Ele foi condenado a mais de 100 anos de prisão por ter cometido mais de 50 assassinatos. Em 2012, após 27 anos na prisão, foi solto e ficou 35 dias em liberdade, antes de ser assassinado enquanto voltava de um culto religioso. Assassinato de ex-policial que comandava ‘esquadrão da morte’ em SP completa 11 anos
TV Vanguarda/Arquivo
O relógio marcava 23h45 do dia 26 de setembro de 2012 quando o ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, conhecido como ‘Cabo Bruno’, foi assassinado no bairro Quadra Coberta, em Pindamonhangaba, no interior de SP.
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Cabo Bruno, que tinha 53 anos, havia participado de um culto religioso em Aparecida (SP) e foi assassinado enquanto retornava para sua residência no bairro Chácara Galega, a menos de 2 km do local do crime.
Ele estava acompanhado de sua esposa e, segundo testemunhas relataram à Polícia à época, o ex-policial estava sentado no banco do passageiro.
Carro usado por Cabo Bruno quando chegou em casa na noite do dia 26 de setembro de 2012 e foi morto a tiros
Renato Ferezim/g1
Dois homens se aproximaram do carro, um em cada lado, e atiraram contra Cabo Bruno. Ao todo, foram 10 tiros que atingiram o rosto e o abdômen do ex-policial, que morreu na hora. Ninguém foi preso pelo crime.
Assista reportagem exibida pela Rede Vanguarda na época do assassinato:
Cabo Bruno é assassinado um mês depois de ser solto; assista reportagem exibida há 11 anos
Temido e perigoso
Nascido em Uchoa (SP), Cabo Bruno era considerado um dos homens mais perigosos e temidos de São Paulo na década de 1980. Isso porque o ex-policial comandava um grupo de extermínio responsável por matar mais de 50 pessoas.
O grupo de extermínio trabalhava para comerciantes da região da zona sul de São Paulo. Cabo Bruno dizia que começou a matar porque não acreditava na recuperação dos bandidos.
Assassinato de ex-policial que comandava ‘esquadrão da morte’ em SP completa 11 anos
TV Vanguarda/Arquivo
Devido aos assassinatos, ele foi condenado a 105 anos de prisão, mas cumpriu 27 anos, sendo os 10 últimos na Penitenciária II de Tremembé (SP). Na cadeia, Cabo Bruno casou-se com uma pastora de igreja e também se tornou pastor.
Ele foi solto no dia 22 de agosto de 2012 e passou somente 35 dias em liberdade, antes de ser executado. Três anos antes, em 2009, a defesa do ex-policial havia pedido a progressão da pena.
Saída de Cabo Bruno da prisão, em Tremembé, SP
Renato Ferezim/g1
Rotina antes da soltura
Nos três anos do intervalo entre o pedido e a soltura, Cabo Bruno manteve a rotina que seguida no regime semiaberto, segundo apurou o g1 à época: acordava por volta das 5h30 e, às 6h, quando o portão do alojamento era aberto, saía para o café da manhã e ia em direção à horta da Penitenciária II, onde trabalhava diariamente cultivando os vegetais que eram servidos no almoço dos próprios detentos.
Entre 11h20 e 12h20, o ex-policial seguia para o almoço e, em seguida, retornava para o trabalho na horta até as 17h. Depois, encarava a fila nos quatro orelhões existentes no pátio, disponíveis para os presos do regime semiaberto, para conseguir ligar para a família e saber as notícias do lado de fora.
Além do trabalho na horta, Cabo Bruno dividia o tempo na prisão com a missão de pastor evangélico, celebrando cultos nos fins de semana na capela da P2 – construída pelos próprios presos – e com a pintura de telas.
Uma das obras do ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, conhecido como Cabo Bruno.
Dayse França
Antes da liberdade definitiva, no dia 22 de agosto, ele desfrutou do primeiro e último benefício da saída temporária — foi no Dia dos Pais de 2012, entre os dias 8 e 13 de agosto, onde passou com a família.
Prisão e fugas
Cabo Bruno foi preso pela primeira vez em 1983 e levado para o presídio militar Romão Gomes, na capital. Entre 1983 e 1990, o ex-pm fugiu três vezes da unidade, uma delas inclusive depois de fazer funcionários reféns. Em maio de 1991 foi recapturado pela quarta vez, e nunca mais saiu.
Em junho de 1991, ele foi levado para a Casa de Custódia de Taubaté, onde ficou até 1996. Dentro do piranhão da Custódia, unidade onde nasceu uma das principais facções criminosas do Estado, o ex-policial permaneceu os mais de cinco anos em uma cela isolado 24 horas dos demais presos.
Em 1996, Florisvaldo foi levado para o Centro de Observação Criminológica, onde ficou até 2002, quando foi transferido para a P2 de Tremembé. Em 2009 ele passou do pavilhão do regime fechado da P2 para o semiaberto, dentro da mesma unidade, separados apenas por uma muralha.
Corpo de Florisvaldo de Oliveira, o Cabo Bruno, velado em Pindamonhangaba
Eduardo Monteiro/TV Vanguarda
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