Estudo analisou solos e práticas de cafeicultores do Sul de Minas para avaliar potenciais impactos. Um estudo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) analisou propriedades de café no Sul de Minas e descobriu que a cafeicultura é capaz de reter carbono no solo por 15 anos. Pesquisadores também analisaram práticas adotadas por cafeicultores da região para o sequestro de carbono.
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A pesquisa colheu 300 amostras de solo em cinco propriedades cafeicultoras de médio porte do Sul de Minas, conforme a pesquisadora Renata Gonçalves. A região foi escolhida pela tradição na produção de café, o que a torna capaz de oferecer dados robustos sobre o tema.
“Escolhemos a região do Sul de Minas para fazer a pesquisa pela importância da região na cafeicultura, é uma região tradicional de plantio de café, com grandes áreas plantadas”, disse.
Plantação do café tipo arábica predomina no Sul de Minas
Jonatam Marinho
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Diminuição da intensidade do efeito estufa
De acordo com o engenheiro-agrônomo João Paulo da Silva, o sequestro de carbono é a remoção de carbono da atmosfera por meio da fotossíntese. Esse processo diminui a retenção de calor na atmosfera.
“Sequestro de carbono é o nome dado à ação de remover moléculas de carbono da atmosfera e depositá-las no ambiente em compostos sólidos, reduzindo sua concentração na atmosfera e o seu potencial de intensificação do efeito estufa”, explicou.
O balanço de carbono é negativo quando ele retira carbono da atmosfera para estocar nas estruturas da planta, como raízes, caules e folhas. Já o balanço positivo é quando o carbono é devolvido para a atmosfera, como na poluição causada por incêndios.
Sequestro de carbono na cafeicultura
A pesquisa concluiu que a cafeicultura é capaz de sequestrar carbono por 15 anos. De acordo o pesquisador da Unicamp, João Paulo da Silva, o processo é semelhante ao de uma floresta.
“No processo natural, quando as plantas, especialmente as árvores, estão crescendo, elas estão efetivamente removendo carbono da atmosfera pelo processo de fotossíntese e utilizando-o na constituição das suas estruturas celulares”, explicou .
Após esse período, o armazenamento de carbono começa a cair. É por isso que o pesquisador defende mais práticas para manter o carbono no solo e na planta.
Um método sustentável que pode ser adotado pela cafeicultura é evitar o uso de adubos nitrogenados sintéticos. Isso porque o nitrogênio dá origem ao óxido nitroso, que têm um potencial 273 vezes maior do que o carbono de causar aquecimento global, segundo o Painel Intergovernamental para a Mudança de Clima.
Além disso, a pesquisadora Renata Gonçalves observou durante a pesquisa que produtores têm deixado mais matéria orgânica no solo, como palha e folhas. Isso contribui para reter o carbono no solo ao invés de emiti-lo como poluente na atmosfera.
Deixar palha e folhas de pés de café no solo contribui para o sequestro de carbono, segundo pesquisadora da Unicamp
Stephanie Rodrigues / g1
Para o pesquisador João Paulo, o sequestro de carbono contribui para um futuro mais sustentável. No entanto, ele afirma ser necessário pensar em ações estruturais, como maneiras de emitir menos gases poluentes.
“Uma das ações que devemos fazer é ao menos igualar a intensidade do carbono que é estocado com aquele que é emitido. Mas essa é uma das lições de casa a serem feitas. Reduzir as emissões, que é diferente de apenas as compensar, também é fundamental”, aponta.
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