Cerimônia de despedida foi marcada por pedidos de justiça. Corpo do baiano morto no Rio de Janeiro foi enterrado nesta quinta-feira (16).
Vanessa Camilo/TV Subaé
O corpo de Francisco de Assis Almeida, de 40 anos, morto a tiros na comunidade do Catiri, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, foi enterrado na manhã desta quinta-feira (16) em Conceição do Almeida, no recôncavo da Bahia. Ele foi assassinado no dia 10 de janeiro, a caminho de um retiro espiritual da igreja evangélica que frequentava.
Sob forte comoção, familiares e amigos participaram do velório realizado na casa da mãe de Francisco, na zona rural do município. A cerimônia de despedida mobilizou muitos moradores. Por volta das 10h, o corpo foi sepultado no Cemitério Jardim da Igualdade.
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Em entrevista a TV Subaé, afiliada da Rede Bahia, um dos irmãos da vítima, Ricardo Almeida Santos, cobrou respostas à justiça do Rio de Janeiro.
“Ele pensava em crescer para ajudar a nossa família, que é humilde. (…) Era um homem de bem, sonhador, lutador, passou fome, foi criado com dificuldade e hoje tem a vida tirada injustamente, por causa de uma camisa, não acredito nisso. Quero que a justiça do Rio de Janeiro resolva essa situação”, pediu.
A reportagem da TV Subaé também conversou com a mãe de Francisco, com quem ele mantinha contato diariamente, enquanto estava no rio de Janeiro.
“Perdi meu filho para sempre. Todo dia ele ligava, agora não tenho isso. O que vou fazer da minha vida? Eu queria que fosse eu que estivesse no lugar dele.”
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Ainda não houve avanço nas investigações sobre a morte de Francisco de Assis. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, que busca identificar os autores dos disparos.
Corpo de Francisco de Assis foi sepultado sob forte comoção.
Vanessa Camilo/TV Subaé
Baiano pode ter sido confundido com miliciano
Há anos, a área onde aconteceu o crime é alvo de disputa entre uma facção criminosa e a milícia. Quem mora na região afirma que a ordem do tráfico é que os moradores não usem roupas pretas, para que não sejam confundidos com milicianos, que costumam vestir peças dessa cor nas ações praticadas na comunidade.
“Ele não era criminoso, era honesto e veio [para o Rio] a trabalho. Era um cara trabalhador, gostava de ajudar as pessoas, muito bom de coração. Como miliciano usa preto e final de semana é cobrança, sexta, eles passaram lá e atiraram”, disse uma prima de Francisco, que optou por manter a identidade preservada.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. Uma perícia foi realizada no local e diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime. Ninguém foi preso até o momento.
Apenas Francisco foi baleado na ação. Uma testemunha fez imagens pouco depois do ataque e falou da determinação dos bandidos. “Mataram o homem da igreja, gente… eles estavam tudo indo pra igreja, fazer projeto. Jesus, misericórdia. Sabe que não pode andar de preto… meu Deus. Mataram o menino”, desabafou.
O crime deixou moradores da região revoltados. Um homem desabafou: “O que vai ser de nós, que nada temos a ver com essa guerra? Não pode usar preto, vermelho, capacete, entrar na rua errada, fazer sinais com as mãos”, escreveu em uma rede social.
“Eu acho que eu vou ser a primeira pessoa dando entrevista, que eu não vou pedir justiça, porque não tem. Ninguém respeita a gente. Ninguém respeita trabalhador, sai atirando, sai mandando e é isso”, falou a prima de Francisco.
Francisco de Assis era natural de Conceição do Almeida (BA)
Arquivo Pessoal
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