Yefersson de Jesus Montilla Matos, de 39 anos, foi morto no abrigo do bairro Pintolândia, na zona Oeste da capital, que está desativado pela Operação Acolhida desde 2022. Ninguém foi preso. Barraco onde Yefersson, assassinado a tiros, viva com os oito filhos e a mulher
Caíque Rodrigues/g1 RR
Yefersson de Jesus Montilla Matos, de 39 anos, vítima de um ataque a tiros em uma ocupação espontânea de migrantes indígenas no bairro Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista morreu dentro do barraco em que vivia na frente dos oito filhos. A mulher dele, de 35 anos, e a filha de apenas 4 meses também foram baleadas e seguem internadas.
Yerfersson era indígena do povo Warao, trabalhava como sapateiro junto com o sogro e estava desde 2017 vivendo em Boa Vista com a família. Os oito filhos do casal são menores de idade – o mais velho tem 15 anos e a mais nova, de 4 meses, estava no colo da mãe durante o ataque.
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A família de Yerfersson vive em um barraco de cerca de 20 metros quadrados com um cômodo, feito com paredes de PVC, na ocupação aos arredores de um antigo ginásio esportivo. A moradia improvisada tem uma cama de casal, uma geladeira e uma televisão de tubo. Na ocupação, há outras dezenas de barracas como a dele, onde vivem outras famílias de migrantes indígenas.
Comodo da casa de Yefersson, onde ele foi morto a tiros
Caíque Rodrigues/g1 RR
O sapateiro foi atacado enquanto jantava e estava deitado na cama. Os suspeitos do crime não foram presos. O g1 foi até o local do crime e rastros de sangue ainda podem ser vistos no local.
Um cunhado de Yerfesson que preferiu não se identificar contou que duas pessoas chegaram ao local em uma motocicleta e caminharam até a moradia das vítimas no abrigo, onde efetuaram os disparos. Emocionado, ele relatou não saber o motivo do ataque.
“Dois homens entraram e queriam mesmo era matar os dois. Não sei o motivo. Atiraram até na minha irmã nem minha sobrinha que estava no colo”, disse ao g1.
A mulher está internada em estado crítico, sob os cuidados intensivos da equipe médica do Hospital Geral de Roraima (HGR). O bebê deu entrada Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) e está em estado estável.
Morte de Yefersson
Ocupação de migrantes indígenas no Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
A Polícia Militar foi acionada por volta 20h para atender uma ocorrência de disparo de arma na região e quando chegou ao local, encontrou o homem já sem vida.
Uma mulher de 35 anos e outra pessoa que não foi identificada devido ao estado de saúde crítico estavam feridas no local. A criança foi retirada antes da chegada dos agentes e levada para uma base da Guarda Civil Municipal.
Aos policiais, testemunhas contaram que duas pessoas chegaram ao local em uma motocicleta e caminharam até a moradia das vítimas no abrigo, onde efetuaram os disparos. Os suspeitos do crime não foram presos.
Ocupação indígena no Pintolândia
Ocupação espontânea de migrantes indígenas no Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
O ginásio ocupado por indígenas Warao no Pintolândia era onde antes funcionava um abrigo da Operação Acolhida, responsável por atender migrantes no Brasil, mas alguns migrantes ainda vivem no espaço. As atividades do abrigo foram encerradas em março de 2022.
Procurada pelo g1 para saber se acompanha o caso, a Operação Acolhida informou que o abrigo não está sob a gestão ou responsabilidade dela, mas continuam solidários com as vítimas e suas famílias.
A área foi isolada pela Guarda Civil Municipal, que assumiu a ocorrência. A perícia e o Instituto Médico Legal (IML) também foram acionados.
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