A Justiça sul-coreana decidiu renovar, nesta terça-feira (7), a ordem de prisão contra o presidente afastado Yoon Suk-yeol, acusado de tentar impor a lei marcial e fechar o Congresso em dezembro do ano passado. O mandado anterior expirou na segunda-feira (6), sem que os agentes conseguissem cumprir a ordem, devido à resistência de apoiadores e da equipe de segurança do ex-presidente, que bloquearam a passagem dos investigadores durante o fim de semana.
Uma equipe de investigação liderada pelo Escritório de Investigação de Corrupção (CIO) solicitou a renovação do mandado após a expiração, o que foi aprovado pelo Tribunal do Distrito Oeste de Seul. A medida atende ao pedido do CIO, que acusa Yoon de se recusar a colaborar com as investigações sobre a tentativa de subverter o processo político do país. Destituído pelo Parlamento, Yoon também se negou a ser interrogado por três vezes.
A equipe jurídica do ex-presidente argumenta que o CIO não tem autoridade para investigar as acusações de insurreição contra Yoon. Por outro lado, o renovado mandado de prisão evidencia que ele continua sendo considerado suspeito de tentar assumir o controle de outras esferas do poder político.
Yoon Suk-yeol permanece em sua residência, protegida por um grande número de seguranças, enquanto a polícia e as autoridades tentam cumprir a ordem de prisão. Ainda não há uma previsão sobre quando ou como isso ocorrerá, mas fontes de segurança indicam que uma nova tentativa poderá ser mais incisiva.
A tensão política aumentou nas últimas semanas, com a crescente pressão de manifestantes que exigem a renúncia do presidente afastado. O maior sindicato trabalhista da Coreia do Sul convocou uma “greve geral por tempo indeterminado” até que Yoon deixe o cargo, com milhares de trabalhadores aderindo aos protestos. Em entrevista, um oficial de polícia indicou que a prisão de membros da segurança presidencial pode ser uma opção na próxima tentativa de execução do mandado.
O Partido Democrático, principal partido de oposição, pediu a dissolução do serviço de segurança que ainda protege o presidente destituído. A crise política em curso é uma das mais graves da história recente do país, gerada pela tentativa de Yoon de instaurar a lei marcial em 3 de dezembro, decisão que gerou uma onda de críticas e protestos em todo o país. Embora a lei marcial tenha durado apenas algumas horas, o impacto político permanece.
O julgamento de Yoon Suk-yeol no Tribunal Constitucional da Coreia do Sul está marcado para 14 de janeiro. Caso o ex-presidente não compareça, o julgamento ocorrerá em sua ausência. Segundo um relatório dos promotores, Yoon desconsiderou as objeções de vários ministros de seu gabinete ao tentar implementar a lei marcial, o que poderá levá-lo a ser destituído ou até mesmo condenado à morte. Entretanto, seus apoiadores continuam desafiando as autoridades, prometendo resistir a novas ordens de prisão.
“Protegeremos o serviço de segurança presidencial até meia-noite. Se houver outra ordem, voltaremos”, disse Kim Soo-yong, um dos organizadores de manifestações a favor de Yoon, durante um protesto nesta segunda-feira (6). O futuro político do ex-presidente e a crise política sul-coreana seguem sem uma resolução clara, enquanto o Tribunal Constitucional analisa se Yoon deverá ser restaurado ao cargo ou se perderá definitivamente o poder.