Especialista ouvido pelo g1 explicou que as canaranas atraem insetos, reduzem a oxigenação do rio e prejudicam a fauna aquática. Além disso, o capim representa risco para embarcações, dificultando a navegação no Rio Negro. Canaranas invadem a Orla de Manaus após seca extrema – Vídeo: Alcides Neto
Apesar da subida do Rio Negro, os impactos da seca ainda são visíveis em Manaus. O fim da vazante resultou em um “mar” de capim que tomou conta da orla da cidade. À primeira vista, pode parecer apenas vegetação comum, mas, segundo especialista ouvido pelo g1, o que parece inofensivo representa uma ameaça ao ecossistema local.
Em outubro, o cenário da Praia da Ponta Negra, principal balneário de Manaus, era de um rio extremamente baixo e uma vasta faixa de areia. No entanto, agora, com o aumento das águas, chegam quilômetros das temidas “canaranas” ou “capim marreco”, cobrindo a região.
🌿🌱 Um vídeo divulgado nas redes sociais pelo videomaker Alcides Neto mostra a invasão das canaranas na orla de Manaus, chamando a atenção tanto dos moradores quanto dos visitantes da cidade. Confira o vídeo acima.
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O biólogo André Menezes alerta que, embora as canaranas pareçam, à primeira vista, um capim comum, elas representam uma ameaça para o equilíbrio ambiental de Manaus e podem causar sérios impactos:
🐍🐊 Risco para animais: Cobras e jacarés podem se esconder no capim, representando perigo para quem frequenta a área.
🏊🏻❌ Água imprópria para banho: O capim em decomposição torna a água contaminada e insegura para atividades aquáticas.
🐠🎣 Impacto na vida aquática: A vegetação reduz a oxigenação da água, prejudicando peixes e outros seres vivos do rio.
“Essas ilhas de vegetação acumulam uma variedade de animais, desde pequenos insetos, como formigas, até aranhas, sapos, cobras e até jacarés. Isso aumenta o risco para quem se aventura nessas áreas, podendo ser picado ou mordido por algum desses animais. Além disso, como o capim está em decomposição, a água fica completamente imprópria para banho, pois se torna literalmente podre”, pontuou.
🌿Mas, afinal de contas, de onde surgiu esse capim?
Segundo André, tudo está relacionado com a oscilação das águas. “Durante a cheia do rio, os sedimentos acumulam muitos nutrientes no fundo. Assim, quando ocorre a seca, o solo fica fértil e propício para o crescimento de vegetação. Se ninguém planta, o capim se aproveita e cresce”, explicou o biólogo.
Com a subida do rio, o capim formado se solta da terra, criando um “tapete verde”. Isso foi registrado no último trimestre do ano passado, quando um vasto campo de grama surgiu às margens do Rio Negro, chamando a atenção da população e viralizando nas redes sociais.
“Quando se solta do solo, a vegetação se torna morta, cheia de microrganismos e bactérias, que podem representar riscos à saúde humana, além de prejudicar os peixes. É uma vegetação densa e fibrosa, que não desaparece facilmente. Por isso, é necessária a ação do poder público para remover”, alertou o biólogo.
E o que poderia sair barato para o bolso do contribuinte acaba se tornando mais caro à medida em que as autoridades demoram para retirar o capim. “Eu vinha alertando sobre isso, é preciso tirar esse capim antes da subida das águas e não quando já está cheio. Porque aí você tem um gasto a mais, tem toda uma estrutura que precisa mobilizar e isso não sai barato”, alertou.
O que poderia ser uma solução econômica para o bolso do contribuinte acaba se tornando mais caro à medida que as autoridades demoram para remover o capim.
“Eu vinha alertando sobre isso: é preciso agir antes da subida das águas, e não quando já está tudo tomado. Nesse momento, os custos aumentam, pois é necessário mobilizar toda uma estrutura, o que não sai barato”, disse.
🌿 O capim vai desaparecer ou será levado pelo rio?
Segundo o especialista, é crucial agir rapidamente para remover as “canaranas”, pois o capim não desaparecerá ou descerá facilmente pelo rio. ”
“Essas ilhas, após a subida das águas, se espalham de forma aleatória, o que dificulta ainda mais a remoção. Como é uma vegetação fibrosa, ela não se desloca facilmente. Pode até descer o rio, mas isso só transfere o problema de lugar. Para os ribeirinhos, que dependem diretamente do rio, isso é extremamente prejudicial”, explicou.
🛳️ Para quem é dono de embarcação, o capim também representa um grande problema, como explicou André.
“Esse capim pode enroscar na hélice e travar o motor da embarcação. É algo bem complicado, e fora o cheiro. Quando você chega perto, sente o odor de decomposição, já que ele está em processo de apodrecimento”.
Prefeitura inicia retirada das canaranas na Ponta Negra
Na última semana, a Prefeitura de Manaus começou a remoção do vasto campo de capim formado na Praia da Ponta Negra, na Zona Oeste.
De acordo com o secretário Sabá Reis, as canaranas não apenas afetam a paisagem, mas também comprometem a navegabilidade do Rio Negro, dificultando a passagem de embarcações.
‘Canaranas’ são retiradas da Praia da Ponta Negra em Manaus.
Divulgação/Prefeitura de Manaus