Jucemar Bianchin, de 26 anos, era cobrador de ônibus no Rio Grande Sul, mas teve o trabalho automatizado. Sem emprego, ele decidiu vender o que tinha, transformar uma kombi em lar e ao lado da esposa, da filha bebê e do cachorro de estimação, estão se aventurando pelo Brasil. Após perder emprego para máquina, homem transforma kombi em casa e inicia jornada nômade com a família pelo país.
Arquivo pessoal
Viver desbravando as cidades brasileiras, passando cada semana em um estado diferente, tem se tornado rotina para a família Bianchin. Após ter o emprego automatizado e perder o trabalho para uma máquina, Jucemar Bianchin e a família decidiram mudar de vida, venderam o que tinham, compraram uma kombi, transformaram o veículo em casa e se tornaram nômades, se aventurando pelo país.
Ao lado da esposa Cristielle Bianchin, da filha do casal Esmeralda, de um ano, e do cachorro vira-lata Safadão, Jucemar deixou tudo que tinha no Rio Grande do Sul para cair na estrada. Viver viajando já era um sonho da família, mas a coragem para enfrentar os desafios da vida sem residência fixa veio após um episódio traumático.
“Eu era cobrador de ônibus no sul, mas eles automatizam a função e todos os cobradores foram demitidos. Foi uma demissão em massa. Eu me senti triste, pois muitos ali, como eu, tinham só essa renda. Por outro lado, fiquei em paz e feliz, pois sabia que estava chegando a hora de pegar a estrada. Era um sonho antigo”, contou.
Após perder emprego para máquina, homem transforma kombi em casa e inicia jornada nômade com a família pelo país.
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Segundo Jecemar, a esposa, que era dona de casa, sempre sonhou em poder conhecer o mundo e esse sonho foi compartilhado ao longo dos oito anos que estão juntos. Após conhecer a história de Jesse Koz e Shurastey, que morreram tragicamente em um acidente enquanto viajavam o mundo em um fusca, o casal percebeu que queria aproveitar cada momento juntos e encontrar um propósito vivendo de forma nômade.
“Via pela internet e me peguei apaixonado por esta vida. A motivação maior foi quando eu vi um rapaz, que viajava num fusca com seu cachorro, morrer em um acidente e não chegou em seu destino que era o Alasca. Isso me fez refletir muito em tudo que há na vida e ver que pode tudo acabar em um simples toque, então decidimos colocar nosso sonho em prática”, relembrou.
Após perder emprego para máquina, homem transforma kombi em casa e inicia jornada nômade com a família pelo país.
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Mesmo com um bebê recém-nascido e pouca estrutura, eles não viram empecilhos para iniciar a jornada. Venderam o que tinham, compraram uma kombi e a adaptaram para ser um lar. Apesar de compacto, o veículo tem quase tudo que uma casa possui.
“A Kombi é uma 98, ela é da de teto alto. Nós vendemos os bancos traseiros, isolamos ela com material contra frio ou calor e montamos os móveis. Temos um fogão duas bocas sem forno, temos um frigobar, um armário aéreo, um armário balcão que guardamos as panelas e guardamos nossa comida em uma caixa de frutas de mercado. Fiz também roupeiros, um é aéreo e o outro onde é nossa cama fica”, contou.
“Toda a montagem é artesanal, montamos a kombi em fevereiro de 2023, um mês antes de pegarmos estrada. Nossa Kombi não tem placa solar e nem bateria estacionária como muitas têm, porque não conseguimos comprar. O dinheiro não deu. Onde paramos pesquisamos ponto de luz pra ligar a geladeira e carregar telefone e notebook”, explicou.
Após perder emprego para máquina, homem transforma kombi em casa e inicia jornada nômade com a família pelo país.
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Mesmo bem equipados e inspirados por um propósito, Jucemar conta que os primeiros dias na estrada foram difíceis e enfrentaram alguns perrengues.
“O primeiro mês foi terrível, tudo novo, muitos lugares em que paramos não foi fácil. Descobrimos que nem todas as pessoas são maravilhosas. Também não tínhamos banheiro químico, então foi complicado. Depois trocamos uma roçadeira que tínhamos por um vaso e agora melhorou. Só temos que achar pontos de descarte que deixem nós despejarmos no banheiro”, disse.
“Sobre o banho, montamos nossa barraca de dormir que já tínhamos e tomamos banho nela. Roupa lavamos na mão ou quando conhecemos alguém a pessoa sempre oferece, daí aproveitamos e levamos as roupas pesadas e os forros de cama”, contou.
Kombi equipada com itens de casa.
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Apesar dos desafios e dificuldades diárias, Jucemar conta que o saldo é positivo e que a viagem tem transformado ele e a esposa como pessoas, além de ser um caminho para conseguir fazer novos amigos.
“Isso nos mudou como pessoas, a forma de olhar para cada um mudou e ver que viver um dia de cada vez realmente é mais gostoso do que viver pensando que teria só o final de semana ou que vou curtir três ou quatro dias após o fim de mês quando o salário cair na conta”, disse.
“Cada um tem um sonho e o nosso é viajar pelo mundo, conhecer culturas e pessoas. Tivemos bons momentos em Balneário Rincão (SC) onde conhecemos nossos amigos uruguaios, em Peruíbe (SP) e aqui em São José dos Campos (SP). Tá pra conhecermos um povo mais gostoso de conviver como o do interior de São Paulo. Gratidão é a palavra que nos define”, disse.
Após perder emprego para máquina, homem transforma kombi em casa e inicia jornada nômade com a família pelo país.
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Sem emprego, novas habilidades foram adquiridas pelo casal, que precisa diariamente conseguir o sustento de formas variadas, além de contar com a solidariedade de quem os conhece no caminho.
“Nós vendemos sorvete no litoral, aqui em São José estamos fazendo brigadeiro para vender e aprendemos a fazer artesanato. Contamos também com doações, tem muitas pessoas boas que nos apoiam. Por onde passamos, todos têm curiosidade, outros têm medo e outros estão loucos para cair na estrada também”, afirmou.
Família vende brigadeiros para sobreviver.
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Sem rotas definidas, mas com a certeza de que estão no caminho certo, o casal tenta aproveitar cada momento juntos, conhecer a fundo a cultura e os locais que visitam e sonham em futuramente ampliar o trajeto, estendendo a viagem com a kombi para a América Latina.
“Não temos metas de destinos nem rotas, o negócio é só conhecer um pouco de cada estado. Nosso sonho distante é ir para o Peru conhecer as montanhas coloridas e conhecer os paredões de gelo, mas isso é coisa para o futuro e ele só a Deus pertence”, disse.
Jucemar era cobrador de ônibus no Rio Grande do Sul.
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