Monteiro de Azevedo está grávida de seis meses e foi comunicada sobre a demissão por telegrama.
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‘Me senti humilhada’
A Michele Monteiro de Azevedo está grávida de seis meses e foi comunicada sobre a demissão por telegrama e por e-mail. Ela fazia parte dos trabalhadores em layoff (contrato de suspensão de trabalho) e exercia a função de pintora na produção dos veículos.
Para Michele, a forma como a demissão foi comunicada se tornou humilhante para os trabalhadores.
“Fiquei sabendo por carta e por e-mail. Antes de eu sair (de layoff) eu já deixei avisado que eu estava gestante. Me senti muito mal, humilhada, estou com seis meses de gestação e mesmo assim recebi a carta”, lamentou.
Michele Monteiro de Azevedo está grávida de seis meses e foi comunicada sobre a demissão por telegrama.
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Por ser uma mulher gestante, ela sente que está ainda mais difícil lidar com a situação.
“A gente está averiguando pra ver o que consegue resolver. Sei de mais três gestantes demitidas. Muito pai e mãe de família que sustenta a casa foi demitido. É muito difícil lidar com isso”, afirmou.
Adriano Barros trabalhava como operador de manufatura na GM.
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‘Estou sem chão’
Para Adriano Barros, que trabalhava como operador de manufatura, foi um choque receber o comunicado. Ele trabalha na empresa há cerca de dez anos e não estava afastado de layoff, havia trabalhado nesta semana.
“Eu fiquei sabendo por telegrama, foi um baque, porque estou há quase dez anos na empresa. Eu tenho um filho especial que necessita de home care (atendimento médico domiciliar), que se eu perder o convênio não sei o que vai ser dele”, lamentou.
“A empresa sabia disso e não teve piedade, não foi comunicado antes, foi um telegrama. É lamentável, triste, sem palavras para dizer. Só por Deus, estou sem chão”, contou.
Antônio Marcos da Silva trabalhava como operador de rebocador na General Motors há sete anos.
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‘Foi um choque’
Antônio Marcos da Silva, que trabalhava como operador de rebocador na General Motors há sete anos, também recebeu a notícia com surpresa. Ele explica que estava no regime de layoff, mas aguardando para retornar ao trabalho em dezembro.
“Foi um choque, não estava esperando. Estava contando que ia voltar e recebi essa notícia de que fui demitido, em pleno sábado, no final de ano, com a esposa grávida de dez semanas”, lastimou.
Segundo Antônio, a companheira dele chegou a precisar de atendimento médico ao saber que ele havia perdido o emprego. Ele torce para que as demissões sejam revertidas.
“Ela chegou a passar mal, levei para o hospital, era uma coisa que você não espera. Se Deus quiser vai dar certo, estamos na luta para tentar voltar para a fábrica e trabalhar de novo”, afirmou.
Na assembleia, que reuniu centenas de trabalhadores em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São José dos Campos, foi definido que uma paralisação geral deve ocorrer na unidade da fábrica na cidade, a partir desta segunda-feira (23).
GM alega queda nas vendas e demite por telegrama em três fábricas no Brasil
Arquivo Pessoal
Demissões
A General Motors (GM) anunciou neste sábado (21) demissões de trabalhadores em três fábricas da montadora no Brasil: São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, todas elas em São Paulo.
Os funcionários desligados da empresa foram surpreendidos com a demissão e-mail e por telegrama (veja acima). O número de trabalhadores afetados pela medida não foi informado pela montadora.
Em nota ao g1, a montadora afirmou que os cortes são motivados por “queda nas vendas e nas exportações”. Diz ainda entender “o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas que a adequação é necessária” (veja na íntegra mais abaixo).
Linha de montagem da S10 e da Trailblazer em São José dos Campos
GM/Divulgação
A medida pegou trabalhadores e os sindicatos de surpresa. Segundo os Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos e de São Caetano, não houve negociação sobre os cortes. Em Mogi, a montadora chegou a oferecer um Plano de Demissão Voluntária há dois meses, mas a proposta não foi aprovada pela categoria.
Em nota, o sindicato de São José dos Campos exigiu o cancelamento das demissões e a reintegração dos trabalhadores. E afirmou que tem acordo por estabilidade que foi “descumprido nessa ação arbitrária da empresa”.
O que diz a General Motors
Procurada pelo g1, a GM informou que as demissões são causadas pela queda nas vendas e nas exportações. Confira a nota da GM na íntegra:
“A queda nas vendas e nas exportações levaram a General Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Esta medida foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica como, lay off, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”.
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