Starmer e Macron juntam-se às condenações europeias contra as intervenções de Elon Musk

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, fala durante uma visita a um centro médico em 6 de janeiro de 2025 em Epsom, sudoeste de LondresLEON NEAL

Leon Neal

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, juntaram-se, nesta segunda-feira (6), às críticas de sábado do chanceler alemão, Olaf Scholz, contra Elon Musk, após as declarações do bilionário americano sobre questões de política interna dos países europeus.

O trabalhista Starmer criticou “aqueles que espalham mentiras e desinformação” após os ataques de Musk, dono da rede social X e aliado-chave do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, à gestão do Reino Unido de um caso de exploração sexual.

Emmanuel Macron acusou Musk, o homem mais rico do mundo, de apoiar “uma nova internacional reacionária” e de interferir nas eleições, especialmente na Alemanha.

Starmer denunciou que “aqueles que espalham mentiras e desinformação não estão interessados nas vítimas, mas em si próprios”, depois de Musk ter mencionado, na quinta-feira no X, um caso de exploração sexual de mais de 1.500 meninas na Inglaterra entre 1997 e 2013, no qual as autoridades foram culpadas por não terem tomado medidas.

Na sua mensagem na rede social, Musk referiu-se ao próprio Starmer, no poder desde 4 de julho, quando pôs fim a 14 anos de governos conservadores nas eleições britânicas.

– “Linha cruzada –

“No Reino Unido, crimes graves como o estupro exigem a aprovação do Ministério Público antes que a polícia possa acusar os suspeitos. Quem estava no comando do CPS (a Procuradoria-Geral do Estado) quando as gangues de estupradores foram autorizadas a explorar meninas sem enfrentar a justiça? Keir Starmer”, escreveu o bilionário americano.

Questionado sobre estes ataques, Starmer defendeu a sua carreira à frente do CPS, afirmando que “reabriu processos” e que “apresentou as primeiras acusações contra uma rede de exploração asiática”.

Em resposta a inúmeras perguntas da mídia sobre o assunto, Starmer insistiu em não querer destacar Musk, cujo nome não mencionou, mas disse que “uma linha foi cruzada” com algumas das críticas, denunciando o “veneno da extrema direita” sobre este assunto.

Musk voltou à briga nesta segunda-feira, ao afirmar no X que “Starmer ignorou repetidamente as súplicas de um grande número de meninas e de seus pais, a fim de garantir a si mesmo apoio político. Starmer é absolutamente desprezível”.

Nas mensagens de quinta-feira, Musk também exigiu a libertação do agitador britânico de extrema direita Tommy Robinson, recentemente condenado a 18 anos de prisão por violar uma decisão judicial que o proibia de repetir comentários difamatórios sobre um refugiado sírio.

Musk surpreendeu muitas pessoas no Reino Unido no domingo ao retirar o seu apoio ao chefe do partido de extrema direita britânico Reform UK, Nigel Farage, e dizer que “precisa de um novo líder”.

– “Internacional reacionária” –

O presidente francês, Emmanuel Macron, em um discurso aos embaixadores do seu país, referiu-se ao apoio do magnata ao partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).

“Há dez anos, se nos tivessem dito que o dono de uma das maiores redes sociais do mundo apoiaria uma nova internacional reacionária e interviria diretamente nas eleições, inclusive na Alemanha, quem o teria imaginado?”, questionou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou as “declarações erráticas” de Musk, assim como o seu apoio à AfD, em uma entrevista publicada no sábado.

“Na Alemanha, tudo acontece de acordo com a vontade dos cidadãos, e não de acordo com as declarações erráticas de um bilionário americano”, disse o líder alemão à revista Stern, um mês e meio antes das eleições parlamentares antecipadas, previstas para 23 de fevereiro.

Scholz defendeu manter a calma face às declarações de Musk que, citado pela revista Stern, o chamou de “louco” no início de novembro e depois de “imbecil incompetente” em 20 de dezembro, antes de atacar o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, a quem chamou de “tirano”.

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