O projeto social tem como meta inserir jovens vítimas do ‘Talibé’ na sociedade, colaborando desde necessidades básicas, como alimentação, estudos e moradia, até acompanhar a evolução dos adolescentes. Conheça a ONG criada por morador de São José para acolher ‘talibés’, jovens vítimas de exploração e abusos no Senegal.
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Em uma viagem para o Senegal, o ex-bombeiro Edmilson Neto, de 59 anos, conta que se deparou uma realidade difícil e que transformou a vida dele, o fazendo deixar tudo que tinha como prioridade para trás e saindo da cidade onde morava, em São José dos Campos (SP), para se dedicar a uma nova missão de vida do outro lado do mundo: o voluntariado.
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No país que faz parte da África Ocidental, Edmilson conta que viu crianças e adolescentes sendo colocados em condições comparáveis à escravidão, forçadas a suportar frequentemente formas extremas de abuso, negligência e exploração, sendo obrigadas inclusive a mendigar nas ruas.
O bombeiro ficou muito tocado com a realidade que encontrou, principalmente por relembrar a própria infância, que também foi marcada por maus-tratos e abandono.
“O que mais me impactou no Senegal não foi nem as crianças, foi eu mesmo, porque a dor que havia em mim na infância, eu via nelas. Eu me lembrei da dor que sofri. Quando eu olhei para aquilo eu falei: não pode, eu tenho que fazer qualquer coisa, nem que seja apenas uma coisa pra mudar um pouquinho a vida de pelo menos uma criança”, afirmou o bombeiro.
Conheça a ONG criada por morador de São José para acolher ‘talibés’, jovens vítimas de exploração e abusos no Senegal.
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A partir do que viu, o joseense de coração, mas natural de Coronel Fabriciano (MG), fundou e construiu um programa social chamado Chemin Du Futur, que atende a jovens vítimas do fenômeno ‘Talibé’ na região de Keur Massar, próxima da capital Dacar, em Senegal.
“Cheguei no Senegal em setembro de 2011, fui fazer companhia para um cara que ia fazer um estudo da situação do país. A situação lá era difícil de ver, muita criança na rua. Quando o homem que foi comigo viu a situação grotesca, ele se sentiu mal e desistiu da pesquisa, queria ir embora, eu convenci ele a ficar. Quando a gente voltou dos 30 dias, eu tinha um relatório sobre a situação e não ele”, comentou.
No Brasil, o bombeiro se viu na obrigação de ajudar as crianças que sofriam do fenômeno chamado “Talibé”, onde grande parte dessas crianças são recrutadas de famílias pobres do país e passam a ter em sua rotina a obrigação de mendigar por comida e dinheiro.
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Divulgação / Chemin Du Futur
Cansados dessa realidade, os que conseguem, fogem e passam a viver em situação de rua sem garantia de alimentação, segurança ou saúde. O projeto social tem como meta inserir esses jovens moradores de rua na sociedade, colaborando desde necessidades básicas, como alimentação, estudos e moradia.
“Em 2012, depois de 10 meses eu voltei para o Senegal, vendi um terreno que eu tinha em Jacareí e mudei para lá, fiquei um ano no país, montei um orfanato, onde colocamos 40 crianças na casa. A ideia era criar as crianças e preparar eles para a sociedade, estruturei tudo lá e voltei para o Brasil”, contou.
“Passei um aperto de 2012 até 2016, usava meu dinheiro para bancar o orfanato, passei muita dificuldade financeiras, mas ai a ONG Fraternidade Sem Fronteiras me encontrou e me ajudou muito, hoje em dia tudo ocorre muito bem”, lembrou.
O projeto “Chemin Du Futur” ao longo desse 12 anos já recebeu milhares de crianças, muito delas já estão indo para a faculdade. O projeto recebeu uma doação e vai construir uma casa para receber cerca de 100 crianças.
“São muitas crianças nas ruas do Senegal, infelizmente somos pequenos pelo tanto de demanda, recebemos a doação de um brasileiro, que vai nos ajudar a construir uma nova casa. Além dessa casa todos os dias ainda distribuímos 60 cafés da manhã para crianças que não estão lá conosco”, contou.
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Durante o ano o projeto recebe duas caravanas de pessoas que vão do Brasil conhecer o lugar, com o objetivo de divulgar a ONG.
“Em uma das caravanas, uma das meninas participante conhecia a presidente do Palmeiras, eles fizeram contato e o Palmeiras doou para nós uniformes e artigos esportivos, ficamos muito felizes com a repercussão”, disse.
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A ONG conta com uma diretoria no Brasil que reveza as idas para Senegal e uma equipe de 10 pessoas que ficam no país Africano.
Ao longo dos mais de dez anos que comanda o projeto, o bombeiro narra que já enfrentou muitas dificuldades, mas que tem as energias renovadas a cada criança que consegue acolher. O projeto se tornou uma missão de vida para ele.
“Eu sei o que é ser uma criança que não tem acolhimento, eu sei exatamente o que a alma delas sentem. Por isso construí dentro de mim esse sentimento e a vontade de transformar outras pessoas”, contou.
Para quem tem interesse em ajudar ou participar das caravanas para Senegal, pode entrar em contato pelas redes sociais do projeto Chemin Du Futur Oficial.
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