Procedimento é gratuito e, além das mulheres que lutam contra a doença, o projeto também é voltado para vítimas de violência doméstica. A tatuadora Marcela Nascimento durante atendimento em seu estúdio em Jacareí
Arquivo pessoal
Marcado pelo combate ao câncer de mama, o mês de outubro – considerado ‘Outubro Rosa’ – reúne diversas ações para prevenção e luta contra a doença no país inteiro.
Em Jacareí, no interior de São Paulo, uma tatuadora resolveu utilizar o que sabe fazer de melhor para ajudar as mulheres com a doença: restaurar, através das tatuagens, de forma gratuita, as aréolas mamárias das pacientes vítimas do câncer.
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Batizado de ‘Entre Almas’, o projeto foi criado pela tatuadora Marcela Nascimento e foi iniciado neste ano, no primeiro dia do Outubro Rosa. Para iniciar a ação, ela contou que fez cursos em São Paulo e se preparou para atender as mulheres.
“Fiz o curso de reconstrução de aréola mamária e camuflagem de cicatrizes. Através desse projeto, posso ajudar as mulheres que passaram pelo procedimento cirúrgico contra o câncer de mama, além das que sofreram violência doméstica e ficaram com cicatrizes, a recuperar a autoestima”, contou a tatuadora, que exerce a profissão há um ano.
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“Eu falei: ‘A gente tem que ressignificar isso, mudar essa visão, dar um novo olhar para aquela situação’. Então eu achei lindo o trabalho e fui atrás, fui saber onde tinha um curso para fazer”, disse.
A tatuadora Marcela Nascimento durante atendimento em seu estúdio em Jacareí
Arquivo pessoal
Ajudar a próxima
Segundo Marcela, o objetivo desse trabalho é, de fato, ajudar as mulheres a melhorarem sua autoestima. Para isso, ela oferece em seu estúdio um trabalho de reconstrução gratuito, sendo necessário que a cicatriz ou cirurgia tenham, no mínimo, um ano, além de autorização médica de dermatologista, oncologista ou cirurgião plástico.
“Eu não sabia que dava para fazer essa reconstrução da aréola mamária através da tatuagem e achei aquilo fascinante. Eu falei: ‘Eu quero fazer isso’, porque em todas as profissões que eu treinei, sempre acreditei que a gente pode contribuir de alguma forma com a sociedade mesmo”.
De acordo com a tatuadora, a mama é um órgão muito importante para a mulher e, levar o sorriso de volta às mulheres afetadas pelo câncer ou por violência, é o que motivou o início do projeto.
“O que me motiva é esse sorriso e a autoestima da pessoa, ela aceitar a imagem dela novamente. Para mim é um símbolo muito forte e ter ele mutilado por um câncer é uma coisa muito pesada para uma mulher conseguir se recuperar”, disse.
A tatuadora Marcela Nascimento durante atendimento em seu estúdio em Jacareí
Arquivo pessoal
Inspiração e estudo
Ao g1, Marcela contou que a idealização do projeto em seu estúdio no Jardim Califórnia, em Jacareí, surgiu após conhecer o trabalho do tatuador Rodrigo Catuaba através de uma reportagem.
“Quando eu li a matéria, achei incrível, porque eu não sabia que dava para fazer essa reconstrução da aréola mamária através da tatuagem e achei aquilo fascinante”, revelou.
O curso de especialização foi feito no Tatuapé, em São Paulo, na metade deste ano. Durante o aprendizado, Marcela contou que o trabalho realizado em uma das modelos foi algo bem marcante.
Imagem de arquivo – Mulheres que tiveram câncer de mama tatuam aréola
Caio Kenji/g1
“Chegou uma moça, que era nossa modelo no dia, e aí ela no caso não foi uma questão de câncer, foi uma cirurgia plástica mal feita. Ela colocou um implante de silicone, mas deformou completamente. Ela contou para gente que, há pelo menos uns quatro anos ela não se olhava mais no espelho e até para ter relacionamento com o marido, tudo ela fazia com as luzes apagadas”, detalhou.
“Quando começou o procedimento, ela já não estava se olhando muito, mas depois de reconstruir a aréola dela, quando colocou o espelho na frente dela, o sorriso que ela deu, a alegria que ela expressou, falei: ‘Gente, é isso é isso que eu quero fazer, é isso que eu quero proporcionar para as pessoas, já que eu tenho esse talento esse dom, vou usar ele também para isso’”.
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