Fabiana Corsi Zuelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (SP), ganhou premiação com pesquisa sobre como fatores biológicos e ambientais podem influenciar aparição de psicoses. A pesquisadora Fabiana Corsi Zuelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, tornou-se a primeira brasileira a conquistar o prêmio global da Universal Scientific Education and Research Network (USERN)
Reprodução/Redes sociais/Fabiana Corsi Zuelli
A pesquisadora Fabiana Corsi Zuelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), tornou-se a primeira brasileira a conquistar o prêmio global da Universal Scientific Education and Research Network (USERN). O feito inédito é fruto de uma pesquisa voltada a identificar como fatores biológicos e ambientais podem influenciar no surgimento de transtornos psicóticos (veja abaixo detalhes).
🏆 A premiação, que chegou à nona edição em 2024, busca incentivar cientistas com menos de 40 anos que, através de algum estudo de impacto, proporcionou contribuições científicas e humanitárias.
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Zuelli superou mais de 90 mil indicações para levar o prêmio na categoria Ciências Médicas. O projeto dela foi escolhido por um conselho com mais de 600 cientistas, entre eles ganhadores de Prêmio Nobel.
“Eu não esperava, foi uma surpresa e grande alegria quando fiquei sabendo. Uma honra imensa e, com certeza, um momento marcante na minha trajetória acadêmica, enquanto uma jovem pesquisadora brasileira. Uma premiação que tem bastante concorrência. Fiquei muito feliz e honrada que o nosso trabalho, desenvolvido aqui no Brasil, foi selecionado na área da psiquiatria para receber esse importante reconhecimento”, disse a pesquisadora ao g1.
A doutora também fez questão de enfatizar a participação dos outros pesquisadores no estudo, que integra um consórcio europeu multicêntrico com foco em investigar interações entre genes e ambiente na esquizofrenia e em outros transtornos psicóticos.
“Importante lembrar que não é apenas o reconhecimento individual, mas também representa o esforço de muitos colegas que trabalharam nesse projeto, da nossa equipe de projeto, e de refletir a importância da ciência para o Brasil.”
A edição de 2025 do USERN Prize acontecerá no Brasil, em novembro.
A pesquisadora Fabiana Corsi Zuelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, tornou-se a primeira brasileira a conquistar o prêmio global da Universal Scientific Education and Research Network (USERN)
Reprodução/Redes sociais/Fabiana Corsi Zuelli
A pesquisa
🔬 Zuelli explica que o foco da pesquisa é entender a influência de fatores biológicos, como características do sistema imunológico, e ambientais nos transtornos psicóticos. Ela destaca que, durante o estudo, os cientistas identificaram, por exemplo, maior concentração de uma proteína no sangue de pessoas com psicoses.
“Fizemos a coleta de dados da população da região de Ribeirão Preto, tanto dos pacientes no primeiro episódio psicótico, controle da comunidade e irmãos desses pacientes que não eram afetados pela doença. Observamos aumento nas concentrações dessas proteínas inflamatórias no sangue desses pacientes em primeiro episódio psicótico.”
Já em relação aos fatores ambientais, observou-se que o consumo de cannabis (nome científico da maconha) e os casos de maus-tratos infantis proporcionaram maiores chances desses episódios inflamatórios no sangue.
“Dois fatores ambientais importantes são os maus-tratos na infância e consumo de cannabis. Observamos que aqueles pacientes que passaram por eventos traumáticos na infância eram mais propensos a ter essas alterações inflamatórias. E o grupo de pacientes que tem essas alterações também é mais vulnerável aos efeitos do consumo da cannabis.”
Novas terapias
💊 Segundo a pesquisadora, cerca de um terço dos pacientes com transtornos psicóticos não respondem aos tratamentos convencionais.
Diante disso, um outro objetivo do estudo, esse a maior prazo, é desenvolver novas terapias para combater esses transtornos.
“Há diversos estudos, por exemplo, genômicos que tratam a implicação do sistema imunológico nos transtornos psicóticos. Nossa pesquisa mostra que essa alteração ocorre e pode ser mensurada no sangue. A gente sabe que esses marcadores podem servir como novos alvos terapêuticos”, conclui.
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