Dados referentes ao mês de dezembro foram divulgados pelo governador do Amazonas nesta segunda-feira (6). Ao g1, funcionários se dizem ‘sem voz’ e acompanhantes relatam demora nos atendimentos. Governador concedeu uma coletiva para falar nos avanços da saúde
Lucas Macedo/g1 Amazonas
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), anunciou nesta segunda-feira (6) o aumento da média de procedimentos cirúrgicos gerais e ortopédicos no Hospital e Pronto Socorro (HPS) 28 de Agosto, em Manaus, no mês de dezembro de 2024. Apesar dos dados, nos corredores da unidade de saúde, funcionários e familiares de pacientes reclamaram ao g1 sobre descaso e demora nos atendimentos.
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De acordo com Wilson Lima, sob a gestão da Organização Social de Saúde (OSS) Agir, que assumiu a administração do hospital em dezembro, a média diária das cirurgias gerais aumentou de 15 para 24 procedimentos logo no primeiro mês de gestão. Já as cirurgias ortopédicas foram ampliadas de 5 para 15 procedimentos diários.
Confira o número de procedimentos cirúrgicos em dezembro:
Cirurgia Geral: 185
Ortopedia: 281
Vascular: 77
Urologia: 100
Demais especialidades: 65
Durante a coletiva foi apresentado um balanço geral dos atendimentos no Complexo Hospitalar da Zona Sul (CHZS), que abrange o HPS 28 de Agosto e o Instituto Dona Lindu. Segundo o governo, em dezembro foram realizados 8 mil atendimentos no 28 de Agosto e 3,7 mil atendimentos no Instituto Dona Lindu.
Wilson Lima explicou que essa é uma das mudanças estruturais que estão sendo realizadas na saúde pública amazonense. O governador relatou ainda que o processo das mudanças foi alvo de informações falsas por partes de adversários políticos e grupos que não tinham interesse no avanço do serviço público.
“Eu quero agradecer a imprensa séria, porque através de vocês conseguimos dar a transparência nesses processos. Infelizmente houve alguns, que ou não tinham informações ou agiram de má fé, postando informações falsas, grupos que não tinham interesse e políticos nos seus gabinetes gravando e colocando informações inverídicas” disse Wilson Lima
Ainda na coletiva, o governador destacou que determinou que todos os profissionais que já estavam atuando no Complexo Hospitalar fossem contratados pela OSS. Cerca de 80% dos novos profissionais já foram recontratados pela nova empresa gestora, afirmou Lima.
“Ninguém será demitido. As pessoas que não ficarem aqui serão realocadas. Só não fica no complexo quem não quer” , disse.
Familiares de pacientes e funcionários reclamam de descaso
Na contramão dos números apresentados nesta segunda-feira, funcionários e familiares de pacientes que estavam pelos corredores do hospital denunciaram ao g1 que, após um mês de nova gestão, as melhorias não ocorreram.
Uma mulher, que não quis se identificar, reclamou da demora na assistência à mãe, que está internada.
“Minha mãe está aqui desde o dia 20 e ninguém resolve nada. Nem sequer uma cadeira de roda. Tem paciente que está aqui há um mês”, se queixou.
“Colchão podre. Cadeira de rodas não tem, é uma briga para conseguir”, afirmou outra acompanhante
Técnicos de enfermagem que atuam em uma ala do 28 de Agosto informaram que as mudanças propostas na nova gestão ainda não foram observadas no dia-a-dia de trabalho.
“Tem muita coisa para melhorar, mas a gente não tem voz”, disse uma das funcionárias.
Em uma volta rápida pela unidade de saúde, também foi possível observar danos na estrutura de uma porta que dá acesso à uma sala técnica. Veja na foto abaixo:
Equipe do g1 registrou porta de uma das salas técnicas do HPS 28 de Agosto danificada.
Lucas Macedo/g1 Amazonas
O g1 questionou a OSS Agir sobre a estrutura danificada e as reclamações de pacientes e funcionários, mas até o fechamento da reportagem não houve retorno.
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Troca de administração gerou impasse
No mês de dezembro a Organização Social de Saúde (OSS) Agir assumiu a gestão do Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto e do Instituto Dona Lindu, hoje Complexo Hospitalar da Zona Sul (CHZS). Na ocasião os médicos que atuam nas unidades de saúde alegaram que houve uma série de demissões sem justificativa ou aviso prévio, o que teria afetado principalmente o setor de ortopedia.
Além das demissões, os profissionais também reclamam de atrasos salariais por parte da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM). De acordo com o Ministério Público do Amazonas, médicos ligados ao Instituto de Traumato-Ortopedia do Amazonas que (ITO-AM) que atuam no 28 de Agosto, realizaram trocas de mensagens sugerindo uma paralisação doa atendimentos.
Por esse motivo o MPAM emitiu, no dia 22 de dezembro , uma recomendação ao Governo do Estado e ao ITO-AM para que adotem todas as medidas necessárias afim de evitar a interrupção dos serviços. A recomendação veio após a visita de fiscalização da Instituição no dia anterior.
Além da recomendação, no dia 23 de dezembro, a promotora de Justiça Luissandra Chíxaro, titular da 58ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública (PRODHSP), convocou a Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM), representantes da Agir, do Instituto Dona Lindu e médicos do ITO-AM, para uma reunião na sede do MPAM.
Após a reunião realizada no dia 23 de dezembro, os envolvidos entram em consenso, além de ser informado que os atendimentos seriam reforçados nas datas das festividades de final de ano.
Hospital 28 de Agosto passa por mudança de gestão