Mapeamento registra 239 espécies de aves em área na Serra de Paranapiacaba, em SP


Pesquisa de campo apontou a presença das espécies saíra-sapucaia e tauató-pintado, que estão ameaçadas de extinção. Tauató-pintado (Accipiter poliogaster) é uma das espécies ameaçadas de extinção
Fabio Schunck
Uma pesquisa fez o primeiro levantamento científico das espécies de aves residentes, endêmicas e migratórias do Vale da Quietude, localizado na Serra de Paranapiacaba, em Ibiúna (SP). Entre os destaques, o trabalho apontou a relevância de modalidades de turismo ecológico, como observação de aves, para gerar renda e fomentar a conservação na área.
O inventário, publicado em dezembro no periódico “Revista do Instituto Florestal”, registrou 239 espécies de aves no local. Contando os registros de observadores catalogados na plataforma eBird, que foram também utilizados na pesquisa, esse número sobe para 259.
“A área do Vale da Quietude tem vários tipos de ambientes, tem área bem preservada, área intermediária e área que está em recuperação. Eu achei que a gente ia ver um pouco menos, mas acabamos se surpreendendo e o resultado foi um pouco acima do esperado”, explica o ornitólogo Fabio Schunck, do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos, e autor do artigo.
Saíra-lagarta (Tangara desmaresti) registrado na Serra de Paranapiacaba
Fabio Schunck
“Se for feito um estudo mais longo ou se os observadores começarem a visitar a região, esse número pode aumentar bastante”, acrescenta.
Das 239 espécies registradas na área, entre os anos de 2022 e 2023, duas delas estão ameaçadas de extinção: a saíra-sapucaia (Stilpnia peruviana) e o tauató-pintado (Accipiter poliogaster), um tipo raro de gavião florestal.
Tangará (Chiroxiphia caudata) registrado na Serra de Paranapiacaba
Fabio Schunck
A pesquisa de campo foi feita em quatro visitas entre abril de 2022 e agosto de 2023. Cada visita durou sete dias e aconteceu em uma estação diferente do ano para ampliar a variedade de espécies detectadas e suas sazonalidades de ocorrência. Os registros foram feitos em foto e áudio do canto das aves.
A ideia de analisar a avifauna partiu dos proprietários da área, que estavam interessados em saber quais espécies habitavam o local para tentar protegê-las. Segundo Schunck, a literatura científica praticamente não possuía informações sobre as aves da Serra de Paranapiacaba.
Caburé-miudinho (Glaucidium minutissimum) registrado na Serra de Paranapiacaba
Fabio Schunck
“É interessante porque a gente tem mais uma localidade com dados, então quanto mais dados melhor. E a Serra de Paranapiacaba é interessante porque existe uma divisão das espécies de aves. Tem algumas que ocorrem dali pro Norte e outras dali pro Sul. Então esse trabalho foi mais uma pecinha no quebra-cabeça para a gente entender a distribuição delas”, diz.
Pensando em aliar a conservação ao pagamento dos custos do imóvel rural, os proprietários vem estudando a possibilidade de investir em turismo ecológico, construindo acomodações e oferecendo serviços para observadores de aves.
Vale da Quietude, na Serra de Paranapiacaba
Fabio Schunck
Assim, o “catálogo de aves” que vivem ali pode atrair os praticantes da atividade, gerando novas fontes de renda para a região e fortalecendo a preservação da natureza local. “Queremos que a região passe a ser frequentada por observadores de aves, que vão registrar novas espécies e ampliar esse inventário. Esse é um processo contínuo”, diz o ornitólogo.
“Eu acho que mostrar que eh investir em pesquisa pode trazer um retorno muito importante para o proprietário e para as pessoas que observam aves. Então a gente fica torcendo para que realmente o turismo aconteça lá, e tanto o turismo quanto a pesquisas continuem”, finaliza ele.
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