Cultura, arquitetura e história da cidade são reconhecidas por manter acervo do Brasil do século XVIII. Principal evento que atrai milhares de turistas todos os anos é realizado na Semana Santa. Catedral de Sant’Ana, em Goiás
Diomício Gomes/O Popular
Patrimônio da Humanidade, dona de uma procissão centenária e de uma igreja amaldiçoada. Esses são alguns dos atributos que fazem da cidade de Goiás um lugar único que reúne cultura, história e tradição. Conheça a cidade que já foi capital do estado e fica a 130 km de Goiânia.
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A história da cidade de Goiás começa em 1727, quando o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva Filho fundou o Arraial de Sant’Anna. Vindo de São Paulo para explorar ouro no interior do Brasil, o local reuniu mineradores, que construíram casas e uma capela em homenagem à santa que dava nome ao arraial.
Com o crescimento do povoado e do número de devotos, a capela começou a ficar pequena. Em 1743, o então ouvidor-geral do estado de Goiás Manuel Antunes da Fonseca, demoliu o pequeno templo e começou a construir uma igreja no lugar, de acordo com informações da Arquidiocese de Goiânia.
No entanto, uma história passada por muitas gerações na cidade conta que um padre da região que gostava da capela amaldiçoou a obra. “[Falou] que ela jamais seria concluída, porque, sempre que tentassem terminá-la, o teto dela desabaria”, diz texto da Arquidiocese.
E foi o que aconteceu por duas vezes: em 1759 e em 1872. Mesmo tendo sido concluída e restaurada pela Diocese de Goiás e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1998, há quem diga que a obra da Catedral de Sant’Ana nunca foi finalizada.
Fachada da Catedral de Sant’Ana, em Goiás
Fábio Lima/O Popular
De acordo com o Governo de Goiás, o prédio da igreja tem elementos típicos do estilo neoclássico (arquitetura que mistura linhas retas e formas geométricas, num resultado simétrico e elegante). Dentro da catedral, cinco murais produzidos pelo artista e sacerdote espanhol Cerezo Barreto embelezam o espaço.
Por conta de todo o seu patrimônio preservado desde o século XVIII, a cidade de Goiás foi reconhecida como Patrimônio Mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Antes disso, ainda na década de 1970, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tombou o conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Goiás.
“Esse extraordinário conjunto conserva mais de 90% de sua arquitetura barroco-colonial original, tornando-se, assim, um magnífico mostruário do Brasil oitocentista e um dos patrimônios arquitetônicos e culturais mais ricos do país. Localizado em uma região de rara beleza natural, o centro histórico de Goiás mantém, até hoje, o caráter primitivo de sua trama urbana, dos espaços públicos e privados, da escala e da volumetria das suas edificações”, diz publicação do Iphan.
Rua da cidade de Goiás, em Goiás
Diomício Gomes/O Popular
Procissão centenária
Procissão do Fogaréu, na cidade de Goiás
Fábio Lima/O Popular
A cidade de Goiás é palco de uma das maiores manifestações religiosas e culturais do Brasil: a Procissão do Fogaréu. Há mais de 250 anos, na quarta-feira da Semana Santa, as luzes de toda a cidade se apagam à meia-noite em ponto. É nesse momento que tem início o espetáculo que retrata os últimos passos de Cristo.
Na procissão, 40 moradores da cidade vestem túnicas e capuzes coloridos para representar os soldados romanos que prenderam Jesus. Os encapuzados, chamados de farricocos, carregam tochas com fogo durante um percurso de cerca de 1,5 km para encenar a busca, a prisão e a crucificação de Cristo.
Todos os anos, milhares de turistas acompanham a caminhada pelas ruas da cidade. Moradores e empresários se mobilizam por meses para organizar a celebração.
Em 2023, a Procissão do Fogaréu foi reconhecida como patrimônio cultural imaterial goiano, pela lei nº 21.855.
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Gastronomia
Empadão goiano na cidade de Goiás
Millena Barbosa/g1
A rica tradição cultural vai além da arquitetura e da religião. Há mais de uma década, a comerciante Divina Rodrigues dos Santos, de 77 anos, decidiu deixar de ser funcionária e investiu no próprio negócio.
Atualmente, ela é proprietária de uma doceria no Centro Histórico, onde são encontrados doces típicos, sendo o principal deles o “pastelinho goiano”. A sobremesa, feita com uma base de farinha de trigo, leite e gordura, leva recheio de doce de leite.
“Aqui é a cidade ideal para mim e para o meu trabalho. É tranquila, boa de viver e linda. É muito importante que tudo isso seja mantido”, afirmou.
Outro prato tradicional que pode ser encontrado em vários pontos da cidade é o empadão goiano. A receita é o carro chefe do restaurante da família do empresário Thiago Gomes, de 29 anos.
“Minha mãe trabalhou a vida toda com comida e eu segui a tradição. No nosso restaurante nós temos vários pratos, mas não tem jeito, o mais procurado é o empadão goiano, o tradicional, recheado com frango e guariroba”, afirmou.
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