Mãe faz curso de mergulho para procurar por copiloto que desapareceu há dois anos em queda de avião no litoral de SP: ‘Não vou desistir’


Acidente aconteceu no dia 24 de novembro de 2021. Ao g1, mãe contou que está fazendo curso de mergulho para tentar achar respostas sobre o desaparecimento do filho por conta própria. Mãe faz curso de mergulho para procurar por copiloto que desapareceu há dois anos após queda de avião no litoral de SP: ‘Não vou desistir’.
Arquivo pessoal
Era 21h40 do dia 24 de novembro de 2021, quando o telefone da empresária Ana Regina Agostinho tocou enquanto ela encerrava mais um dia de trabalho. Do outro lado da linha, a filha caçula foi a transmissora da notícia: o avião bimotor ao qual José Porfírio de Brito Júnior, filho de Ana, era o copiloto, havia caído no mar em Ubatuba, no Litoral Norte de São Paulo.
Na aeronave, além de José, outras duas pessoas estavam a bordo, sendo o piloto e um tripulante. Eles saíram às 20h30 do Aeroporto de Amarais, em Campinas (SP), e tinha como destino o Aeroporto de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro.
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Dois anos após o acidente, a família de José ainda segue buscando por respostas. Afinal, o corpo do copiloto nunca foi encontrado. Nem mesmo o avião. Apenas peças da aeronave. Somente o corpo do piloto, Gustavo Carneiro, foi encontrado. José e o tripulante seguem desaparecidos.
Poltrona que seria de avião bimotor que caiu no mar na região de Ubatuba
Divulgação
Com a angústia e a falta de respostas sobre o paradeiro do filho, Ana Regina e a família mudaram completamente de vida. Ao g1, ela contou que, nos últimos dois anos, tem se dedicado em encontrar essas respostas.
“De lá para cá, minha vida mudou totalmente. Eu larguei trabalho, larguei tudo. Fiquei cinco meses nas buscas. As autoridades, nenhum órgão deu atenção”, disse.
Ana Regina ao lado do filho desaparecido, José Porfírio de Brito Júnior
Arquivo pessoal da família
Ela contou que, durante as buscas, peças como porta do avião e pedaços da hélice foram encontradas, colocadas no cais de Ubatuba, mas foram para o lixo e não encaminhadas à Marinha. O encontro desses objetos no mar foi custeado por uma rede de apoiadores.
“O encontro das peças do avião foi tudo por nossa conta. Nossa rede de apoio é grandiosa. As pessoas me ajudaram financeiramente para custear barcos de pescas para pegar as peças do avião”, explicou.
José Porfírio Júnior, a mãe e toda a família
Arquivo pessoal
Na tentativa de solucionar esse caso e poder encerrar esse mistério de uma vez por todas, Ana conta que tem buscado alternativas para, enfim, responder as questões que ainda estão pendentes durante esses dois anos – uma delas é a realização de um curso de mergulho, para tentar achar o avião não encontrado.
“Estou fazendo curso de mergulho. Consegui patrocínio para poder fazer. Já farei minha segunda aula. Estou fazendo justamente para mergulhar no local onde foram achadas essas peças maiores [porta e hélice]”, revelou.
“Já que não me ajudam, vou fazer por conta própria. Eu vou mergulhar juntamente com uma equipe que vou contratar, para ir lá no fundo do mar e rastrear”, completou.
Ana Regina resolveu fazer curso de mergulho para tentar achar filho desaparecido em Ubatuba
Arquivo pessoal
Foi graças ao apoio recebido na internet que Ana optou por fazer o curso de mergulho. Segundo ela, o apoio nas redes sociais tem sido fundamental nessa jornada que completa dois anos.
“A gente segue sem respostas, mas eu sigo persistente. O que me dá forças é minha fé em Deus e o amor que tenho pelos meus filhos, que é incondicional. O amor de uma mãe é comparado ao amor de Deus por nós. Só uma mãe ama incondicionalmente e dá a vida pelo seu filho. Não vou desistir por causa disso”.
José Porfírio de Brito Júnior é copiloto do avião que caiu em Ubatuba
Reprodução/Instagram
Aguardando pelo desfecho dessa história, Ana espera também que toda essa busca incessante pelo filho sirva como inspiração para mães que buscam por seus filhos desaparecidos. Para ela, essa busca tem um nome: missão.
“É como se eu tivesse uma missão para mostrar que não sou só eu que sofro por filho desaparecido. Eu vou conseguir e vou mostrar que todo mundo é capaz de conseguir. Tenho certeza que vou achar esse avião, vou ter a resposta que eu preciso”, finalizou.
Vídeo de arquivo – Marinha encontra parte da asa que seria do bimotor que caiu em Ubatuba
O acidente
O avião desapareceu na noite do dia 24 de novembro. O voo saiu às 20h30 do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, e pousaria no Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, mas deixou de fazer contato por volta das 21h40.
De acordo com o relatório da Marinha, o piloto avisou de uma falha no motor e que teria que fazer um pouso forçado no mar, mas desapareceram.
O corpo de Gustavo Carneiro, que pilotava o bimotor, foi encontrado no dia seguinte no mar. José e o empresário Sérgio Alves Dia Filho, no entanto, não foram encontrados, assim como a fuselagem do avião.
As buscas foram cercadas por campanhas de amigos e celebridades cobrando empenho da Marinha e a Força Aérea Brasileira no caso. Pedro Scooby, Tatá Werneck, Felipe Titto, Rubens Barrichello e a atriz Fabiula Nascimento fizeram publicações em suas redes.
Imagem de arquivo – Buscas por desaparecidos em queda de bimotor entre Ubatuba.
Reprodução
As equipes da Força Aérea estiveram na região até o dia 6 de dezembro de 2021, quando anunciaram o fim da operação. O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro seguiu as buscas até meados de dezembro, mas também sem localizar a fuselagem e os ocupantes.
À época, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que as buscas pelos dois desaparecidos no acidente seguiram os padrões internacionais e que encerrou as buscas após a área do acidente ser completamente verificada.
“As operações de busca e salvamento coordenadas pela FAB seguiram padrões estabelecidos em normas internacionais, que envolveram desde a notificação do desaparecimento, o levantamento de dados sobre a aeronave e a apuração sobre a possível trajetória, no intuito de estabelecer as fases da operação e de coordenar ações em conjunto com as autoridades envolvidas”, disse na FAB em nota.
Sobre a retomada das buscas, a Força Aérea informou que podem ser retomadas, mas desde que com novas informações sobre a localização do piloto e do passageiro, o que não houve até o momento.
José Porfírio de Brito Júnior estava como copiloto do avião que caiu no mar. Ele não foi encontrado.
Arquivo pessoal da família
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