Morto em ação da polícia em SP era usuário de drogas e vivia em situação de rua, diz pessoa ligada à vítima; versão de confronto é contestada


Jefferson é um dos 16 mortos em operação policial no Guarujá para encontrar os suspeitos de matar PM da Rota. Homem morto em ação da polícia em SP era dependente químico e vivia em situação de rua
Arquivo Pessoal
Um dos 16 mortos na operação policial em Guarujá, no litoral sul de São Paulo, Jefferson Junio Ramos Diogo, de 34 anos, era dependente químico e vivia em situação de rua, segundo uma pessoa próxima à vítima ouvida pelo g1 e que contesta a versão de confronto.
Jefferson foi baleado e morreu no último sábado (29). O corpo dele foi enterrado nesta quarta-feira (2) na Zona Norte de São José dos Campos, no interior de São Paulo.
Quem são os mortos na ação da polícia em Guarujá
Até agora, a Secretaria da Segurança Pública afirma que todas as mortes foram em confronto. Além disso, Jefferson era investigado por estelionato, em fraude por venda pela internet.
Uma pessoa próxima a Jefferson questiona a versão oficial sobre confronto e diz que o rapaz não tem passagem criminal. Ela alega que Jefferson vivia nas ruas, era dependente químico, e sacava dinheiro de uma conta vinculada a uma parente, que controlava tudo por meio de um aplicativo.
“Se for verificar, ele é o único entre os que morreram, que não tinha nenhuma passagem pela policia. Não tinha algo concreto. Eles apenas colocaram investigado. Sendo que ele não tem ficha de nada. Ou seja, pra mim e pra família dele eles colocaram investigado porque não iam colocar lá ‘matamos um inocente'”, disse.
A Rede Vanguarda acionou a SSP e aguarda retorno.
Policiamento em Guarujá (SP) foi reforçado durante ‘Operação Escudo’
Reprodução
SSP confirma 16 mortes
Dezesseis pessoas morreram desde o início da Operação Escudo, realizada na Baixada Santista, no litoral de São Paulo. A ação da polícia começou na última sexta-feira (28) após execução de um PM da equipe Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) durante patrulhamento.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP), todos os casos são investigados pela Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) de Santos e pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar (IPM).
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As mortes ocorrem desde a sexta-feira (28). A ouvidoria da PM alertou que está na região recebendo denúncias de excessos dos agentes envolvidos na Operação Escudo. As mortes também estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público.
A SSP disse que as imagens das câmeras corporais vão ser anexadas nos inquéritos e entregues ao Ministério Público, Poder Judiciário e a Corregedoria da PM.
Ao todo, 58 pessoas foram presas na Operação Escudo na Baixada Santista, entre os dias 28 de julho e 1 de agosto. Outros quatro adolescentes foram apreendidos por tráfico de drogas. Até esta terça-feira (1) a polícia apreendeu 385 quilos de entorpecentes e 18 armas, entre pistolas e fuzis.
Abusos
A ouvidoria das polícias afirma que continua recebendo denúncias de abusos e até de tortura por parte dos policiais.“Eu acredito que isso é muito anormal, atípico demais em uma região que o número de mortos ano por medida por morte decorrente de intervenção policial não ultrapassa no circo histórico 30. Então, o que está acontecendo não é normal”, disse o ouvidor Claudio Aparecido da Silva. Segundo ele, as denúncias estão sendo encaminhadas para a corregedoria da PM.
O ouvidor, a Ordem dos Advogados do Brasil, deputados estaduais e representantes de organizações de direitos humanos, entre elas a entidade internacional Human Rights Watch, se reuniram em São Paulo. O grupo quer cobrar mais transparência do governo e montar um mutirão para dar atendimento jurídico às pessoas da Baixada Santista.
Entenda o caso
O que se sabe sobre a morte de um policial da Rota em Guarujá e da Operação Escudo
O soldado Patrick Bastos Reis foi baleado enquanto fazia um patrulhamento na comunidade da Vila Júlia em Guarujá, na quinta-feira (27). A morte dele foi confirmada no mesmo dia. Além dele, um outro policial foi baleado na mão esquerda, encaminhado para o Hospital Santo Amaro e liberado.
Após o caso, a Polícia Militar iniciou a Operação Escudo, com o objetivo de capturar os criminosos responsáveis pela ação contra os agentes.
Erickson, também conhecido como ‘Deivinho’, foi capturado na Zona Sul de São Paulo, durante a noite do último domingo (30). Segundo informações da polícia, Erickson tem 28 anos, é solteiro e teria atirado em direção ao soldado da Rota de uma distância de mais de 50 metros.
Na segunda-feira (31), Erickson foi encaminhado ao Fórum de Santos, onde passou por audiência de custódia, que começou por volta das 10h. A Justiça definiu que a prisão temporária foi mantida por 30 dias.
Erickson David da Silva é um dos apontados como responsáveis pelos disparos contra o PM em Guarujá (SP).
Reprodução
Defesa
Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da TV Globo, o advogado do Wilton Felix disse que suspeito se diz inocente e estava na comunidade da Vila Zilda, em Guarujá, para comprar drogas. “Ele [Erickson] alega e atesta que não participou do evento morte. Na fatalidade, ele estava comprando droga, por fazer uso de entorpecentes, quando ouviu vários tiros e no pavor da situação, ele fugiu do local”, explicou Felix.
Ainda segundo o advogado, imagens do suspeito foram vinculadas como sendo o principal suspeito de ter realizado o disparo de ter matado o policial. “Ele ficou com receio e foi para outra cidade, sendo hoje (domingo), de livre e espontânea vontade, se integrou as autoridades, na Corregedoria da Polícia, mostrando que acredita que ele foi vítima de uma injustiça”, disse o advogado.
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