A cerimônia em Hollywood reconheceu a atuação de Fernanda em ‘Ainda Estou Aqui’, primeiro filme original do Globoplay. Fernanda Torres recebe o Globo de Ouro
O Brasil acordou nesta segunda-feira (6) com a notícia de uma conquista inédita. Fernanda Torres se tornou a primeira atriz brasileira a ganhar o Globo de Ouro, um dos prêmios mais importantes do cinema mundial. A cerimônia em Hollywood reconheceu a atuação de Fernanda em “Ainda Estou Aqui”, primeiro filme original do Globoplay.
Uma noite de festa. Em meio a estrelas mundiais do cinema e da TV, os brasileiros passaram pelo tapete vermelho.
Ao lado da atriz Fernanda Torres e do ator Selton Mello, o diretor Walter Salles falou da emoção de estar de volta ao Globo de Ouro, que ele já disputou com outros três filmes e venceu em 1999, com “Central do Brasil”.
“De volta aqui com a Nanda é incrível. O mais incrível de tudo, eu acho, foi o presente do público brasileiro. De terem ido para as salas de cinema, voltado para a sala de cinema, e abraçado esse filme coletivamente. Ter vivido essa história a flor da pele em conjunto. Isso foi, para nós, o maior presente. Esse é o grande prêmio. Esse tipo de caos que vocês estão vendo aqui ajuda muito a trazer mais pessoas de outros países para verem o filme”, afirmou Walter Salles.
“Ainda Estou Aqui é o primeiro filme original Globoplay. É inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva sobre a própria família. Em 1971, durante a ditadura no Brasil, militares prenderam o pai de Marcelo, o ex-deputado Rubens Paiva, interpretado por Selton Mello.
Fernanda Torres é Eunice Paiva, esposa de Rubens e mãe de Marcelo e de suas quatro irmãs. Ela lutou para localizar o marido, que desapareceu. E, depois, conseguiu que o Estado reconhecesse o assassinato dele por agentes da ditadura.
‘Prêmio é Mega-Sena acumulada’, diz Fernanda Torres sobre vencer o Globo de Ouro
“Ainda Estou Aqui” concorreu ao prêmio de melhor filme de língua não inglesa. Mas o vencedor foi o francês “Emília Perez”. A trama é sobre uma advogada contratada por um traficante para mudar de sexo e de vida.
Já na categoria de melhor atriz em filme de drama, a vitória foi brasileira. A atriz Viola Davis anunciou as indicadas: Nicole Kidman, Pamela Anderson, Fernanda Torres, Tilda Swinton, Angelina Jolie e Kate Winslet. E a vencedora foi Fernanda Torres.
Fernanda Torres fez um discurso emocionado, lembrando a mãe e reverenciando as concorrentes:
“Meu Deus, eu não tinha preparado nada porque eu já estava satisfeita. Este é um ano incrível para atuações femininas. Tantas atrizes aqui que eu admiro demais. E, é claro, eu quero agradecer a você, Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter. E, é claro, eu quero dedicar à minha mãe. Vocês não têm ideia. Ela esteve aqui há 25 anos e esta é a prova de que a arte pode resistir através da vida, até nos momentos difíceis, como esta incrível Eunice Paiva, que eu fiz, enfrentou. E a mesma coisa está acontecendo agora no mundo, com tanto medo. Este filme nos ajuda a pensar em como sobreviver em momentos complicados como esse. Então, para a minha mãe, para a minha família, para o Andrucha, para o Selton, para os meus filhos, para todos. Muito obrigada, Globo de Ouro, Michael Barker, Mara, tantas pessoas. Muito obrigada”.
Entre as atrizes que concorreram com Fernanda, três já conquistaram vários Globos de Ouro, e todas têm carreira consolidada em Hollywood. Além disso, Fernanda foi a única que disputou o prêmio atuando em um filme de língua não-inglesa, e conquistou um feito inédito: Fernanda Torres se tornou a primeira a primeira atriz brasileira a ganhar um Globo de Ouro.
Após a premiação, ela parecia ainda não acreditar na vitória e falou sobre a importância do sucesso do filme para o cinema brasileiro.
“Eu estou chocada. Uma emoção muito grande mesmo por tudo, pela história com a mamãe e com o Walter e pela Eunice Paiva, pelo Marcelo Paiva, eu estou tão… Esse filme é tão bonito, esse filme está movendo tantas coisas. Eu espero que ainda mais gente vá ver este filme, vá ver ‘O Auto da Compadecida’, vá ver ‘Manas’ e vá ver milhares de filmes lindos que a gente faz e que isso ajude, assim, a fortalecer o cinema, o teatro, a arte no Brasil. Vamos ter orgulho dos nossos artistas, os nossos escritores, sabe? É um pouco isso, assim. Acho que esse filme trouxe de volta”.
Fernanda Torres em entrevista para o Jornal Nacional
Jornal Nacional/ Reprodução
Na tarde desta segunda-feira (6), na correria entre um compromisso e outro, Fernanda falou com o Jornal Nacional. Disse que comemorou à noite, que dormiu pouco e acordou ainda em um sonho – bem real.
“Ainda não. É incrível, né? Acordei hoje com o sentimento superfeliz com as respostas do Brasil. Me mandaram uma foto. Eu acho que era a São Paulo, com um buzinaço. Foi tendo a ideia do que é que foi isso no Brasil. Tão bacana, tantos amigos, tantas mensagens. Muito feliz assim pelo Brasil e por isso ter acontecido pelas mãos da Eunice Paiva. O ator é uma nação inteira. Então, eu acho que eu e a minha mãe… O fato de eu ter sucedido ela em uma profissão tão bonita como essa, como representantes do Brasil, e depois de um período em que a arte foi tão atacada e de repente eu ver o Brasil de novo, com orgulho da própria cultura e vendo o quanto investir na sua cultura é importante para a identidade nacional, para o sentimento de pertencimento que isso cria em um país. Isso aí quem deu foi uma mulher chamada Eunice Paiva e quem trouxe esse prêmio para a gente é o Walter, minha mãe, Selton, todo mundo que fez esse filme fez esse filme por causa de Marcelo Paiva, Eunice Paiva, Rubens Paiva e a família Paiva, que mereciam essa reparação histórica, a história deles. Então, é muito bonito ver essa família movendo montanhas”.
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