O governo da Argentina decidiu retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS). O anúncio foi feito nesta quarta-feira (5) pelo porta-voz presidencial, Manuel Adorni, durante uma entrevista coletiva. Segundo ele, a medida foi tomada sob a justificativa de garantir a “soberania sanitária” do país.
De acordo com o presidente Javier Milei, a decisão se baseia em “profundas diferenças em relação à gestão da saúde, especialmente durante a pandemia de Covid-19”. O porta-voz reforçou o posicionamento ao afirmar: “Nós, argentinos, não permitiremos que uma organização internacional interfira em nossa soberania, muito menos na nossa saúde”.
Adorni também argumentou que a saída da OMS permitirá à Argentina maior flexibilidade para definir suas próprias políticas de saúde, adaptadas às necessidades do país, além de possibilitar uma melhor gestão de recursos. A recente decisão da Argentina levanta questionamentos sobre os impactos dessa medida na cooperação internacional em saúde e na relação do Brasil com a entidade. Embora a saída argentina não afete diretamente os programas brasileiros, especialistas apontam que movimentos desse tipo podem enfraquecer a governança global da saúde.
Com a saída dos Estados Unidos, representando 20% do orçamento da OMS, a organização foi forçada a reavaliar seus programas e prioridades. Agora, a Argentina segue na mesma direção.
O porta-voz do governo argentino ressaltou que o país “não recebe financiamento da OMS”, o que significa que a decisão não impactará os recursos destinados à saúde pública. “Além disso, dá mais flexibilidade ao país para adotar políticas e reafirma o caminho da soberania sanitária. As decisões argentinas devem ser tomadas por argentinos”, afirmou.
Atualmente, a Argentina é um dos 194 membros da OMS e faz parte do Conselho Executivo do órgão, posição conquistada devido às suas políticas públicas de saúde e participação ativa na entidade.
Relação com o Brasil
A OMS foi fundada em 1948 para auxiliar países no enfrentamento de desafios sanitários e na resposta a emergências globais. A decisão de um país deixar a organização gera um ambiente propício para a desinformação e reduz a capacidade da entidade de coordenar respostas rápidas a surtos e epidemias.
Embora o Brasil mantenha uma relação próxima com a OMS e com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), cortes de financiamento à organização internacional podem afetar programas importantes.
No Brasil, programas voltados ao combate à tuberculose e ao HIV, por exemplo, recebem financiamento tanto da OMS quanto da Opas. Além disso, o país participa de uma série de acordos de cooperação técnica com a Opas, abrangendo ações de vigilância epidemiológica, fortalecimento da assistência farmacêutica do SUS e combate a doenças negligenciadas, como a malária.
Apesar da saída argentina, a estrutura de cooperação em saúde do Brasil segue preservada. A participação do país na OMS e na Opas garante acesso a iniciativas como o Fundo Rotatório de Vacinas, essencial para a aquisição de imunizantes a preços reduzidos. No entanto, a decisão da Argentina reforça a necessidade de monitorar possíveis impactos em acordos regionais e no fortalecimento das respostas globais às emergências sanitárias.