Mãe de um dos meninos, hoje com 11 anos, relatou que os abusos aconteceram três vezes desde 2020, em Salto de Pirapora (SP). Suspeito está desaparecido desde abril do ano passado; há um mandado de busca e apreensão contra o rapaz, que, à época, era adolescente. Delegacia de Salto de Pirapora (SP) investiga o caso
Reprodução/Google Maps
Uma família denunciou um jovem, de 19 anos, por suspeita de ter cometido abusos sexuais contra dois sobrinhos menores de idade, em Salto de Pirapora (SP). O boletim de ocorrência foi registrado em abril de 2024 e o suspeito está desaparecido desde então.
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De acordo com a mãe de um dos meninos, os abusos sexuais começaram em 2020, quando os meninos tinham sete anos e o jovem 15. No entanto, ela e o restante da família descobriram os atos apenas no ano passado, quando a mulher foi contatada pela ex-cunhada.
“Meu filho havia contado ao primo que o tio havia abusado dele. Até então, só eles sabiam. Mas ele [o primo] não aguentou a pressão e contou à minha ex-cunhada. Ela me mandou mensagem desesperada, dizendo que precisava conversar com a família pessoalmente, comigo e com o meu marido”, conta.
Após a conversa, outro primo, da mesma idade, decidiu se manifestar e relatar que também havia sido abusado pelo tio, mas apagou a mensagem enviada aos familiares.
O caso foi levado ao Conselho Tutelar do município, que deu a guarda de um dos meninos para o pai, que é morador de Itaí (SP).
Segundo o homem, durante a apuração dos abusos, a mãe da criança estava coagindo o menino a não falar a verdade nos depoimentos à delegacia e à Justiça para proteger o abusador, que seria o irmão dela.
“Eu soube de tudo somente no Conselho Tutelar e pela mãe do outro menino que foi abusado. A mãe do meu filho, juntamente das irmãs mais velhas dele, estavam pedindo para ele dar uma resposta negativa às autoridades. Entrei com o pedido de guarda e, no decorrer do processo, meu filho finalmente relatou tudo o que estava acontecendo com ele. Ficou muito claro que, anteriormente, ele estava sendo manipulado pela mãe”, pontua.
O processo, ao qual o g1 teve acesso, mostra que a mãe declarou à polícia que os abusos eram falsos, pois seu filho não gostava do suposto abusador por ele ser usuário de maconha e, além disso, possuía vídeos em seu celular tendo relações sexuais com o primo, mesmo com ambos tendo apenas sete anos de idade.
“Quando questionei meu filho sobre o assunto, ele disse que os vídeos eram verdadeiros e aconteceram na época dos abusos. Porém, quando veio à tona, ele explicou que só fizeram isso pois pensaram que era algo normal, já que o tio fazia com eles regularmente”, relata a mãe.
Ainda segundo o processo, o tio chegou a prestar depoimento em abril de 2024, já aos 19 anos de idade. À polícia, ele alegou que chegou a “passar a mão” em seus sobrinhos, mas nunca os estuprou, e disse que as acusações surgiram após problemas familiares entre ele e seus irmãos mais velhos.
Segundo os familiares, o abusador desapareceu pouco tempo depois de ter se apresentado às autoridades para relatar sua versão. Em setembro de 2024, a Polícia Civil emitiu um mandado de busca e apreensão contra o jovem, mas não há nenhuma pista de seu paradeiro.
Transtornos psicológicos
Desde o ocorrido, um dos meninos desenvolveu transtornos psicológicos e ansiedade generalizada, sendo necessário acompanhamento médico. Por isso, a mãe luta para que a história tenha um desfecho favorável e que seu filho se recupere gradativamente.
“Ele teve muitas crises por conta do que aconteceu e, até hoje, os parentes que defendem [o abusador] não olham na cara do meu filho, como se ele fosse o errado. Eu contei tudo ao pai do outro menino, pois não achei justo omitirem dele. Recebo ameaças e já registraram diversos boletins de ocorrência contra mim, mas é o meu filho e vou lutar até o fim por ele”, finaliza.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) afirma que o caso é investigado pela delegacia de Salto de Pirapora, que segue em busca do jovem.
Ainda conforme a nota, o inquérito foi enviado à Justiça e tramita pela Vara da Infância e Juventude, visto que o suspeito dos crimes era menor de idade na época dos supostos abusos.
*Colaborou sob supervisão de Ana Paula Yabiku
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