Economista explica que a construção civil não está mais com tanta demanda na China, o que tem feito com que o aço tenha sobrado no país. Empresas brasileiras cobram aumento na taxa de importação. Fábrica da Gerdau em Pindamonhangaba
Divulgação
O anúncio da demissão de 100 funcionários da Gerdau, em Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, trouxe à tona a crise que as empresas de aço têm vivido nos últimos meses no país.
Nesta quarta-feira (14), a Gerdau anunciou que 100 dos 178 funcionários que estavam de layoff, previstos para retornar ao trabalho, foram demitidos.
Em nota, a empresa alegou que a medida seguia “o reflexo do cenário desafiador enfrentado pelo mercado brasileiro frente às condições predatórias de importação de aço chinês”.
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Ainda na nota, a Gerdau disse que vem pleiteando e reforçou a necessidade de um aumento na taxa de importação do aço para 25%.
Gerdau demite 100 funcionários em Pindamonhangaba
Para o g1, o economista Cosmo Donato explicou que a oferta de um produto a custo muito abaixo do mercado é consequência de uma mudança na economia chinesa.
“O crescimento populacional está desacelerando muito, então o que estamos vendo é uma economia chinesa que, na última década, cresceu uma média de 10% ao ano e passou a crescer agora num ritmo de 4% anual. Não tem mais tanta demanda da construção civil na China. Está sobrando muito aço lá”, explicou.
Segundo ele, no entanto, o comportamento do mercado afeta não só o Brasil, mas toda a indústria global.
“Não é só o Brasil que está pleiteando o aumento de taxa de importação. Isso é uma pressão que está ocorrendo ao redor do mundo e, considerando que é uma ‘falha de mercado’, justamente porque você está inundando o mercado com esse aço abaixo do preço de produção, é justificável que sobretaxe esse aço chinês. É importante justamente por se tratar de uma falha de mercado”, finalizou.
Em nota, o Governo Federal disse que foram apresentados pedidos de elevação do imposto de importação do aço junto à Câmara de Comércio Exterior (Camex) e que, do total de pedidos, a maioria pede a elevação para 25%, como citado pela Gerdau, e o restante 16%.
‘Está sobrando muito aço’ na China, explica economista
TV Globo/Reprodução
O Ministério explicou que esses pedidos estão sob análise técnica da Camex e que ainda não há data prevista para deliberação.
O Governo Federal disse que mantém diálogo permanente com os setores envolvidos e que já aprovou recentemente duas elevações na taxa do aço, sendo que a última delas foi publicada no diário oficial desta quinta-feira (15).
Veja a nota na íntegra:
“Foram apresentados junto à Câmara de Comércio Exterior (Camex) pedidos de elevação do Imposto de Importação para 31 NCMs do aço. Desse total, 28 pedem elevação para 25% e os demais para 16%. Os pedidos estão sob análise técnica da Camex – órgão colegiado composto por 10 ministérios. Não há data prevista para deliberação.
Adicionalmente, informamos que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mantém diálogo permanente com os setores envolvidos, na busca das melhores soluções.
Nesse sentido, Camex já aprovou duas elevações de 11% cada para NCMs do aço. A primeira, em setembro de 2023, abrangeu 12 códigos tarifários. A outra, em 8 de fevereiro, cinco códigos.
A resolução relativa a esta última decisão foi publicada nesta quinta-feira (15) no Diário Oficial da União.”
Gerdau demite 100 funcionários em Pindamonhangaba
Demissões
A Gerdau anunciou na tarde desta quarta-feira (14) que demitiu 100 trabalhadores da fábrica de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo.
De acordo com o sindicato, os trabalhadores demitidos estavam em layoff, que é quando ocorre a suspensão temporária do contrato de trabalho, por queda na produção da fábrica ou questões financeiras da empresa.
Cerca de 180 funcionários ficaram cinco meses em layoff. Ao menos 100 trabalhadores desse grupo foram demitidos ao voltar para o trabalho nesta quarta-feira (14).
Ao g1, o Sindicato dos Metalúrgicos de Pindamonhangaba informou que, em algumas reuniões, a Gerdau já “havia sinalizado que não iria renovar o layoff, mas não havia definido volume de demissões e o sindicato foi surpreendido”.
Gerdau trabalha com a produção de aço.
Divulgação Gerdau
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