Em 2024, a guerra na Faixa de Gaza se ampliou e tomou novos tamanhos em outras partes do Oriente Médio. Neste ano, o conflito ganhou novas proporções com, por exemplo, a invasão de Israel ao sul do Líbano e com as respostas do Hezbollah, grupo extremista libanês aliado ao Hamas.
O conflito entre Israel e Palestina, na região de Gaza, se estende por décadas e combina elementos políticos, geográficos e religiosos. A escalada em 2023, com o ataque e sequestro de cidadãos em Israel feito pelo Hamas, não diminuiu em 2024 e acabou se desenvolvendo em um confronto em boa parte do Oriente Médio.
Ataque do Irã a Israel
Em abril, o Irã entrou no conflito com o primeiro ataque direto contra Israel desde a escalada nas tensões, classificado como retaliação por um ataque anterior à sua representação diplomática em Damasco, na Síria.
O governo israelense afirmou ter interceptado 99% dos drones e mísseis lançados, contando com a ajuda dos EUA e outros aliados. O ataque do Irã demonstrou o apoio do governo de Teerã aos episódios desencadeados desde outubro de 2023, pelo Hamas.
Enquanto isso, as forças israelenses voltaram a bombardear a Faixa de Gaza, no mesmo mês, enquanto países como os EUA aguardavam respostas do Israel e do Hamas sobre uma proposta de cessar-fogo. Os ataques seguintes de Israel mataram filhos e netos do líder do Hamas em Gaza.
Os israelenses prometeram responder ao ataque sem precedentes do Irã, apesar dos pedidos de moderação da comunidade internacional. O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, chegou a reforçar, na ocasião, que o país responderia de forma “severa” à “menor ação” de Israel contra “os interesses do Irã”.
Israel lançou ataques aéreos à cidade iraniana de Isfahan, que se estendeu ao sul da Síria e do Iraque. Agências de notícia iraquianas sugeriram que o alvo era um edifício em Bagdá, que sediava uma reunião de vários grupos apoiados pelo Irã e membros do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC).
Aumento nas mortes
Em maio, o conflito em Gaza já havia causado prejuízos de perda de até 35% dos combatentes do Hamas. O Ministério de Saúde local informou que 35,7 mil pessoas haviam morrido desde o início do conflito. O presidente dos EUA, Joe Biden, teria cobrado o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a interromper as crescentes tensões no Oriente Médio , além de acelerar um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza.
Tensões no Líbano
Em agosto, diversos países pediram que seus cidadãos abandonassem o Líbano diante do temor de uma escalada militar entre o Irã e seus aliados e Israel, depois do assassinato do líder do Hamas e do comandante militar do Hezbollah, grupo extremista localizado em território libanês.
Em setembro, pagers e walkies-talkies usados por membros do Hezbollah explodiram em redutos do grupo islamita ao sul e ao leste do Líbano, deixando mais de 30 mortes e 2,75 mil feridos, incluindo crianças. O ataque, creditado a Israel, teve ameaça de retaliação do Hezbollah.
Nova ofensiva
Em uma nova frente do combate, entre Israel e Hezbollah, o grupo extremista lançou mísseis ao território israelense, no qual sua grande maioria foi interceptado.
A Força Aérea de Israel atacou fortemente o sul do Líbano, mirando em pontos estratégicos do Hezbollah. Em dois dias de ataques, foram 558 mortos. Durante as escaladas no Líbano, o governo brasileiro realizou operações de repatriamento dos brasileiros vivendo no país.
No começo de outubro, o Irã voltou a lançar mísseis contra Israel. o Exército israelense afirma que interceptou um “grande número” de mísseis, e que mais de 200 foram disparados. O ataque foi em resposta à morte dos líderes do Hezbollah, incluindo o chefe Hassan Nasrallah.
Países que se envolveram no conflito do Oriente Médio
O Reino Unido apoiou Israel nas defesas de território e contra ataques aéreos. Porém, deixou de vender certas armas ao país. Os EUA apoiam os israelenses com força bélica, com disponibilização de bilhões de dólares.
Bolívia, Colômbia e Rússia se posicionaram contra Israel. Os russos estabeleceram alianças econômicas e bélicas com o Irã.
Últimos meses
Ainda em outubro, os grupos Hezbollah e Hamas bombardearam Israel, com mais de 145 mísseis, de acordo com as Forças de Defesa israelenses. Estes, por sua vez, intensificaram os ataques a Beirute e prometeram retaliações ao Irã.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza “ainda não acabou”, mesmo com a morte do líder do grupo fundamentalista islâmico Yahya Sinwar.
Em dezembro, a Assembleia Geral da ONU pediu um cessar-fogo imediato, incondicional e permanten no Oriente Médio. Em um ano, as guerras no Oriente Médio deixaram mais de 45 mil mortos na Palestina, 3 mil no Líbano e, ao menos, 782 soldados de Israel. O número de feridos e desalojados, ao todo, chega à casa de dezena de milhares.
Queda do governo na Síria
No final de novembro, após duas semanas de combates no noroeste da Síria entre rebeldes e militares do refime do presidente Bashar al-Assad, os combatentes tomaram o controle da capital Damasco e obrigaram ao ditador a fugir do país.
As intensivas começaram no dia 27 de novembro, quando Forças rebeldes sírias lançaram um ataque em larga escala contra as tropas de Assad no oeste de Aleppo, a segunda maior cidade do país, marcando o primeiro conflito entre os dois lados em anos. Três dias depois, eles já tinham tomado controle da cidade.
No começo de dezembro, a importante cidade de Hama também foi tomada, o que facilitou logo depois a tomada de Damasco. No início da manhã de 8 de dezembro, rebeldes sírios declararam a capital Damasco “livre” após entrarem na cidade com muito pouca resistência das forças do regime.
A família Assad foi deposta após 50 anos no poder. O presidente fugiu para Moscou, na Rússia. Um novo líder, Ahmed Al Sharaa, foi colocado de forma provisória no poder, com o intuito de restabelecer uma nova Constituição no país. As novas autoridades anunciaram no dia 24 de dezembro que alcançaram um acordo com “todos os grupos armados” para sua dissolução e integração sob o comando do Ministério da Defesa.