O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com o comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, na última sexta-feira (3), para tratar de umvídeo institucional da corporaçãoque gerou atritos no governo.
De acordo com informações da Folha de S.Paulo, o vídeo, divulgado em 1º de dezembro, ironizava críticas aos privilégios na carreira militar, o que provocou descontentamento no Palácio do Planalto.
Durante a conversa, Olsen explicou a origem da peça publicitária e assumiu a responsabilidade por sua publicação.
Apesar da irritação de Lula, a situação foi apaziguada, e a possibilidade de demissão do comandante foi descartada pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
O vídeo da Marinha contrasta cenas de trabalho e lazer de marinheiros, destacando os sacrifícios envolvidos na carreira militar. Na mensagem final, uma marinheira questiona os supostos privilégios da profissão, convidando o público a se juntar à instituição.
A peça publicitária foi considerada inoportuna e constrangedora pelo governo, especialmente por ter sido lançada logo após uma reunião entre o presidente e o alto comando militar.
Em sua defesa, o comandante Olsen argumentou que o objetivo era demonstrar apoio interno à instituição em um momento de discussões sobre mudanças nos benefícios da carreira.
Reformas econômicas
O governo tem analisado os benefícios financeiros acumulados por militares, incluindo o pagamento de verbas indenizatórias e férias atrasadas.
Em 2023, o próprio almirante Olsen recebeu cerca de R$ 1 milhão ao se aposentar, incluindo R$ 394 mil de verba indenizatória, R$ 216 mil referentes a férias não usufruídas e R$ 444,5 mil de outros recursos indenizatórios.
Esses pagamentos são previstos em legislação vigente e incluem ajuda de custo de até R$ 300 mil para a passagem à reserva.
Revisões
As regras de aposentadoria para militares também estão em revisão. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, incluiu a categoria no pacote de corte de gastos, estabelecendo idade mínima de 55 anos e um prazo de transição até 2032.
A medida visa equiparar a carreira militar às demais do funcionalismo público, com mudanças que incluem um pedágio de 9% para aqueles próximos da aposentadoria a partir de 2025.